CORDEL PARAÍBA

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Bem-vindos, peguem carona/Na cadência do cordel,/Cujo dono conhecemos:/Não pertence a coronel./É propriedade do povo:/rico, pobre, velho, novo/deliciam-se deste mel./Rico, pobre, velho, novo/Deliciam-se neste mel.

(Manoel Belisario)



quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Um homem com a vida dedicada à literatura de cordel–Campo Maior–PI

Cordelista desde jovem, o senhor João Vicente conta com muito orgulho os prazeres e até mesmo as dificuldades e perseguições que passou na vida de fazer e vender os livretos de cordel, também conhecidos como “romances”.

          O senhor João Vicente da Silva nasceu no dia 09 de julho do ano de 1926 na cidade de Guarabira, na Paraíba. Conforme ele mesmo conta, ingressou na vida do cordelismo quando ainda era muito jovem, por volta do ano de 1944. O seu primeiro contato com o cordel se deu na feira de Guarabira quando encontrou um senhor vendendo os livretos e resolveu cantar algumas estrofes. Daí em diante seguiu sua vida escrevendo e vendendo cordel.
          No ano de 1949 João Vicente escreveu sua primeira obra. O livreto titulado “O bárbaro crime da Rua Apodi” foi baseado em fato real acontecido naquela época. Conforme descreve o autor, sua obra relatou um crime ocorrido em Natal, Rio Grande do Norte, onde um homem foi assassinado a mando de sua esposa. O crime foi encomendado pela mulher tendo como intermediário um sargento da Polícia Militar daquele estado. O motivo teria uma separação do casal não aceita pela mulher.
           João Vicente relata que a vida de cordelista até parece uma vida de fantasias, mas também já teve seu tempo “negro”. Tempo de perseguição onde muitos desistiram da profissão. “A gente era muito perseguido pela polícia. Aonde a gente chegava a polícia estava perseguindo pedindo dinheiro, se a gente não tinha eles não deixavam a gente trabalhar, se persistisse ia até preso”, lamenta seu João informando que foi uma das vítimas dessa perseguição por muitas vezes e que no ano de 1957 foi preso em Fortaleza, Ceará, porque estava vendendo os livretos e quando a polícia chegou ele não tinha faturado dinheiro para dá aos policiais.
           “Quem trabalhava com “romance” era muito perseguido. Só a partir de 1978, quando houve um encontro em Brasília – DF, que o cordelista passou a ser visto de outra forma”, informou.
Mesmo sem conseguir lembrar quanto folhetos escreveu, João Vicente não esquece de quais foram as sua principais obras. “Pra gente que faz todas elas são importantes. Toda tem o mesmo valor. Mas eu destaco os romances O povo nas trevas, O exemplo da moça que virou cobra, As profecias de Padre Cícero e os sermões de Frei Damião, O sacrifício do povo, mas existe muitas outras também de grande valia para a literatura de cordel”, afirma João Vicente.
             João Vicente chegou à cidade de Campo Maior no ano de 1952 onde se instalou e constituiu família, onde reside até o hoje.
“Quero que você escreva aí:
Só peço aos meus amigo
Que depois que eu morrer
Escrevam sobre o meu túmulo
Para todo mundo ler
João Vicente da Silva
Cantou para vencer, vencer!”

Fonte: Jornal Destak





quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

DO CORDÃO PARA UMA LITERATURA DE CORDEL

Fonte: ANUDI (Associação dos Nordestinos em Uberlândia)


 Por Thaís Medeiros
Barbantes esticados e livretes pendurados dão origem à uma literatura do Nordeste rica em rimas e versos, é o cordel, que ganhou este nome, pois, em Portugal, eram expostos ao povo amarrados em cordões, estendidos em pequenas lojas de mercados populares ou até mesmo nas ruas.
A chegada do cordel no Brasil ocorreu no início da colonização, através dos portugueses. Na segunda metade do século XIX começaram as impressões de folhetos brasileiros, com características próprias do país.
Os temas incluem desde fatos do cotidiano, episódios históricos, lendas, temas religiosos, entre muitos outros. As façanhas do cangaceiro Lampião (Virgulino Ferreira da Silva, 1900-1938) e o suicídio do presidente Getúlio Vargas (1883-1954) são alguns dos assuntos de cordéis que tiveram maior tiragem no passado. Não há limite para a criação de temas
dos folhetos. Praticamente todo e qualquer assunto pode virar cordel nas mãos de um poeta competente.
O estudante de História da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Cid Carlos, é um dos admiradores da literatura. Para ele, os cordéis multiplicam as histórias tanto na ficção quanto na realidade.
“Existe alguns historiadores que explicam o cordel a partir de um cenário brasileiro, como a guerra de Canudos que propiciou a história sobre Antônio Conselheiro que dá um tom heróico para a cultura nordestina de forma rimada e em versos nos cordéis”, afirmou Cid.
No Nordeste, a literatura de cordel é uma produção típica, sobretudo nos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Hoje também se faz presente em outros estados, como Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
A Feira da Gente, realizada todo domingo na praça Sérgio Pacheco em Uberlândia, é um dos locais na cidade em que encontra-se cordéis para comprar. Cid Carlos é um dos vendedores e afirma que muitas pessoas tem curiosidade em conhecer a obra literária.
“Públicos acadêmicos conhecem mais os cordéis do que as outras pessoas, porém muitas pessoas se surpreendem com a literatura rimada que pode ser encontrada na feira, na revistaria do aeroporto de Uberlândia e na internet, sendo uma oportunidade do pessoal conhecer um pouco da cultura nordestina através dos cordéis”, concluiu.
Um grande exemplo de cordelista é Seu Lunga, um personagem tão folclórico que ninguém acredita na sua existência real. Mas, ele existe. Natural de Juazeiro do Norte (CE), local aonde reside até hoje, é muito conhecido pela sua "delicadeza", dizem que ele é um sério candidato a Homem Mais Ignorante do Mundo pelo Guiness Book. Algumas histórias são verídicas, e outras são apenas piadas que fazem alusão a sua ignorância. Confira abaixo, um dos cordéis produzido por ele.
As proezas de Seu Lunga
Seu Lunga é cabra de bem
Porém é muito nervoso
Em perguntas idiotas
O homem perde o gozo
Das faculdades mentais
Vira o próprio satanás
Solta um palavrão trevoso.

