CORDEL PARAÍBA

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Bem-vindos, peguem carona/Na cadência do cordel,/Cujo dono conhecemos:/Não pertence a coronel./É propriedade do povo:/rico, pobre, velho, novo/deliciam-se deste mel./Rico, pobre, velho, novo/Deliciam-se neste mel.

(Manoel Belisario)



terça-feira, 6 de agosto de 2019

Cordel no Museu traz lançamento da “Obra do Mês” e declamações ao Museu de Arte Popular da Paraíba [Campina Grande, PB]


No próximo dia 10 de agosto, às 15h, o Museu de Arte Popular (MAPP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) receberá o projeto “Cordel no Museu”. A iniciativa, denominada anteriormente de “Cordel do Último Sábado”, objetiva reunir ativistas culturais, editores, estudiosos, xilógrafos, poetas e admiradores do gênero, ressaltando o brilho dessa Arte tão nordestina. A realização é da Pró-Reitoria de Cultura (Procult) da Instituição e da Academia de Cordel do Vale do Paraíba (ACVPB).
Inserido na programação com destaque haverá o lançamento da “Obra do Mês”. Trata-se do livro “Jackson do Pandeiro na Literatura de Cordel”, de autoria de Kydelmir Dantas. Segundo Kydelmir, o ritmista é ‘meio esquecido’ em seu estado natal no que se relaciona aos cordéis, não constando, inclusive, nenhum publicado sobre e com ele, em vida. “Apenas a partir de 1983 é que surgiram alguns poucos folhetos biográficos falando sobre o Rei do Ritmo”, disse. Ele acrescentou que foi neste ano do centenário, sobretudo, que os poetas começaram a escrever cordéis expondo o legado do artista. “Jackson do Pandeiro na Literatura de Cordel” é proveniente da Coleção Mossoroense e será apresentado pelo escritor e jornalista Xico Nóbrega.
A obra faz um recorte histórico, abrangendo janeiro de 1983 a janeiro de 2019, trazendo as biografias e a presença de Jackson na Literatura de Cordel. “Assim, é apresentada a visão de cada poeta acerca da vida dele”, enfatizou. Para isso, foram catalogados mais de 30 folhetos, tanto aqueles que trazem Jackson na capa, como os em que ele está incluso. “Daí termos dois capítulos: Jackson na Literatura de Cordel e Jackson em Outros Cordéis”, assinalou.
Kydelmir Dantas é conhecido no meio literário como entusiasta das Artes, notadamente do Cordel, tendo promovido, a propósito, inúmeros eventos ao redor do gênero. É professor, agrônomo, pesquisador, escritor e poeta de Nova Floresta (PB). Entre os seus livros publicados, boa parte com o selo da Coleção Mossoroense, figuram “Cangaceiro Atrapaiado”, “Mossoró e o Cangaço”, “As Vaquinhas do Doutor” e “Síntese Cronológica do Cangaço”.
Na oportunidade​ também haverá o lançamento das obras “ABC do bonde desgovernado”, de Jota Lima Cordelista, “Um coração igual ao teu”, de Gilberto Baraúna, além de “Alquimia” e “O mensageiro da morte”, de El Gorrión. As declamações ficarão por conta de Marconi Araújo, Tiago Monteiro, Chico Mulungu, Neto Ferreira, Mauryce Lima, Anne Karolyne, Josafá de Orós e Ivaldo Batista. A ocasião contará ainda com a posse de ​Kyldemir Dantas, Chico D’Assis e Juliana Soares na ACVPB.
O “Cordel no Museu” prevê mensalmente uma extensa programação, sempre destinada a elevar a poesia e a todos que estão envolvidos em sua produção. Ademais, a ideia preza sobremodo pela salvaguarda da memória desses artistas, reverenciando nomes célebres em Campina, a exemplo de Toinho da Mulatinha, José Alves Sobrinho, Zé Laurentino e Manoel Monteiro. Outras informações podem ser adquiridas pelo telefone (83) 3310-9738.
Texto: Oziella Inocêncio
Fonte: UEPB

