CORDEL PARAÍBA

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Bem-vindos, peguem carona/Na cadência do cordel,/Cujo dono conhecemos:/Não pertence a coronel./É propriedade do povo:/rico, pobre, velho, novo/deliciam-se deste mel./Rico, pobre, velho, novo/Deliciam-se neste mel.

(Manoel Belisario)



quinta-feira, 31 de março de 2011

Pinturas / Parede: Literatura de cordel

          Criação e execução: Silvia Schmidt – Artes plásticas & design l Fotos: Ricardo Novelli l Produção: Cristiane Alberto l Ilustrações Omar Garcia

Inspire-se na cultura nordestina para criar peças bonitas e que agregam valor e história

          A literatura de cordel é um estilo de poesia popular que era impressa em folhetos rústicos durante a época medieval em Portugal. Esses folhetos eram pendurados em barbantes ou cordéis para a venda. No Nordeste brasileiro, herdamos o nome e evidenciamos ilustrações sobre cenas e elementos do cotidiano. Esses desenhos ainda hoje são inspirações para criar, por exemplo, uma estante em forma de árvore. Como dica, abuse de tons mais sóbrios na confecção das peças

Materiais utilizados:
• Tinta acrílica marrom
• Pincéis nos 8, 14 e 20
• Trincha
• Fita-crepe de 25 mm
• Trena
• Lápis
• Barbante
• Risco no Material de Apoio

Modo de fazer:
1. Transfira o risco do desenho para a parede: com o auxílio do lápis e da trena, faça um traço horizontal e outro vertical no centro do risco, formando uma cruz e dividindo-a em quatro retângulos. Meça e marque na parede a altura desejada da árvore. Para o desenho ficar proporcional à matriz, com a fita-crepe, prenda o barbante na parede, formando também uma cruz e, em seguida, com o lápis e a trena, trace na parede os desenhos apresentados nos retângulos formados pelas marcações. Para formar o tronco principal, use a fita-crepe saindo do chão até o topo. Dica: se preferir, trace o desenho livremente na parede.
2. Com a trincha, aplique uma demão da tinta em todo o tronco. Aguarde a secagem por 40 minutos e aplique a segunda demão de tinta. Aguarde a secagem por mais 1 hora e meia e aplique a terceira demão de tinta. Enquanto aguarda a secagem, com o pincel nº 20 e a tinta, contorne e pinte os círculos que formam a folhagem das pontas dos galhos e os pequenos círculos vazados. Aguarde os mesmos períodos de secagem do tronco para aplicar a segunda e terceira demãos de tinta das folhagens e círculos.
3. Com o pincel nº 14 e a tinta, preencha as folhas soltas da árvore. Após a secagem do tronco, retire as tiras de fita-crepe e de barbante e pinte os galhos, respeitando também o tempo para a aplicação das três demãos de tinta. Para finalizar, com o pincel n° 8 e a tinta, pinte os detalhes das folhas.
Dica: para evitar as manchas na pintura devido à utilização de tinta escura, é necessário aplicar três demãos de tinta. O tempo de secagem sugerido é o tempo mínimo. Caso o dia esteja úmido, o tempo de secagem deve ser maior.

Onde encontrar:
Silvia Schmidt – Artes plásticas & design - Tel.: (11) 9805-1504, (19) 3834-4533, www.silviaschmidt.com.br

Fonte: portaldeartesanato.uol.com.br

CORDEL NA ESCOLA PADRE LUÍZ FILGUEIRAS – NOVA OLINDA (CE)

Por: Blog da EEFM Padre Luis Filgueiras, Nova Olinda CE

          A EEFM Padre Luis Filgueiras recebeu nesse dia 30 de Março a visita do SESC/Crato, para o lançamento dos cordéis As riquezas do cariri dos alunos do 3º “D” e A história de Nova Olinda dos alunos do 3º E que tiveram como orientadora a professora Marlene Diniz Sisnando. Esses cordéis fazem parte do PROJETO CORDEL NA ESCOLA que foi desenvolvido durante o ano letivo de 2010 na EEFM Padre Luis Filgueiras, orientado por professores da área de Linguagens e códigos e envolveu todos os alunos regulamente matriculados no Ensino Fundamental e Médio. Foi o resultado das oficinas de Cordel e Xilogravuras, oferecidas pelo SESC/Crato, e ministrados por Rosário Lustosa, cordelista, e José Nilo. Foram produzidos 16 cordéis fomentando e difundindo a Literatura de Cordel e a Cultura Popular de Tradição.