Um belo carro de luxo
A famosa limosine
Chegou à concessionária
Tava exposta na vitrine
Lunga disse: --eu quero aquela
Dou até minha costela
Por aquela lamborguine.

O vendedor, à socapa,
Riu do momento bizarro
--Meu senhor, está enganado
Trocou o nome do carro
Lunga, bufando de raiva
Encorporou o Saraiva
Não adimitiu o sarro.

--Olhe aqui fi da broboinca
O automóvel é meu
Vou pagar com minha verba
Se entupa, seu fariseu
Dou o nome que eu quero
Joaquim, Chico ou Homero
Também ponho o de Romeu.

Uma semana depois
Lunga, no estacionamento
Foi saindo com o carro
Até passar por tormento
O alarme disparou
A polícia o abordou
Não teve nem argumento.

Era um carro igual ao dele
Não mudava nem a cor
O modelo, a capota
Pneu e radiador
Calota, marcha e breque
Iguais ao seu calhanbeque
Principalmente o motor.

Lunga tomou providência
Ali, no calor da hora
Pra não mais se confundir
Tirou da bota a espora
Riscou toda a pintura
Disse: --olhe que belezura
Quero ver trocar agora.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Cordelista João Firmino vai ser homenageado pela sua obra em SE

Fonte: G1 Sergipe

Homenagem póstuma será na Biblioteca Clodomir Silva em Aracaju.
Firmino morreu aos 73 anos no dia 1º de fevereiro.

Firmino Cabral era cordelista há mais de 50 anos (Foto: Setur / Divulgação)
Firmino Cabral era cordelista há mais de 50 anos
(Foto: Setur / Divulgação)
No dia 1º de fevereiro, a cultura sergipana perdeu uma de suas mais importantes referências na literatura de cordel. Aos 73 anos, faleceu, vítima da leucemia, o escritor João Firmino Cabral. O poeta dá nome à primeira cordelteca do Brasil, instalada na Biblioteca Municipal Clodomir Silva, uma das unidades da Secretaria Municipal de Cultura e Eventos (SMCE).
No dia 28 de fevereiro, a Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA), através da SMCE, realizará o Sarau Poético em Homenagem a João Firmino, a partir das 18h, na Biblioteca.
João Firmino deu início a sua carreira como cordelista ainda na adolescência, quando trabalhava na lavoura em Itabaiana, cidade natal de João.  Com o auxilio do poeta Manoel D'Almeida Filho, seu mestre, produziu o primeiro folheto, onde descrevia uma profecia de Padre Cícero em versos. Esse trabalho o levou a receber, em 2002, a medalha de Mérito Cultural Serigy, concedida pela PMA. Com a morte, o escritor deixa vaga também a cadeira de número 36, da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), que ocupava desde 2008.
A banca instalada no Mercado Municipal Antônio Franco, no Centro de Aracaju, era onde João Firmino comercializava seus livretos de cordel, sem deixar de incentivar e inclusive patrocinar a produção de outros cordelistas locais. O acervo de títulos postos a venda pelo poeta só não era superior, em número, ao conjunto de obras disponíveis para consulta na cordelteca que ele é patrono na Bliblioteca Clodomir Silva, o qual contribuiu também, escrevendo considerável parcela dos exemplares expostos.
Segundo a coordenadora de Extensão e Eventos da Clodomir Silva, Maria José, o poeta mantinha um estreito relacionamento com a Biblioteca. "Sua última visita foi em maio de 2012, participando como escritor convidado para uma oficina literária que reuniu professores e estudantes da rede pública de ensino. Foi uma perda muito grande para literatura de Sergipe, pois galgou seu espaço, com seus folhetos de cordel em sua banquinha. Nós da Biblioteca temos uma grande honra em ter a cordelteca com o nome dele, foi uma escolha magnífica", comenta.
A diretora da Biblioteca Clodomir Silva, Fátima Góes, fala sobre a homenagem do dia 28 deste mês. "Estamos reunindo amigos e admiradores de João Firmino, que são cordelistas, para um sarau poético, onde serão declamados versos do escritor. A família também foi convidada e de imediato aceitou comparecer a homenagem", revelou, convidando toda comunidade aracajuana para o evento.
Antônia Amorosa de Menezes, Coordenadora de Cultura da Secretaria Municipal de Cultura e Eventos (SMCE), visualiza no legado deixado pelo poeta um exemplo para as futuras gerações. "Com a perda de João Firmino renasce a importância de repensarmos novos projetos em favor da literatura de cordel, que façam surgir novos Joões Firminos", comenta Amorosa, que estuda um projeto que integre as Bibliotecas da Secretaria à rede municipal de ensino, a fim de incentivar a produção da literatura de cordel entre os estudantes.
A Cordelteca João Firmino Cabral foi criada em 2003 e possui mais de 500 títulos, escritos por cerca de 36 cordelistas sergipanos e de outros locais, como Alda Cruz, Eduardo Fiscina, Chiquinho de Além Mar, Agulão e Pedro Amaro. Todo acervo fica à disposição, para consulta, dos frequentadores da Biblioteca Municipal Clodomir Silva, localizada na rua Santa Catarina, nº 314, bairro Siqueira Campos.




domingo, 24 de fevereiro de 2013

Projeto da E.E. Clóvis Salgado é escolhido para encontro de capacitação da Magistra (São Sebastião do Paraíso–MG)