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

CORDEL EM TRANSFORMAÇÃO


A maior parte dos cordelistas que participam desta coletânea tem formação acadêmica. Nestes trabalhos, entretanto, resta preservada a linguagem simples e envolvente dos cordéis, mesmo quando trata de assuntos sérios como o tema explorado pela odontóloga Cristine Nobre ou pelo físico Jota Lima. Em outros folhetos da mostra aparece a objetividade ingênua, própria da literatura de cordel, as narrativas acentuadas pela oralidade, a musicalidade como característica marcante deste gênero.

A Literatura de Cordel vivencia uma fase de transformações. O poeta não expõe mais seus folhetos nas feiras livres. A tenda agora é eletrônica. Alguns desses poetas da Academia de Cordel do Vale do Paraíba não têm folhetos impressos. Toda produção deles está no universo da internet, emocionando e despertando o interesse das novas gerações. É uma literatura que soube sobreviver, saindo das casas grandes e senzalas para se transformar em objeto de estudo de pesquisadores estrangeiros.

O cordel retrata os anseios e a cultura da região onde nasceu. Entretanto, atualmente está disseminado em todo o país e até no estrangeiro. Incorporando linguagem e temas populares, faz uso da fala coloquial com humor e ironia, falando de temas do folclore, assuntos religiosos, sociais, políticos, episódios históricos e os chamados “folhetos fesceninos” que muitos estudiosos do cordel chegam a classificar na categoria de “folhetos de gracejo”, mas, é putaria mesmo, dentro da transparência franca e um tanto simplória da literatura popular.

Nesta coletânea não há folhetos “de gracejo” escabrosos, mas não faltam poetas impudicos. Brevemente lançaremos uma coletânea de cordéis safados que têm seu lugar de honra. É porque o cordel cobre todas as facetas da vida humana, incluindo o chamego.

O que se ressalta é a riqueza poética deste gênero literário. No ritmo e na melodia construídos com a medida fixa dos versos e a presença de rimas, o cordel também mexe com o jogo de palavras, constrói expressões poéticas, às vezes líricas, às vezes visões pessoais, carregadas de significados que só o outro poeta, o que lê, entende e reconstrói. Pegue-se esta estrofe de Chico Mulungu:

Sou passageiro do tempo
Como uma flecha certeira,
Sem descansar da bagagem
Que trago abrindo porteira
Na estrada que liga, mira
Mulungu a Guarabira,
Por minha existência inteira.

Em seu ofício de poeta, o novo cordelista vai além das cantigas triviais e despojadas. Ele percorre múltiplas tendências nas veias abertas da poesia.
Segundo pesquisas acadêmicas, há na Paraíba cerca de 330 artistas do cordel em atividade. Temos aqui 18 deles, com suas rimas fáceis ou difíceis, pobres ou ricas, narrativas despojadas ou requintadas, evocando suas experiências pessoais ou botando o dedo nas feridas da humanidade.

Fonte: Diário PB 

domingo, 4 de agosto de 2019

Presidente da Academia de Cordel ministra oficina de poesia em escola pública de João Pessoa [PB]


O cordelista Marconi Araújo, Presidente da Academia de Cordel do Vale do Paraíba, esteve nesta terça-feira, 30, na Escola Municipal Violeta Formiga, no bairro de Mandacaru, em João Pessoa, onde aplicou oficina de literatura de cordel para alunos do sexto ao nono ano do ensino fundamental daquele educandário. A oficina teve como tema “Jackson do Pandeiro no cordel”, onde os estudantes aprenderam rudimentos da arte de versejar e produziram seus próprios poemas.
A professora Érica Maria, da Escola Violeta Formiga, disse que o projeto “Cordel na Escola” é fonte de inspiração para os docentes. “Poesia tem tudo a ver com nossa escola que leva o nome da poetisa Violeta Formiga, tema de minha primeira aula, onde eu aprendi mais do que os alunos”, disse ela. Violeta Formiga é homenageada pela Academia de Cordel do Vale do Paraíba com um troféu entregue a mulheres de destaque na cultura e arte da Paraíba.