          Esta terceira etapa do evento de lançamento de cordéis, contou com a participação do diretor da escola professor Roberto Araújo, a cordelista Rosário Lustosa, uma representante do SESC, Fernanda, e o artista Pedro Ernesto( Tranquilino Ripuchado). Deu-se início com a palavra do diretor, em seguida a palavra da Fernanda. Logo, foi feita apresentação dos cordéis pelos alunos do 3º ano. Para finalizar o evento, Pedro Ernesto fez a sua participação, como também, o aluno Osvaldo Germano Silva apresentou seu cordel com o título: A distância e o tempo.
           Percebe-se o quanto é rico esses momentos na escola, pois torna o espaço escolar um ambiente dinâmico e prazeroso. A escola agradece o apoio do SESC, pois muito tem feito para colaborar no processo ensino-aprendizagem.

 

Fonte:escolapadreluisfilgueiras.blogspot.com

CORDEL: PARAÍBA SAQUEADA

(Twitadas em versos de cordel)

Anime-se estado meu
Se anime meu nosso estado
Não é todo ser humano
Que vai aguentar calado.
Ergue a cabeça PB
Não se dê por derrotado.

 

Paraíba amada terra 
De maneira escancarada 
Alguns poucos esbanjando
Recursos da terra amada
Ante a uma procissão
Dos sem-teto, dos sem-nada.

 

 

 

 

O Sertão esta aí
Como exemplo fatal.
Parece ter vocação
De ser eterno curral
Cuja porteira so vale
Em período eleitoral.

 

 

 

 

 

O Sertão está aí
O Sertão e a favela.
Em tempos de eleição
Todo mundo vai a ela
Com sorriso de hiena
Ilude sua mazela.

 

 

O sertanejo é guerreiro
E também trabalhador,
Porém a classe política
Não tem lhe dado valor.
Diga-me o q foi feito
Pelo Sertão por favor...

 

 

 

Pq é q a Paraíba
Hoje se encontra quebrada?
Por muitos e muitos anos
A mesma foi saqueada
Por políticos corruptos
Ladrões de cara lavada.

Nosso estado, a Paraíba
Não é pobre meu senhor.
Foram os ladrões do povo
Que fizeram o favor
de roubar suas riquezas
Sem vergonha nem pudor.

 

 

Nesta nossa Paraíba
Onde a imprensa é vendida.
A corrupção impera
De maneira sem medida
Por isso tem tanto pobre
Mendigando um pão de vida.

 

 

Vou ficando por aqui.
Já dei comida a VERDADE
Coitadinha tão faminta
Em nossa sociedade...
Quem sabe ñ cria asas
E o mundo todo invade.

Manoel Messias Belizario Neto -
(Acompanhe as  twitadas em @cordelparaiba)

Imagens:

brasilanalise.blogspot.com
sos.juventude.zip.net
imafotogaleria.com.br
robertoacruche.blogspot.com
vaquejadanamidia.blogspot.com
kaourbano.blogspot.com
okylocyclo.blogspot.com

quarta-feira, 30 de março de 2011

Cordel Ortográfico

           A TV Brasil divulga, nos intervalos de sua programação, as novas regras ortográficas em forma de literatura de cordel. Os repentistas cantam em versos como utilizar corretamente o hífen, os acentos agudos ou circunflexos, o trema...