 
Trabalho sobre Literatura de cordel abordou personagens como Lampião e Maria Bonita
A Escola.Estadual Clóvis Salgado, de São Sebastião do Paraíso, teve projeto sobre Literatura de Cordel, desenvolvido pela professora Maria Odete Belém Ferreira, selecionado para participar do ‘Encontro para Professores para o Ensino do Uso da Biblioteca nas Escolas da Rede Pública do Estado de Minas Gerais”. O evento organizado pela Magistra (Escola de Desenvolvimento e Formação Profissional de Educadores), acontecerá a partir desta segunda-feira (18/02).
O objetivo do encontro é reunir professores para socializar, dar visibilidade e trocar experiências das práticas desenvolvidas junto às bibliotecas escolares. Foram selecionados 160 projetos ligados à promoção da parceria entre biblioteca e sala de aula envolvendo, por exemplo, laboratórios de informática, sala de multimeios e brinquedoteca. Iniciativas voltadas para temas transversais ligados à vulnerabilidade social, atuação cidadã, meio ambiente, sexualidade, política, cidadania e práticas inclusivas na escola e na sala de aula também foram selecionados. A outra modalidade de projetos está ligada as ações de escolas voltadas para o desenvolvimento cultural por meio do teatro, da literatura, da poesia e da música.
Entre os dias 18 e 22 de fevereiro, educadores de escolas da rede estadual de ensino estarão envolvidos nas diferentes atividades do projeto. Os professores selecionados participarão do ‘Encontro para Professores para o Ensino do Uso da Biblioteca nas Escolas da Rede Pública do Estado de Minas Gerais’ do projeto “Bibliotecas Escolares: Compartilhando experiências de conhecimento e de aprendizagem”. A metodologia do encontro viabilizará o diálogo entre os pares, o compartilhamento de conhecimentos adquiridos nos percursos profissionais e a promoção de mecanismos de colaboração e atuação em rede.
Para Regina Benassi, diretora da E.E. Clóvis Salgado a notícia de que o projeto Literatura de Cordel foi um dos 160 selecionados em toda Minas Gerais para participar da capacitação foi recebido com muita satisfação. “Ficamos surpresos, pois foi uma indicação da própria Superintendência Regional de Ensino que vem coroar todo o empenho e dedicação dos nossos professores, dos alunos, enfim a escola toda está muito feliz”, comenta. O trabalho foi idealizado pela professora que atua na biblioteca Maria Odete Belém, que depois foi repassado para outras colegas e por elas desenvolvido conjuntamente.
Conforme a professora Linea Moretti Mattoso Pinheiro, que leciona Conhecimento das Artes, da Cultura e da Linguística, “foi uma atividade prazerosa de ser desenvolvida, mesmo com os alunos não tendo muita familiaridade, com o assunto, mas eles assimilaram muito bem”, avalia. A professora Maria Odete passou como que funciona a sextilha, a quadra, poemas e repentes. “O resultado foi muito bonito com a apresentação que foi feita no nosso teatro para toda a escola e a comunidade através da dança do carimbo e do cangaço, com representações de Maria Bonita e Lampião”, acrescenta. Também participa do projeto a professora Elaine Maria Novaes Nasser, que leciona Metodologia da Aprendizagem e Prática de Língua Portuguesa, Alfabetização, História e Geografia.
Neste domingo as professoras Linea Mattoso e Margareth Bertolini Fiori, que representará Maria Odete Belém, seguirão viagem para participarem da capacitação. O encontro, que será realizado no Hotel Fazenda Canto da Siriema, em Jaboticatubas, contará com mesas redondas com pesquisadores convidados, apresentação dos trabalhos selecionados, além de minicursos e oficinas ministradas por especialistas na área. O evento é promovido pela Magistra - Escola de Desenvolvimento e Formação Profissional de Educadores -, em comemoração ao aniversário de um ano da escola.
Colhido na seguinte fonte:: Jornal do Sudoeste






sábado, 23 de fevereiro de 2013

Escritor recifense dissemina literatura de cordel pelo Brasil


Disseminar a importância da literatura de cordel e facilitar o seu acesso entre a população. Esse é o objetivo do projeto “Socializando a Leitura”, iniciado há três anos pelo cordelista recifense Ivaldo Batista. Durante esse período, o escritor já visitou praticamente todas as regiões do Brasil, distribuindo seus livretos para instituições públicas nas cidades em que visita.
“Costumam me chamar de ‘Missionário do Cordel’. A tecnologia tem sufocado o que é do passado, e o cordel é o jornal do passado, por isso não devemos deixar essa cultura morrer”, conta Ivaldo Batista, que em Mossoró doou cerca de 40 cordéis, todos de sua autoria, para a Biblioteca Municipal Ney Pontes Duarte, e também fez doações para o Museu Histórico Lauro da Escóssia.
Ao longo dos últimos anos, durante suas viagens pelo Brasil, Ivaldo Batista tem acumulado diversas histórias, e relatos interessantes por onde passa. Segundo o escritor, há localidades, por exemplo, que nem mesmo a população tem conhecimento a respeito da existência de instituições como a Biblioteca Municipal.
“Há cidades em que eu chego e pergunto onde fica a Biblioteca, e o morador diz que ali não tem esse equipamento cultural, e eu afirmo que existe sim, já que antes de me dirigir a algum município, eu faço uma pesquisa prévia dos locais em que devo fazer a entrega dos cordéis”, conta o cordelista, que ainda não visitou as regiões Norte e Sul do Brasil, e que após 29 anos retornou a Mossoró.
Ivaldo Batista revela que a receptividade ao projeto tem sido bastante satisfatória, o que o incentiva a continuar desenvolvendo a iniciativa. “Tem lugares que visito ainda muito carentes desse tipo de literatura, como o Espírito Santo, que não possui uma Cordelteca, assim como muitas outras cidades”, complementa o escritor.
Autor de mais de 40 títulos, Ivaldo Batista escreve sobre tudo um pouco. Em seus cordéis é possível acompanhar histórias que envolvem desde temáticas sociais, como o bullyng, drogas, até aspectos históricos de cidades como Paris e Exu, no sertão pernambucano. “Você pode conhecer o lugar sem sair de casa nesse projeto que denomino Minha Cidade”, pontua o escritor, que começou a escrever cordéis de forma despretensiosa.
Além do “Socializando a Leitura”, o cordelista também promove trabalhos utilizando a literatura popular em escolas do Recife. “Esse ano iremos trabalhar com 300 alunos, que terão a oportunidade de produzir um cordel, e apresentá-lo em um grande evento. No ano passado os alunos aprenderam a fazer desde o desenho da capa até a construção das estrofes, versos, rima, oração, e métrica. Agora é hora de colocar em prática esse conhecimento”, diz.
Entre os projetos do idealizador da turnê brasileira do cordel para 2013, está o lançamento do título “Meio século de vida”, que será apresentado durante a Bienal Internacional do Livro, em Recife, no final do ano. “A obra reúne 50 cordeis escritos por mim ao longo dos meus 50 anos de vida”, conclui Ivaldo Batista.
(Jornal O Mossoroense Via Luz de Fifó)

