CORDEL PARAÍBA

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Bem-vindos, peguem carona/Na cadência do cordel,/Cujo dono conhecemos:/Não pertence a coronel./É propriedade do povo:/rico, pobre, velho, novo/deliciam-se deste mel./Rico, pobre, velho, novo/Deliciam-se neste mel.

(Manoel Belisario)



segunda-feira, 11 de abril de 2011

Cordelista acredita que novela global possa dar visibilidade ao segmento em Alagoas

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Por: Sidléia Vasconcelos em: alagoastempo.com.br

A nova novela global, “Cordel Encantado” - que vai ao ar a partir desta segunda-feira (11) às 18h -, traz a tona a discussão da Literatura de cordel, assunto pouco discutido e valorizado em Alagoas. Há mais de 35 anos a literatura de cordel que existia no estado, trazida de outras regiões, as pessoas desconheciam sobre o segmento. Aos poucos foram surgindo cordelistas e o tema foi sendo abordado, mesmo sem reconhecimento e valorização. Mas, com a exibição da novela os escritores acreditam que o cardel ganhará, pelo menos, um pouco do merecimento que deveria.
O cordelista Jorge Calheiros acredita que a novela global irá despertar mais o interesse das pessoas em conhecer a literatura de cordel. “Podemos vê que esse cenário mudou um pouco, se comparado com alguns anos atrás, porém, ainda não é o suficiente. Com a chegada do Cordel Encantado essa realidade tomará rumos diferentes; afinal sabemos o poder que a mídia, principalmente as novelas, tem sobre a mente das pessoas”, pondera.
O cordelista afirma que um dos fatores para a ‘não’ valorização do segmento no estado se dar nas escolas, tendo em vista que, os alunos não são estimulados a lerem a literatura de cordel. “A escola é o lugar ideal para as pessoas adquirirem essa prática, afinal, é lá que elas são instigadas a leitura, mas, infelizmente isso ainda não funciona da forma que deveria. Elas precisam entender o que é o cordel”, alega Jorge.
Há 37 anos Jorge escreve Cordel, e conta que começou a tomar gosto pela literatura, ao vê os cantadores de feira. A partir daí começei a me apaixonar e hoje coleciona 86 edições. “Escrevo temas variados desde humor à criticas política, essas são as mais vendida, a exemplo da “O encontro de Tancredo com São Pedro lá no Céu. Misturamos sempre a situação real com os acontecimentos do dia-a-dia”, explica.
Insatisfação
Apesar de já está começando a ganhar mais visibilidade, a Literatura de Cordel, hoje, ainda não tem o reconhecimento que merece, e isso, tem causado muita insatisfação em as escreve, como é o caso do seu Jorge. Ele revelou que por várias vezes já pensou em parar de escrever, quando lembra que seu trabalho não terá o reconhecido que deveria. “Às vezes dá vontade de parar, aqui os artístas não têm o reconhecimento do seu trabalho e, quando isso vem acontecer essas pessoas já morreram. Ninguém quer ser homenageado depois de morto. Eu, sou mais valorizados fora do estado, já recebi vários convites, enquanto aqui, nada”, expõe indignado.
Jorge faz um apelo para que um dia algum órgão do esatdo organize um concurso voltado para a literatura de cordel, para só assim, a sociedade tomar conheciemnto dos grandes artísticas que Alagoas possui. “Só desta forma podemos saber que temos cordelistas no estado e, desta forma analisar o trabalho de cada um. Não temos nada que nos estimule a continuar nessa prática”, pondera acrescentando que somente através de um concurso saberíamos quantos cordelistas o estado possui.
Literatura de Cordel
A literatura de cordel chegou ao Brasil com os colonizadores, instalando-se na Bahia e nos demais estados do Nordeste, onde encontrou um terreno produtivo. Por volta de 1750, apareceram os primeiros poetas populares que narravam sagas em versos, visto que a maioria desse povo, sequer sabia ler e as histórias eram decoradas e recitadas nas feiras ou nas praças. Às vezes, acompanhadas por música de violas. Portanto, surgiu também no Brasil, como literatura oral, característica fundamental da cultura popular.
Foram esses cantadores repentinos e itinerantes, os antecessores da literatura de cordel escrita. O fenômeno só despertou o interesse dos estudiosos letrados em fins do século 19, começo do século 20. O poeta paraibano Leandro Gomes de Barros é considerado por esses pesquisadores, o primeiro a imprimir e vender seus versos, por volta de 1890.
Novela promete aquecer vendas
Quem estão otimistas também com a chegada da novela, são os vendedores da literatura de cordel, que acreditam que a procura pelas histórias tendem a aumentar. Segundo a artesã Luana Kessia, a expectativa é que haja um incremento nas vendas. “Comecei a vender aqui no Guerreiro de Alagoas há pouco tempo, mas a procura foi muito pouca, a esperança é que com a novela as coisas mudem”, revela acrescentando que geralmente são os turistas que tem um interesse maior por assuntos da terra.
Já a artesã Maria Quitéria disse que sempre houve procura pelo cordel, de forma tímida, mas vez e outra aparecia turistas procurando. “É difícil alguém da terra comprar, um ou outro que compra, é mais as pessoas que vem de fora”, conta acrescentando que os mais vendidos são ‘O côrno pobre e o côrno rico’, “O encontro de Tancredo e São Pedro lá no céu’, ‘Mulher Feia’, dentre outros.
Cordel Encantado
A novela é uma fábula na qual estará presente a brasilidade do sertão, suas histórias com muitos heróis e todo o encantamento da realeza européia. Nesse cenário surge um romance entre uma princesa que não sabe sua verdadeira origem, pensa ser uma cabocla brejeira. Narrará sobre dois universos distintos: o encantamento da realeza europeia e as lendas heróicas do sertão brasileiro.
Grande parte da novela estará sendo filmada na Região do Baixo São Francisco, mais especificamente na região do cânion, que compreende ainda outros onze municípios do Sertão alagoano, todos dependentes do "Velho Chico". A região foi escolhida por sua inigualável beleza e encantos naturais. A primeira cena da novela foi gravada em território alagoano passado no município de Piranhas, mas, a principal locação de Cordel Encantado é a Região do Talhado, situada em Delmiro Gouveia. Olho D’Água do Casado também será outra locação. Todas localizadas em Alagoas; além da cenas gravadas no estado de Sergipe.

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