          Veja abaixo como o cordelista Donzílio Oliveira explicou o uso do hífen em versos cantados por Chico de Assis.

 

          Para ver mais do Cordel Ortográfico, visite o canal da TV Brasil no YouTube.

Fonte: Blog Povo do Riso: povodoriso.blogspot.com

CORDEL: “NÃO QUERO SER SEU AMIGO, QUERO É SER SEU NAMORADO”

cordel

Autor: Luciano Pedrosa

Confusão de sentimentos
se é amor ou amizade
para falar a verdade
pro meu peito é um tormento
pois não sai do pensamento
o teu abraço apertado
e quando estou do seu lado
o teu colo é meu abrigo
Não quero ser seu amigo
Quero é ser seu namorado.

nos dias que não te vejo
meu coração descompassa
meu sorriso perde a graça
viro refém do desejo
fico imaginando um beijo
que eu daria sem pecado
e enquanto sonho acordado
acho um motivo e te ligo
Não quero ser seu amigo
Quero é ser seu namorado.

se te encontro “derrepente”
meu sorriso se ilumina
minha lucidez declina
falta rima em meu repente
e assim consequentemente
meu desejo é renovado
meu sonho mais que encantado
teima em sonhar contigo
Não quero ser seu amigo
Quero é ser seu namorado.

já tentei de mil maneiras
te mostrar minha intenção
mas sinto que foi em vão
as palavras verdadeiras
e perante essas barreiras
sofre o meu peito calado
enquanto não sou notado
mesmo assim eu te persigo
Não quero ser seu amigo
Quero é ser seu namorado.

até mesmo num poema
descrevi o que eu sentia
mas tu não compreendia
e esse foi o meu dilema
isso daria um bom tema
pr’ um filme romantizado:
“eu amei sem ser amado”
e esse é meu maior castigo
Não quero ser seu amigo
Quero é ser seu namorado.

eu não suporto escutar
você falar de outro alguém
meu coração bate a cem
vendo a hora de enfartar
não gosto nem de pensar
seu amor sendo roubado
me sinto fragilizado
diante desse perigo
Não quero ser seu amigo
Quero é ser seu namorado.

é difícil compreender
por que tem que ser assim
amigos até o fim
se é só teu o meu querer
não sei mais o que fazer
pra que entendas meu recado:
“Eu estou apaixonado,
viver sem ti não consigo”
Não quero ser seu amigo
Quero é ser seu namorado.

Talvez seja covardia
eu não dizer tudo a ela
pois quando estou perto dela
um medo me silencia.
se com essa poesia
eu não for interpretado
vou ficar decepcionado
mas um dia sei que digo:
Não quero ser seu amigo
Quero é ser seu namorado

Fonte: Jornal da Besta Fubana: /www.luizberto.com

CARTA DE UM CORDELISTA BAIANO AO PREFEITO JOÃO HENRIQUE (462 anos de Salvador)

Cordel de Antonio Barreto

Autor: Antonio Barreto, natural de Santa Bárbara

Meu querido João Henrique
Prefeito de Salvador
Eu escrevo essa cartinha
Para traduzir o clamor
Que não é somente meu
Mas de todo o eleitor.

II

Não escrevo com rancor
Nem busco aqui confusão
Falo pela maioria
Da nossa população
Que quer ver nossa cidade
Em melhor situação.

III

Não vou aqui relatar
Tudo detalhadamente
Quero apenas atentar
Para o desmando presente
De coisas essenciais
Dessa cidade carente.

IV

Desde a primeira gestão
Que o senhor nos prometeu
Cuidar bem da nossa urbis
Mas parece que esqueceu
Pois já são quase seis anos
Porém nada floresceu.

V

No Brasil de Norte a Sul
E também no além mar
A imagem de Salvador
Começou a declinar
Por culpa da sua gestão
Que não pode piorar.

VI

O abandono é total
Da Ribeira a Itapuã
De Cajazeira a Paripe
Sob os olhos de Iansã
Parece até que o senhor
Está pra lá de Teerã!