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

LITERATURA DE CORDEL MONTEMORENSE (SP) É DOADA PARA MUSEU

Publicado em Sexta, 15 Fevereiro 2013 20:24

Uma literatura diferenciada e genuinamente nacional. É assim que a literatura de cordel é conhecida nos quatro cantos do Brasil. Em Monte Mor, a grande maioria das pessoas desconhece a existência de um escritor de cordel no município. Por meio desta literatura, Antonio Eloy Lobo, o “Nego Lobo”, escreveu uma série de quatro volumes de cordéis intitulados “Água Choca”, editados há mais de dez anos.
Esse precioso acervo, que conta um pouco da história da cidade e de seus antigos moradores, a partir de agora, pode ser conferido pelos moradores de Monte Mor. Nego Lobo, ao ler uma notícia sobre doações de peças antigas e livros para o Museu Municipal “Elisabeth Aythai”, não pensou duas vezes. Foi até o museu e doou os volumes 2, 3 e 4 da sua coleção de cordéis “Água Choca”.
Para a encarregada do museu, Zilda Rangel, receber a doação de literatura de cordel e que conta particularidades da história de Monte Mor é motivo de muita satisfação. “O museu preserva boa parte da história da nossa cidade e ter esses livros com literatura de cordel, além de enriquecer o nosso acervo, contribuirá para que a memória seja compartilhada entre as pessoas”, comentou Zilda.
Uma das publicações conta um pouco a história da Rua Capitão Aguirre. Nela, o escritor detalha as características do local, retratada por ele como “via estreita de uma só mão”, e conta “causos” de moradores com a linguagem característica de cordel. Em seu texto, Nego Lobo faz citações a Cristiano Tameio, Hage do Armazém, Henrique Albrecht, entre outros antigos moradores.
Os livros doados serão catalogados e nos próximos dias estarão à disposição dos frequentadores do museu, que fica localizado na Rua Siquera Campos, 196, Centro. Mais informações pelo telefone (19) 3879-2174.
Bebido da fonte na sombra oiticica de Prefeitura de Monte Mor

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

SECA E FALTA DE VERGONHA

(De Dalinha Catunda - Via email)
Olá amigos,
Bom dia!!!
Segue mais um de meus poemas com foto.
As fotos são do meu açude em Ipueiras- CE
Meu abraço e meu muito obrigada a todos
Dalinha




*
Estou esperando a chuva
Porém a chuva não vem
Meu açude já secou
E o meu riacho também
Sem chuva no meu sertão,
É triste a situação
Felicidade não tem.
*
A passarada sumiu
A jurema já murchou
Onde a água escorria
Hoje é só chão que rachou
Perante tanta quentura,
Acabou-se a fartura
Meu sertão esturricou.
*
E se Deus não der um jeito
Eu não sei o que será
Pois mais uma vez padece
O meu pobre Ceará
Agora só muita fé
E apelar pra São José
Que é padroeiro de lá.
*
O subsolo é bem rico
É só explorar o chão
O que falta é vergonha
Nos mandantes da nação
Estes seres abjetos
Que ignoram projetos
Para irrigar o sertão.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

NORDESTE UNIVERSAL (Melhor reportagem sobre o II Enc Nord de Cordel)


Por Augusto Berto

Nos últimos dias 13, 14 e 15 ocorreu o II Encontro Nordestino de Cordel em Brasília, no Espaço cultural da Caixa Econômica. No encontro, escritores da literatura de cordel, repentistas e outros representantes da cultura nordestina se juntaram a autoridades governamentais para discutir o futuro do cordel e melhores condições de trabalho para os artistas.
Em 2009, ocorreu a primeira edição do encontro nordestino em Brasília. Nele, cordelistas entregaram ao então presidente Luís Inácio Lula da Silva uma carta que visava o crescimento e fortalecimento da literatura de cordel e das expressões semelhantes, como o repente no país (ver quadro abaixo). Nesta segunda edição, os artistas voltaram a se reunir para discutir quais medidas deram certo, e quais avanços ainda precisam alcançar.
A conquista mais importante até agora foi a aprovação da lei 12.198, que profissionalizou escritores da literatura de cordel, violeiros improvisadores, emboladores de coco, poetas repentistas e contadores de causos da cultura popular. A Lei encaixou esses artistas em uma mesma categoria, mesmo que eles atuem de diferentes formas: o repetinsta é o poeta do improviso acompanhado de uma viola; o embolador improvisa com um pandeiro, e normalmente insulta um ou mais emboleiros através da música; o violeiro declama um poema em companhia da viola; o cordelista escreve e recita os versos de uma história de cordel.
O projeto de Lei esperou por 25 anos, até ser aprovado em 2010. “Agora a pessoa pode ter a carteira assinada como repentista. É uma profissão como qualquer outra. Cria-se a profissão que existia de fato, mas não de direito”, afirmou o cordelista e ex-secretário de Cultura do Rio Grande do Norte, Crispiniano Neto. Francisco Joseirton, ou Jotinha, é embolador de coco e ratifica a importância da lei: “Antigamente, o repentista cantava e passava com chapéu para o povo colocar dinheiro. Hoje, faz show mesmo, contratado”.