sábado, 3 de agosto de 2019

MANOEL BELIZARIO TOMA POSSE NA ACADEMIA DE CORDEL DO VALE DO PARAÍBA E LANÇA FOLHETO "LEITURA NA ESCOLA" (João Pessoa, PB)



No dia 25 de agosto de 2019, o cordelista Manoel Belizario tomou posse na Academia de Cordel do Vale do Paraíba durante Sarau “Cantos e Contos da Cidade” ocorrido na sede do TCE/PB em João Pessoa. O poeta apresentou o seguinte discurso:



Saúdo a todos presentes
Expondo minha alegria
De poder tomar assento
Nessa grande Academia
Berço maior do Cordel
Do qual todo menestrel
Quer fazer parte um dia.



A primeira vez que vim
Ver esta agremiação
Fiquei bastante abismado
Com cada apresentação
Para a coletividade
Assistir tudo à vontade
Sem pagar nenhum tostão.








A minha vinda agradeço
A Raniery e Annecy,
Pois por intermédio destes
Poetas estou aqui
Desfrutando este momento
Neste adorável evento
Tão belo quanto um rubi.

*
Essa ocasião dedico
A meu amor Danielle,
Que está sempre do meu lado
Junto com Emanuelle
Filhinha do coração
São fontes de inspiração
Para verso a flor da pele.
*
Às minhas irmãs e irmãos,
Também dedico a meus pais.
Minha mãe que está conosco,
Mas meu genitor não mais.
Viajou para outro plano
É servo do Soberano
Dos campos celestiais.
*
Ofereço aos meus amigos,
Parceiros apoiadores,
Família de caminhada,
Colegas acolhedores,
Aos velhos bons camaradas
Que iluminam nossa estrada,
E a todos meus professores.

*
Pelo vale do cordel

Eu há quinze anos trafego.
Nele as rimas me perseguem,
Não luto, logo me entrego.
Dessas rimas me alimento
Faço delas aposento
Um chamego a elas não nego.
*
Todo esse tempo escrevi

Feito monge solitário,
Porém quando um dia vi

Este elevado cenário

Repleto de Poesia:

Cordel, forró, cantoria

Um caldeirão literário.
*                                                                                   
Pensei “desse agrupamento
Quero muito fazer parte,
Pois percebo que os poetas
Agem para além da arte:
Fincam elos de amizade
Onde a solidariedade
Mutuamente ganha aparte”

*
Respeito, Fraternidade
Vejo nesta academia
Por isso me interessei
Em compor a sinfonia,
Dando as mãos numa ciranda.

Quando a comunhão comanda
Todo sucesso irradia.
*
Poetas da Academia
Pretendo contribuir
Com esta instituição
Para com vocês seguir
Nesse rumo relatado
Por vocês apresentado
O qual pude pressentir.

Finalizo agradecendo

Toda a receptividade

Que os poetas expressaram
Para com este confrade
Ponho-me a disposição
Junto a esta agremiação
Em favor da sociedade.

João Pessoa, 25 de julho de 2019.

Nessa mesma ocasião, o poeta lançou o cordel “Leitura na escola”, o qual, a partir do ponto de vista acadêmico, aborda os três tipos de leitura presentes nas prática pedagógicas das escolas brasileiras que são a "leitura focada no autor", a "centrada no texto" ou a "voltada para a interação entre autor, leitor e texto". O poeta disponibilizou os seguintes trechos do folheto:




"É janela do saber,
Portal maior da cultura,
No qual se viaja ao longe
Seja por letra ou figura
Ou nos vãos do pensamento;
Ponte do conhecimento
Denominado LEITURA!

Ler vai muito além das letras
Penduradas num suporte;
É ver por trás da linguagem,
Multifuncional transporte
Dos sentidos pluricores;
Apreciar os sabores
Que a composição der porte.