VII

Acho que vossa excelência
Está dormindo demais
A cada dia que passa
Vem se mostrando incapaz.
E a querida Salvador
Vai ficando para trás!

VIII

A sua avaliação
É bastante negativa
Porque você colocou
Nossa cidade à deriva.
Dê no pé, desapareça
Levando sua comitiva.

IX

Falhas no transporte público
Os salários atrasados
Débito aos fornecedores
Os bairros abandonados
Buracos, lixo na rua
E os turistas assustados.

X

Aquele “velho metrô”
Aliás, digo atual,
Pelo andar da carruagem
É uma obra irreal
E agora representa
O seu grande inferno astral!

XI

Será que o senhor conhece
A Praça da Piedade?
Pois ali é o coração
Dos poetas, da cidade
Mas durante o seu governo
Tornou-se favelidade.

XII

O Jardim da Piedade
O antro da poesia
Transformou-se em favela
E agora é moradia
De pedintes e drogados
Seja noite ou luz do dia.

XIII

Não queira dizer que eu
Estou criando barulho
Perceba que o Pelourinho
Carlos Gomes, 2 de Julho
Campo Grande, Rua Chile
Parecem mais um entulho.

XIV

Vá visitar Nazaré,
Avenida Sete, Barra…
Veja de perto a desordem
Todo clima de algazarra.
Mas cuidado seo Prefeito
Ali o povo te agarra!

XV

Procure fazer a hora
Não espere acontecer.
Mas o senhor é teimoso
Não dá o braço a torcer
Sabe que já fracassou
E não quer reconhecer.

XVI

Esse tal PDDU
Rima com desarmonia
Favorece aos empresários
Vai de encontro à ecologia
E o IPTU, prefeito,
Haja tanta carestia!

XVII

Essa troca de partido
Já virou foi brincadeira
E o senhor não se dá conta
Que já está na ribanceira
Pois devolva a prefeitura
E volte a morar em Feira.

XVIII

Cadê o trem do subúrbio,
Não vai mais funcionar?
O povo da suburbana
Não aguenta mais penar
Justamente o eleitor
Que ajudou você ganhar.

XIX

E a prestação de contas
O que foi que aconteceu?
Conte logo essa estória
O povo não esqueceu.
O dinheiro foi torrado
Ou o “gato” então comeu?

XX

A SUCOM já não atende
Às queixas dos moradores
Que passam noites insones
Embaixo dos cobertores
A sofrer com o barulho
Dos barzinhos infratores.

XXI

Querido prefeito João
O senhor caiu no sono:
Salvador rima com lixo
Com sujeira e abandono
Tem cara de favelão
Parece terra sem dono.

XXII

O senhor é um sortudo
Conseguiu ser reeleito…
Tudo isso é brincadeira
Querido e nobre prefeito
O maluco aqui sou eu:
Um eleitor com despeito!

XXIII

O desgaste é tão visível
Que não dá para enganar.
Acho que o senhor precisa
Uma decisão tomar:
Entregar o cargo agora
Pra Luiza governar!

XXIV

Pois aqui eu me despeço
Do Astral Superior
Desejando paciência
Ao povo de Salvador:
O velho Tomé de Sousa
Com carinho e com amor!

FIM

Salvador, 29/03/2011

Fonte: barretocordel.wordpress.com

6º Sarau de cordéis apresenta Cícero Cosme dia 31 (Iguatu CE)