                                Pedro Silva
                                   Apresentação dos emboladores de coco, Jota, Jotinha e Jotão

Neste segundo encontro, os escritores de cordel e repentistas querem alcançar novas garantias para a categoria. Direitos previdenciários e trabalhistas são as principais metas. “Tivemos reuniões com o Ministério da Previdência, mas chegaram à conclusão que os poetas já estão contemplados nos modos que já existem”, afirma Neto. Outra alternativa seriam bolsas de R$ 500 a R$ 700 para manter os artistas de cordel. Para tanto, a justificativa dos cordelistas é que eles contribuem diferenciadamente para a sociedade com cultura popular.
O outro grande projeto que já está em andamento é o reconhecimento do cordel como patrimônio cultural e imaterial brasileiro. Luciana Borges Luz, coordenadora de registro da sede do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPHAN), explica que para entrar nessa categoria, o objeto deve ser referência para uma sociedade, se adaptando ao tempo para continuar existindo. Para tornar o cordel um patrimônio brasileiro, os artistas deverão reunir vasta documentação para convencer os analistas do IPHAN da importância daquela literatura para a sociedade como um todo.
O reconhecimento como patrimônio cultural traria à literatura de cordel possibilidades de investimento por meio de deduções do imposto de renda. “Quando uma empresa ou cidadão fizesse um patrocínio para qualquer evento de cordel ou repente, como CD’s ou livros, ele poderá deduzir integralmente aquele valor no imposto de renda”, afirma o ex-secretário de Cultura no Rio Grande do Norte. Mas os artistas garantem que, além do incentivo financeiro, o cordel tem que ser levado às escolas. Nos últimos anos, a literatura de cordel entrou na lista de livros adquiridos pelo Ministério da Educação para serem distribuídos nas escolas em todo o Brasil. “Estamos negociando com secretários, prefeituras. Queremos fazer uma ‘cordelteca’ em cada biblioteca pública no Brasil”, concluiu Crispiniano Neto.
Segue abaixo a situação das metas dos cordelistas


Fonte: Campus Fac Unb


I Festival de Literatura de Cordel [UFRN]

Pescado de Biblioteconomia e mais um pouco

Olá!

O post de hoje é sobre o I Fertival de Literatura de Cordel dos alunos de Biblioteconomia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), realizado pelo Centro Acadêmico Zila Zamede (CAZMA) em parceria com a Biblioteca Central Zila Zamede (BZCM) e com Departamento de Ciências da Informação (DECIN), evento que acontece dia 12 de Março, dia do bibliotecário.

A escolha da data foi bem sugestiva para que os alunos do curso possam fazer uma espécie de repositório, ou seja, é um evento que tem como objetivo o registro da produção intelectual, no caso cordéis com temática livre feitos em grupo ou individualmente e na quantidade que os alunos desejarem.

cordel

Foto: Educar com cordel

Ao que se sabe o evento terá duas etapas, sendo que a primeira consiste no envio das produções para serem selecionadas e então escolhidas somente três; e a segunda etapa já apresentará um tema, porém este ainda não foi definido.

As incrições podem ser feitas através do email e.cazma@gmail.com, contendo o nome e período de curso, além de poder anexar os trabalhos.
Se desejar mais informações o CAZMA também tem um blog, que vocês podem acessar clicando
aqui .

Ainda não estamos no mês do bibliotecário mas as atividades já estão sendo organizadas e divulgadas. E ainda que você não possa participar e nem acompanhar de perto é interessante saber o que acontece para, quem sabe, organizar uma atividade interessante na sua cidade que valorize e relembre a cultura local.

Espero que tenham gostado :)

Literatura de cordel faz sucesso em Belo Horizonte

 

Tradição nordestina encontra novos leitores nas grandes cidades; na capital mineira, os livretos estão fazendo o maior sucesso, garante o escritor Olegário Alfredo

Carlos Herculano Lopes - EM Cultura Publicação:18/02/2013 08:04;

Fonte “Divirta-se”

Acompanhados de xilografias, versos em em estrofes de 10, 8 e 6 versos remontam ao século 16 (Costa Leite/Editora Crisálida)

Acompanhados de xilografias, versos em em estrofes de 10, 8 e 6 versos remontam ao século 16 ainda muito popular no Nordeste, onde chegou com os colonizadores portugueses e encontrou campo fértil para se expandir devido à variedade de assuntos, a literatura de cordel começou a ganhar força em Belo Horizonte de uns tempos para cá. Um dos responsáveis por isso é o escritor Olegário Alfredo, o

Autor de dezenas de livretos, que versam sobre temas diversos, ele coordenou recentemente, para a Editora Crisálida, com apoio do Ministério da Cultura, o lançamento de seis clássicos do gênero: 'A chegada de Lampião no inferno', de José Pacheco; 'A vida de Pedro Cem', 'A peleja de Manoel Riachão com o diabo' e 'O cavalo que defecava dinheiro', de Leandro Gomes de Barros; 'Romance do Pavão Misterioso', de José Camelo de Melo Resende; e 'As proezas de João Grilo', de João Ferreira de Lima.

Curiosidade

Mineiro de Teófilo Otoni, onde começou a se interessar pelo cordel ainda na adolescência, depois de conhecer poetas nordestinos que viviam por lá, Olegário conta que o processo de seleção desses seis primeiros volumes se deu devido à grande procura dos leitores. “Em todos os lugares onde ia fazer palestras e lançar meus trabalhos, as pessoas perguntavam por esses cordéis famosos, e falavam da dificuldade de encontrá-los. Daí surgiu a ideia de lança-los aqui em Minas”, diz o escritor, que é membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, com sede no Rio de Janeiro.
Além de ter coordenado o lançamento desses clássicos, em parceria com o poeta Ricardo Bahia Rachid, Olegário Alfredo publicou a série Cordel para crianças. “São 10 textos educativos, nos quais falamos de temas diversos como ecologia, medicina, fauna e flora, capoeira, geografia, e outros”, explica o autor. “Eles estão sendo muito bem recebidos nas escolas, inclusive na Zona Sul.”