A seguir explanaremos
Para o leitor vigilante
As concepções de leitura
Mais aceitas nesse instante
No mundo da academia
Que pesquisa todo dia
Numa produção constante."



                              

                                                       


[...]

LEITURA CENTRADA NA INTERAÇÃO ENTRE AUTOR, TEXTO E LEITOR

Nessa abordagem a VISÃO

DE LÍNGUA é INTERACIONAL

As atuações humanas

Terão nela seu local
E o rebento do sentido
Só pode ser produzido
Por modo dialogal.
***
O texto é, portanto, espaço
Próprio dessa interação.
O autor é mero operário
Nessa imensa construção
Multipolar do sentido
Que também é construído
Por quem lê com atenção.
***
Assim autor e leitor
Dialogando com o texto
(Re)constroem seu sentido
Embasados no contexto
E também são construídos
Ou mesmo reconstruídos
Pelo texto ou hipertexto.
***
Nesse cenário A LEITURA
Tem base nos elementos
Da língua, mas segue além,
Em constantes movimentos,
Formando complexidade
Na interatividade
Com vários conhecimentos
[...]

                              
     
                                                                                                                    
Além de estarem presentes neste blog, várias outras postagens literárias do autor podem ser acessadas em diversos sites da internet, no Clube de Autores, no instagram e no Facebook, via página Manoel Belizario - Escritos Literários.

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Abertas as inscrições para 1ª Mostra de Literatura de Cordel de Juazeiro do Norte [CE]



Com o objetivo de estimular a produção escrita como ferramenta política e cultural, fomentando e revelando autores, poetas e cordelistas de Juazeiro do Norte, estão abertas as inscrições para a 1ª Mostra de Literatura de Cordel. A iniciativa é da Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte, através da Secretaria de Cultura. Nesta edição, a Mostra homenageará o poeta Expedito Sebastião da Silva, através da publicação de cordéis com autores de Juazeiro do Norte (cordelistas e poetas). Os temas sugeridos no edital são Cinquentenário da Estátua do Padre Cícero e Memória, Identidade e Patrimônio de Juazeiro do Norte. Podem participar autores cordelistas e poetas residentes e domiciliados em Juazeiro do Norte. A data limite para o envio das propostas vai até o dia 20 de agosto. A inscrição é gratuita e a previsão para o lançamento do cordel é o dia 23 de outubro de 2019. Os interessados em participar da 1ª Mostra de Literatura de Cordel podem acessar o edital publicado no Diário Oficial do Município de Juazeiro do Norte com data do dia 05 de julho de 2019, disponível no site www.juazeiro.ce.gov.br.

Presídio Feminino de Patos [PB] terá literatura de cordel para remição de pena

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A Secretaria de Estado da Administração Penitenciária - SEAP - desenvolve, com parceiros, projetos de remição de pena através da leitura e da música, em algumas penitenciárias. A Penitenciária Feminina da cidade de Patos, inicia no dia 7 de agosto o Projeto Remição de Pena pela Leitura "ABRINDO A MENTE PARA A LIBERDADE". A abertura do projeto será às 15 horas.
A iniciativa é da Direção do presídio com os seguintes parceiros: Juiz da Vara de Execuções Penais de Patos, Ramonilson Alves Gomes; Promotor da Vara de Execuções Penais de Patos: Uirassu de Melo Medeiros; Defensoria Pública de Patos e Educação Prisional de Patos. De acordo com a Diretora da unidade prisional, ASP Cláudia Shymenne, o espaço de leitura para as reeducandas contém especificamente literatura de cordel, uma das expressões culturais do Nordeste.
Após a leitura de um cordel, por mês, as reeducandas deverão apresentar uma resenha crítica sobre o cordel lido. A comissão de avaliação, composta pela representante da Defensoria Pública e professores da Educação Prisional. Uma vez aprovada cada resenha será enviada ao Judiciário apreciação e decisão sobre a remição da pena.