          Na próxima quinta-feira (31) na Biblioteca Pública Municipal Dr. Matos Peixoto a partir das 19h acontecerá a 6ª edição Sarau de Cordéis, uma ação do Projeto Iguatu - Uma cidade de Leitores que trabalha ações no incentivo a leitura. Na ocasião será lançado o cordel do poeta e violeiro Cícero Cosme. Cícero Cosme apresentou aos coordenadores do evento uma breve apresentação de seu segundo trabalho, intitulado ‘Fragmentações Poéticas’. “Fiz uma abordagem mais versátil para desenvolver uma criatividade poética que desse uma abrangência à diversidade de temas (dos populares aos mais cultos) elaborando através da literatura de cordel um conjunto de estrofes bem produzidas dentro das suas principais rigorosidades metodológicas (rima, métrica e oração), deixando sempre perceptível para o leitor a sentimentalidade, a emotividade poética, a preocupação em atender coerentemente as condições normativas da gramática portuguesa, o conhecimento sócio cultural, a veracidade histórica dos fatos, a precisão das colocações, a abrangência intelectual e a didatização informativa”, disse Cícero Cosme. O evento que é realizado pela Biblioteca Pública Municipal através da Secretaria de Cultura do Município, conta com a participação dos apreciadores da boa cultura e literatura de cordel. Toda a comunidade de Iguatu está sendo convidada a prestigiar o 6º Sarau de Cordéis apresentando o violeiro Cícero Cosme. Fonte: www.iguatudiario.blogspot.com - colaboração: Edimar Freitas - Secult – Iguatu

Fonte: maisfm.org.br/iguatu

EXISTE ESPAÇO PARA CULTURA POPULAR?

Por Paulo Azevedo via blog Rotas e Roteiros

           Em passagem pelo estado de Pernambuco me deparei com uma cena que me fez pensar neste questionamento: "Existe espaço para cultura popular?". Estava eu curtindo minha merecida semana de férias em Porto de Galinhas quando vejo dois repentistas andando em um sol escaldante parando de guarda-sol em guarda-sol fazendo seus versos para turistas em busca da subsistência. Percebe-se rapidamente que este ambiente não é o mais saudável e que estes artistas não estão utilizando vestimentas condizentes com a temperatura que estão enfrentando. Mas estão ali. Com a impressão que aquela praia paradisíaca é o melhor local para que eles se insiram neste mercado cultural ou talvez nem pensem nisso, só visualizem que ali é o espaço que restou com a capacidade de fornecer a eles o dinheiro para sustentar suas famílias.
          Mas observando esta cena  e me pergunto se isto é correto. Me pergunto sobre as consequências de fatos como este. Percebo que o atual discurso da sustentabilidade ambiental tão em voga em nossa sociedade precisa urgentemente ser transpostado para a cultura popular de nosso país, mais precisamente do nosso nordeste. Será que as futuras gerações irão conhecer o REPENTE, a LITERATURA DE CORDEL, o SAMBA DE RODA, o FORRÓ PÉ-DE-SERRA, ou estas riquezas serão esquecidas através dos tempos.
            Precisamos urgentemente criar a Lista dos Gêneros da Cultura em Sério Perigo de Extinção. Se as autoridades do nosso país continuarem fingindo que nada está acontecendo,  se não blindarmos e multiplicarmos as poucas festividades diretamente relacionadas com a cultura popular para que estes gêneros autênticos não percam seus poucos espaços exixtentes e possam ser apreciados e conhecidos por nossos jovens e se não dermos a estes guerreiros que insistem nesta linda porém árdua causa a oportunidade

Fonte: rotaseroteirosturismo.blogspot.com

MARTELO “CORAÇÃO AGALOPADO”

Autor: Victor "Lobisomem"

Sinto dentro do peito uma paixão
que eu tento domar mas não consigo
ela faz o que bem quiser comigo
me botando a galope o coração
eu pareço montar um alazão
indomável, selvagem e bravio
disparado, sem rédeas, bem vadio
galopando por várias direções
eu procuro amansar as emoções
esse é o meu grande desafio

A paixão é um cavalo indomado
que até o cavaleiro experiente
cangaceiro ou vaqueiro mais valente
quando numa paixão está montado
sente o coração agalopado
parecendo até um iniciante
aboiando e tocando seu berrante
certas vezes caindo do cavalo
empolgado não consegue domá-lo
e na poeira tomba ofegante

Mas se o vaqueiro é bom ele levanta
ajeita o gibão e o chapéu
novamente ele monta em seu corcel
com firmeza e fé na Virgem Santa
um aboio bem bonito ele canta
pra curar as feridas e a dor
e o selvagem, chucro galopador
entra na rédea curta do vaqueiro
pois cavalo domado é companheiro
e paixão bem domada vira amor.