Olegário Alfredo coordenou a publicação de seis clássicos do gênero para a Editora Crisálida. Entre os últimos trabalhos de Olegário estão cordéis escritos em homenagem aos 100 anos de nascimento de Jorge Amado e Luiz Gonzaga e sobre a cantora Clara Nunes, além da coordenação do cordel 'A porca de privada', escrito em 1950 pelos mineiros João Júlio de Oliveira e Sebastião Gonçalo de Oliveira. Olegário está terminando também um livreto no qual fala dos antigos cinemas de Belo Horizonte, com previsão de lançamento para Olegário Alfredo coordenou a publicação de seis clássicos do gênero para a Editora Crisálida (Juarez Rodrigues/EM/D.A Press-15/2/13)breve.
Em relação aos clássicos, o escritor diz que a intenção é lançar vários outros, assim que conseguir mais patrocínios. Em Belo Horizonte, os cordéis podem ser encontrados em bancas do Mercado Central (Av. Augusto de Lima, 744), nas livrarias Crisálida (Rua da Bahia, 1.148/sobreloja 63) e Amadeu (Rua dos Tamoios, 748) e na Borrachalioteca (Praça Paulo de Souza Lima, 22, em Sabará)

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TRADIÇÃO
Também conhecido como folheto, o cordel é um gênero literário popular escrito frequentemente na forma rimada, originado de relatos orais e depois impresso em folhetos. Remonta ao século 16, mas o nome tem origem na forma como tradicionalmente eram expostos para venda, pendurados em cordas, cordéis ou barbantes. Alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, também usadas nas capas. As estrofes mais comuns são as de 10, oito ou seis versos.

Confira reprodução de um dos cordéis de José Pacheco, editado por Mestre Gaio:

A chegada de Lampião no inferno

Um cabra de Lampião
Por nome Pilão Deitado
Que morreu numa trincheira
Em certo tempo passado
Agora pelo sertão
Anda correndo visão
Fazendo mal-assombrado


E foi quem trouxe a notícia
Que viu Lampião chegar
O inferno nesse dia
Faltou pouco pra virar
Incendiou-se o mercado
Morreu tanto cão queimado
Que faz pena até contar


Morreu a mãe de Canguinha
O pai de Forrobodó
Três netos de Parafuso
Um cão chamado Cotó
Escapuliu boca Ensossa
E uma moleca moça
Quase queimava o “totó”


Morreram 100 negros velhos
Que não trabalhavam mais
Um cão chamado Trás-cá
Vira-volta e Capataz
Tromba Suja e Goteira
Cunhado de Satanás


Morreu o cão Parafuso
Cão Farrapo e Cão Perigo
A nêga chupa tutano
Que é irmã do inimigo
Morreu o cão Vira-Mundo
Que vem a ser primo segundo
Da mãe de Calor de Figo


Vamos tratar da chegada
Quando Lampião bateu
Um moleque ainda moço
Na porta apareceu
_Quem é você, cavalheiro?
_Moleque eu sou cangaceiro...!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Tudo pronto para o 1° Encontro de Educação e Cordel de Petrolina

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Via Facebook “Encontro de Cantadores”

Oficinas, bate papo, exposição de artes, lançamento de livros e apresentações culturais com artistas, a exemplo de Xangai, João Sereno, Chico Pedrosa e Maciel Melo. Já está tudo pronto para o 1° Encontro de Educação e Cordel de Petrolina, que acontece de 4 a 14 de março nas escolas estaduais do município e no Sesc Petrolina.
Realizado pela Entre Versos e Canções e o Sesc Petrolina, com apoio da GRE e a chancela do Ministério da Cultura na programação dos Micro Projetos do São Francisco, o Encontro começa nas escolas com as oficinas de cordel e construção poética para alunos e professores no período de 4 a 8 de março. Nos dias de 11 a 13 pela manhã, será a vez dos alunos da EJA do Sesc receberem as oficinas nas dependências do próprio Sesc.
Segundo o coordenador do I Encontro de Educação e Cordel de Petrolina, o poeta e cantador Maviael Melo as inscrições serão abertas a partir do dia 20 e podem ser feitas na GRE, no Sesc e também através do email: poetamavi@yahoo.com.br. As oficinas vão trabalhar com a linguagem do cordel abordando temas, a exemplo do meio ambiente, sexualidade, violência e política. “Toda a produção das oficinas (das escolas e do SESC) serão editadas para uma posterior publicação de um livro, previsto na proposta do Ministério da Cultura, a ser lançado em data ainda a definir”.
A programação do Encontro prossegue no dia 13 às 19h, no Sesc com a abertura da exposição de xilogravura – O Sertão de Euclides da Cunha, de Gabriel Arcanjo. Será montado também um espaço para mostra de alguns cordéis produzidos nas oficinas e para o lançamento de alguns livros de poetas da região. E às 21h, o público poderá conferir uma verdadeira cantoria com Marcone Melo, Celo Costa, Xangai e a participação especial do poeta Chico Pedrosa.
No dia 14 – Dia Nacional da Poesia e aniversário de Chico Pedrosa, o movimento começa logo às 14h, com um bate papo sobre Educação, Cultura, Cordel e Cidadania, tendo como debatedores os professores Genivaldo Nascimento e Josemar Pinzoh. “Os debatedores vão falar do cordel não somente como literatura popular, mas como elemento pedagógico de reflexão, trabalho e como incentivo à leitura e na construção do individuo (aluno), como ator de sua própria história”, adiantou o coordenador do Encontro. Na seqüência, os poetas e cantadores Maviael Melo e João Sereno encerram o Encontro fazendo uma apresentação cultural com a participação especial do “Caboclo Sonhador” Maciel Melo.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

II ENCONTRO NORDESTINO DE CORDEL EM BRASÍLIA

Registro fotográfico do evento ocorrido entre os dias 13 e 15 de fevereiro de 2013– Por Manoel Belizario

13/02/13 (ABERTURA)

ABERTURA SOLENE às 19h com representantes do cordel e do repente e órgãos governamentais;
Apresentações culturais: Dilson Tavares (humorista e declamador), Geraldo Amâncio e Josival Viana (repentistas) e Socorro Lira - Quarteto (música regional).

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              (Abertura)                                                           (Declamador Dilson Tavares)

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Cantadores Geraldo Amâncio e Josival Viana                          (Show de Socorro Lira)

14/02/13
Temas (manhã): "Acompanhamento das pautas de reivindicações do I encontro" e " O Espaço da Poesia Popular Nordestina na Mídia e Repente como Patrimônio Imaterial". Palestrantes: Geraldo Amâncio (poeta repentista ) de Fortaleza /CE) Crispiniano Neto (poeta cordelista) de Mossoró /RN, Moreira De Acopiara Moreira (poeta cordelista) de São Paulo, João Santana (repentista de Brasília DF), João Miguel - professor antrópologo e pesquisador da Univ. Fed. do Piauí. Apresentação cultural: João Santana e Valdenor de Almeida (repentistas);


Temas (tarde): "Direitos Previdenciários": como ter acesso aos benefícios da Previdência Social pós regulamentação da categoria. Profissionalização na prática - Legalização do artista popular: Direitos, obrigações, tributos, etc.
Palestrantes: Crispiniano Neto - Poeta cordelista Mossoró RN, Antonio Lisboa - Poeta repentista de Recife/PE, Luis Gonzaga (advogado), Maria dos Santos Alves (Ministério da previdência). Mediadora: Lucinda Marques do IMEPH;
Apresentações culturais: Antonio Francisco (cordelista); Lília Diniz (declamadora); Ismael Pereira e Ivanildo Vila Nova (repentistas); Jota, Jotinha e Jotão (Trio de emboladores de coco).

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     (Mesa manhã)                                                (Emboladores à direita)

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   (Poetas repentistas João Santana                   (Poeta cordelista Antonio Francisco)

    e Valdenor de Almeida)

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   (Declamadora Lília Diniz)                                 (Poetas repentistas Ivanildo Vilanova e Ismael   

                                                                          Pereira)

Temas (manhã): CRIAÇÃO DE SINDICATO PARA O REPENTE E O CORDEL
Palestrantes: Chico Repentista (Brasília /DF); Crispiniano Neto (cordelista de Mossoró/RN); Pedro Costa (repentista de Teresina PI); Mediador: Donzílio Luiz (Poeta repentista e escritor de Brasília/DF)
A POESIA E A XILOGRAVURA COMO NEGÓCIO: Agregação de valor: livro, CD, DVD, camiseta, cartaz, bolsa, sandália, etc. "Mercadorias" - Derivados da Poesia e da Xilogravura (Quem produz? Quem compra? Quem lucra?) Produçaõ de eventos e contratos.
Palestrantes: Gonçalo Ferreira - Poeta, cordelista e presidente da ABLC Academia Brasileira de Literatura de Cordel do Rio de Janeiro e Manoel Belizario Cordelista - Poeta cordelista e professor de João Pessoa PB; Mediador: Antonio Francisco - Poeta Cordelista de Mossoró/RN;
PRODUÇÃO EDITORIAL DE CORDEL
Palestrante: Marco Haurélio - Poeta cordelista, editor, professor e pesquisador da literatura de cordel.
Apresentação cultural de Geraldo Amâncio e Ismael Pereira (repentistas):

Tema (tarde): REPENTE E CORDEL NAS ESCOLAS
Experiências de projetos já realizados e perspectivas para o futuro
Palestrantes: Chico de Assis - Poeta repentista e cordelista de Brasília/DF; Arievaldo Viana - Poeta, cordelista de Fortaleza, CE e Aldaci França - Poeta cordelista e professor de Mossoró/RN; Marcos Medeiros - poeta cordelista de Natal/RN
OFICINA DE LITERATURA DE CORDEL
Oficineiros: Arievaldo Viana e Crispiniano Neto;
Apresentações culturais: Edmilson Ferreira e Antonio Lisboa (repentistas) e Chico César (cantor).

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                  (1ª Mesa manhã)                                              (2ª mesa manhã)

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      (Mesa tarde)                                           (Cantadores Edmilson Ferreira e Antonio Lisboa)

domingo, 17 de fevereiro de 2013

II Encontro Nordestino de Cordel em Brasília

Por Manoel Belizario

Entre os dias 13 e 15 de fevereiro de 2013 ocorreu em Brasília o 2º Encontro Nordestino de Cordel. O encontro discutiu o cenário pós-lei 12198/2010 que cria a profissão de repentista, pauta atendida pelo ex-presidente Lula a partir de reivindicações da categoria ocorridas no primeiro encontro de cordel realizado em 2009. Vejamos um trecho da lei:

Dispõe sobre o exercício da profissão de Repentista

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Fica reconhecida a atividade de Repentista como profissão artística.

Art. 2o Repentista é o profissional que utiliza o improviso rimado como meio de expressão artística cantada, falada ou escrita, compondo de imediato ou recolhendo composições de origem anônima ou da tradição popular.

Art. 3o Consideram-se repentistas, além de outros que as entidades de classe possam reconhecer, os seguintes profissionais:

I - cantadores e violeiros improvisadores;

II - os emboladores e cantadores de Coco;

III - poetas repentistas e os contadores e declamadores de causos da cultura popular;

IV - escritores da literatura de cordel. (ver texto integral aqui)

 

A lei motivou os repentistas a discutirem a situação da profissão no país. Para tanto, o encontro seguiu as seguintes pautas de discussão:

Acompanhamento das reivindicações do I encontro;

O espaço da poesia popular nordestina na mídia e repente e cordel como patrimônio imaterial;

Direitos previdenciários;

Criação de sindicato para o repente e o cordel;

A poesia e a xilogravura como negócio;

Repente e cordel nas escolas;

Oficina de literatura de cordel.

O ponto de pauta relativo à criação do sindicato tinha duas propostas: a criação de sindicatos estaduais ou de um sindicato nacional. Foi eleita a segunda proposta com a perspectiva de que o sindicato nacional possa auxiliar na criação dos sindicatos estaduais. Foi designada uma comissão de doze repentistas entre cantadores e violeiros, emboladores, cantadores de coco, declamadores e cordelistas para organizarem a criação do sindicato nacional.

O evento  foi patrocinado pela Caixa Cultural e teve como produtora executiva Marta Cristina; a coordenação do poeta Chico de Assis e o poeta Crispiniano Neto como curador.

No correr desta semana,postaremos fotos de vários momentos do encontro.

Para repentista, lei que regulamenta a profissão ainda é pouco conhecida

Já foram discutidas possibilidades de contribuição previdenciária para a categoria.

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Brasília – A maioria dos repentistas ainda não conhece a lei que regulamentou a profissão dessa categoria de cantadores no país. No segundo dia do Encontro Nordestino de Cordel, em Brasília, o repentista Antônio Lisboa Filho disse que são poucos os colegas que têm conhecimento da Lei 12.198/2010.