Visite blog de Victor Lobisomem:
www.quintal-do-lobisomem.blogspot.com
Fonte: Blog Mundo Cordel: mundocordel.blogspot.com

terça-feira, 29 de março de 2011

Cordelistas festejam 20 anos de Academia (Crato CE)

A história da Academia dos Cordelistas do Crato foi contada em versos pelos poetas que fazem parte do sodalício matuto

            Com o lançamento de sete cordéis, a maioria deles sobre o meio ambiente, a Academia dos Cordelistas do Crato comemorou os 20 anos de existência. Os cordéis foram apresentados pelos próprios autores durante sessão solene, na sede do Instituto Cultural do Cariri. A história da Academia foi contada em versos pelos poetas que fazem parte do sodalício matuto. Foi lembrado o fundador Eloi Teles de Morais que, além de poeta, foi o grande incentivador do folclore cratense.
          Outro homenageado foi o ambulante Antônio Higino, que transformou a sua Kombi numa bodega volante, onde ele faz a locação de cordéis com a sua clientela com o objetivo de divulgar o trabalho dos poetas cratenses. Higino foi homenageado com um cordel de Josenir Lacerda, que é integrante da Academia Brasileira de Cordelistas.
          "São 20 anos de luta em defesa do cordel. Muito mais do que uma entidade, somos uma resistência", desabafou o professor Eugênio Dantas, presidente da Academia dos Cordelistas do Crato, lembrando o trabalho que vem sendo realizado para que a literatura de cordel não seja descaracterizada.

Manual
            O exemplo começa em casa. Todos os cordéis da Academia são compostos manualmente, letra por letra, e impressos em máquinas antigas manuais. O poeta Wiliam Brito recorda que, ao longo destes 20 anos, muitos companheiros desistiram. Outros disseram que era uma loucura tentar salvar o cordel, uma arte moribunda no Brasil.
           Ao fazer este desabafo, Brito lembra que, a princípio, os cordelistas do Crato foram discriminados por fazerem uma "poesia de segunda classe", desprezada dos compêndios de literatura. "Mas estamos ainda comemorando os 20 anos", comemora o poeta popular.

Criação
            Fundada no ano de 1991, pelo radialista Eloi Teles de Morais, a Academia dos Cordelistas do Crato já publicou mais de 500 títulos e mais de um milhão de folhetos que estão espalhados em todo o Brasil e na Europa.
             Cada um dos 20 sócios tem obrigação de publicar, pelo menos, um cordel por mês. Hoje, a Academia é uma espécie de "santuário" dos poetas do Cariri, principalmente do Crato, que é um celeiro de grandes poetas populares, a começar por Cego Aderaldo, poeta que é filho deste Município.
           O cordel é um tipo de poema popular, originalmente oral, e depois impresso em folhetos rústicos ou outra qualidade de papel, expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis. A prática veio de Portugal, que tinha a tradição de pendurar folhetos em barbantes. No Nordeste do Brasil, o nome foi herdado desse país.
MAIS INFORMAÇÕES

Academia dos Cordelistas do Crato, Praça Filemon Teles, S/N
Telefones: (88) 3523-3947 ou (88) 3523.4442

Fonte: diariodonordeste.globo.com

Imagem: prefeitura.sp.gov.br

Estética da literatura de cordel


Neste ensaio, a professora Cristiane Roveda Gonçalves aborda a literatura de cordel enquanto gênero literário de importância na história da literatura brasileira, reconhecendo seu valor estético e social.