“A lei não chegou a 5% da profissão, dos cantadores, dos cordelistas”. Para ele, é preciso uma divulgação maciça entre esses artistas. “Entendo que grande maioria dos repentistas e cordelistas está desinformada do que ocorreu e do que está por vir. O que precisa ser feito é uma grande divulgação. Que se utilize a mídia da cantoria para isso. São muitos programas de rádio, jornal e TV, além de associações e federações”, disse.

O evento de ontem (14) também foi marcado pelo debate previdenciário. A mesa teve a participação do advogado Luis Gonzaga de Araújo e de Maria Santos Alves, técnica do Ministério da Previdência Social. Ambos tiraram dúvidas sobre o assunto. A plateia, composta de cordelistas, emboladores de coco, repentistas e declamadores, fizeram perguntas sobre como poderia ser feita a aposentadoria para os repentistas.

Foram discutidas possibilidades de contribuição previdenciária para a categoria. Maria Santos Alves destacou o Artigo 37 da Lei Geral da Copa, criada em 2012, que concede aposentadoria para jogadores de futebol campeões de copas do Mundo. “Esse é um tipo de aposentadoria na qual não há contrapartida. O dinheiro sairá do Orçamento da União. Talvez vocês possam trilhar um caminho semelhante, por conta do valor cultural de suas obras”, declarou.

O cordelista Lisboa Filho considerou o debate positivo, pois esclareceu algumas dúvidas da classe sobre os seus direitos. “Eu acho que foi dada uma luz. Com as informações da mesa podemos também criar algumas comissões de encaminhamento. Estamos criando também um sindicato para nos fortalecer nesse sentido. Vamos discutir para ver o melhor caminho. Mas acredito que foram dadas informações interessantes”.

Ele entende que já existe um caminho a ser seguido pelos profissionais repentistas, mesmo antes de uma solução final. “Talvez uma saída viável seja ver uma forma, dentro das condições da categoria, de começar a pagar, para ir garantindo tempo de Previdência. E, paralelamente, se lute por essas conquistas, quem sabe até a isenção. Mas enquanto isso, o artista já vai garantindo o direito.

O cordelista Antônio Francisco disse que está em Brasília para tirar dúvidas e apresentar sua arte no encontro. Com 63 anos de idade, sendo 17 como cordelista, Francisco revelou que a arte do cordel lhe foi passada pelos os mais antigos. “Eu tive o privilégio de toda noite, em minha casa, as pessoas lerem cordéis. Clássicos, como Pavão Misterioso e A Louca do Jardim. Cresci aprendendo os cordéis; e também morei perto de cantadores de viola. Comecei escrevendo por hobby, mas deu certo. E é assim que a gente aprende. Alguém passou pra mim e eu vou passar para outro”, ressaltou.

Antônio Francisco, que ocupa a Cadeira 15 da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, avalia que a sua arte está crescendo e se adaptando aos novos tempos. “O cordel passou um tempo escondido. Talvez numa academia, melhorando seu português e sua filosofia. Para correr ombro a ombro com a tecnologia”.

Fonte: Portal d24am

Encontro de Cordel reúne escritores, xilógrafos e cantadores em Brasília

15 de Fevereiro de 2013 - 19h24

Cordel

Escritores, xilógrafos e cantadores encerraram em Brasília, nesta sexta-feira (15) o 2º Encontro Nordestino de Cordel. Os principais objetivos do evento foram o reconhecimento da literatura popular, criar um sindicato para os poetas populares e discutir a realização da primeira bienal sobre o tema.


Para o cordelista e criador do projeto cordel em sala de aula, Arievaldo Viana Lima, a ideia é dar andamento a vários projetos discutidos no primeiro encontro, como a criação do sindicato. “O que nós queremos é reconhecimento do cordel como uma vertente literária e não como uma peça folclórica”.

Lima destacou ainda a contribuição cultural do cordel na Região Nordeste. “Oitenta por cento da população nordestina é considerada analfabeta, entretanto, se produziam 100 mil exemplares de folhetos [de cordel] e eles se esgotavam em seis meses. Como uma população tida como analfabeta consumia 100 mil exemplares de uma obra? A população buscava uma forma de se informar, de se autoalfabetizar”.
Antônio Francisco Teixeira de Melo, de 64 anos, escreve e recita versos há 19 anos. Aprendeu a ler com o cordel que o pai sempre comprava. Escreveu seu primeiro cordel por brincadeira e desde então não parou, já publicou seis contos. “Eu escrevo para fazer um mundo menos ruim”. Para ele, o cordel “é escrever e meditar". "O cordel é ver as coisas que a gente não consegue vê com os olhos, ele é como uma luneta. É também a identidade do nordestino”.
O xilógrafo e presidente da Associação dos Gravadores do Cariri no Ceará, José Lourenço Gonzaga, trabalha com a xilogravura de cordel há 30 anos. Ele conta que a técnica chegou ao estado por meio de um dos maiores incentivadores do cordel no Ceará, José Bernardo.  “O processo dessa técnica requer a arte de esboço do desenho, de retalhamento e de impressão da gravura".
Gonzaga conta que não existem cursos específicos que ensinam a técnica em oficinas. “Tivemos uma oficina na Bienal do Livro aqui em Brasília no ano passado e já fomos convidados para ministrar oficinas de xilogravura na próxima Bienal do Livro, que ocorrerá aqui em 2014".
Formado em Artes Plásticas pela Universidade de Brasília (UnB), Valdério Costa trabalha há 20 anos com a xilogravura, técnica que aprendeu na infância.  Em sala de aula, Costa ensina a técnica com foco no resgate da cultura popular brasileira. “Talvez a cultura popular não seja tão veiculada na mídia, mas é uma coisa que representa a tradição do nosso Nordeste. E quando se tem uma formação acadêmica, é imprescindível mantê-la".

Fonte: Portal Vermelho

Observação de Arievaldo Viana Via Facebook:

A repórter que redigiu essa matéria distorceu completamente o sentido das minhas palavras. Eu me referia a dados divulgados pelo IBGE em 1940, quando cerca de oitenta por cento da população nordestina era considerada analfabeta e no entanto o cordel estava no auge... Clássicos como o PAVÃO MISTERIOSO vendiam até 100 mil exemplares em menos de um ano, conforme declarava o editor João Martins de Athayde.