Estética Popular da Literatura Cordelista
Cristiane Roveda Gonçalves
Pós-Graduanda em Estudos Literários / FURB

          As manifestações artísticas estão presentes nos espaços sociais e são intrínsecas ao homem, independente do nível de escolarização ou, ainda, do chamado “nível cultural”. Cada organização ou grupo social apresenta suas manifestações de caráter artístico de maneira própria ou, ainda, por assimilação da cultura daqueles que a sobrepuseram pelo poder. Fato que comprova isso é conhecido no Brasil, especificamente na região nordeste do país, como literatura de cordel. Por algum tempo tratada apenas como uma representação da oralidade das “classes menos favorecidas”, tal literatura entra no cenário acadêmico apresentando características e uma estética tão peculiar que não mais é vista como uma literatura menor ou inferior.
           Refletir sobre o estudo da Estética como disciplina filosófica nos levaria a pensar os conceitos ligados a Sócrates, Platão e Aristóteles. Para os filósofos da Antiguidade Clássica a Estética estava ligada a questões como o bem, a virtude e o belo. Nesses aspectos a arte só poderia ser considerada arte se pudesse suscitar no homem algum sentimento bom; a arte deveria apresentar-se aos sentidos da visão e da audição de forma que não causasse estranheza ou incomodo, mas sim sensações prazerosas relacionadas com a moralidade dos homens de bem.
             Dentre inúmeros aspectos explorados pelos filósofos a poesia tomou grande espaço em suas discussões, para Platão “a poesia, arte máxima, exercida por quem é mais do que um artífice ou artista, [...] as outras artes, não podendo escapar da servidão da matéria, limitam-se a imitar as aparências sensíveis [...] falta-lhes a dignidade própria da poesia”1. Nessa perspectiva a arte da poesia apresenta-se como a mais pura das artes e também das mais antigas, 
            Já na tradição medieval a poesia contada ou recitada era uma atividade de entretenimento sempre presente nas comunidades, em suas festas e celebrações. A literatura conhecida como cordelista tem suas origens na tradição oral da contação de histórias. Na qual o narrador anônimo conta suas experiências, transmitindo um ensinamento moral. Para que não se perdessem os poemas foram criados cancioneiros e a partir disso a impressão dos textos passou a ser uma prática comum. Nos séculos XVI e XVII, em Portugal, Gil Vicente já se apropriava desta forma de distribuição para disseminar seu teatro crítico. Para divulgar seus textos, os autores precisavam, também, ter o talento de vendedor, já que declamavam trechos de suas obras, parando em momentos de grande suspense para os ouvintes expressarem seus sentimentos. Era nessa hora que iniciavam a venda.
           Com a colonização do Novo Mundo por Espanha e Portugal, a literatura de tradição oral chega ao Brasil e encontra grande espaço na região nordeste, da Bahia ao Pará. Passa então a ser conhecida como literatura de cordel. Como a tipografia ainda não estava ao alcance de todos os romanceiros, a xilografia surge como a melhor de forma de se produzir os cordéis. Normalmente os autores são os responsáveis por toda a produção, divulgação e venda de seus textos. Organizam-se em feiras populares e ali começam a contar suas histórias entretendo quem por ali passa e assim divulgam e vendem suas obras.
              Os cordéis possuem algumas características fundamentais de caráter estético como, por exemplo, a composição dos versos que obedecem a uma métrica. Os versos são sempre heptassílabos ou decassílabos. As estrofes também obedecem a um número de versos, podendo ser quadras, sextilhas, setilhas ou ainda décimas. As rimas normalmente são fáceis, no entanto alguns autores utilizam rimas ricas.
           No prefácio dos “Contos Tradicionais do Brasil”, saliente Luís da Câmara Cascudo: “nenhuma ciência como o folclore possui maior espaço de pesquisa e de aproximação humana”2, assim percebe-se na obra dos cordelistas uma grande aproximação com o imaginário popular e todas as suas lendas e causos mais pitorescos. Há temas que se repetem, como a coragem dos cangaceiros ou os milagres do padre Cícero, contudo o que se vê é a representação escrita, através de longos poemas, da cultura popular de um povo sem grandes recursos. Um dos prováveis criadores do cordelismo no Brasil foi Leonardo Gomes de Barros. Poeta paraibano, nascido em Pombal em 1865, faleceu em recife em 1918 deixando um legado de cerca de mil folhetos escritos. Um de seus cordéis mais famosos é “A vida de Pedro Cem”, além de várias histórias folclóricas que nos remetem a algum ensinamento.
          Nas palavras de Afrânio Coutinho, há um fenômeno que deve intrigar o observador dos movimentos culturais tendo como exemplo o Ceará, em que “a sua pobreza material contrastando gritantemente com a sua fecundidade de homens de qualidades moral e intelectual superior, com a vitalidade de sua vida espiritual, com a intensidade e freqüência de seus movimentos intelectuais”[...]3. Em uma região tão castigada, em que o nível de escolarização, de leitura e de desenvolvimento intelectual é baixo em relação a média nacional, encontramos autores que a partir de seus cordéis aproximam seus leitores dos hábitos ditos “intelectuais”.
            A produção cordelista é tão vasta que encontramos, nos dias atuais, textos como A verdadeira história de Ismália de Gadelha do Cordel. No cordel publicado em 2005, Gadelha busca inspiração no poema Ismália de Alphonsus de Guimaraens, poeta simbolista de influências árcades e renascentistas. Há nesta produção literária releituras de clássicos da literatura universal como Os Miseráveis, adaptado por Antônio Klévisson Viana e O Corcunda de Notre-Dame, adaptado pelo poeta João Gomes de Sá. Nesta perspectiva percebe-se o interesse dos autores de seus leitores em tomar maior contato com a boa literatura e com o texto na forma escrita.
           O mérito dos autores cordelistas vai muito além da publicação de pequenos livretos que são vendidos por um valor muito baixo. O grande valor dos cordelistas está na criação poética. Está também na possibilidade de fazer literatura onde não se vê perspectiva de espaço para tal produção artística, a produção, realização e manutenção de uma literatura rica no que tange as características da estética poética. Faz-se necessário observar com maior cuidado e respeito as manifestações culturais, a exemplo do cordel nordestino, pois nelas se encontra a verdadeira essência e pureza nos processos de criação artística.
________________________________________
1 NUNES, Benedito. Introdução à filosofia da arte. São Paulo, Ática, 1991. p.25.
2 TAVARES, Hênio, Teoria Literária. Belo Horizonte, Itatiaia, 2002, 12ª ed. p. 420.
3 COUTINHO, Afrânio. Conceito de Literatura Brasileira. Ediouro, p. 104

Fonte: Centro de Memória Proeja:  centrodememoria.ning.com

Imagem: entretenimento.uol.com.br

segunda-feira, 28 de março de 2011

CORDEL: “UM MOMENTO DE LUZ”

Autor: Marcos Mairton

Imagem: Celi Aurora

Foi um momento de luz,
De muita iluminação,
O que aconteceu comigo
Numa certa ocasião,
Quando o dia terminava
E eu sozinho viajava
Pela estrada no sertão.


Estacionei na estrada
Para trocar um pneu
Que furou quando o meu carro
Em um buraco bateu,
Mas, logo que estacionei,
E as ferramentas peguei,
Algo estranho aconteceu.


Eu olhei à minha volta,
Para ver se via alguém.
Mas, naquele lugar ermo,
Não apareceu ninguém.
Só algumas avoantes
Sobrevoaram, rasantes,
E pousaram mais além.


Mas na hora em que olhei
Para onde o bando pousou
Algo na minha visão
De repente se alterou,
Pois vi cada passarinho
Tão de perto, tão pertinho,
Que isso até me assustou.


Foi como se em cada olho
Uma lente de aumento
Houvesse sido instalada
Naquele exato momento.
E tudo o que eu olhava
Depressa se aproximava
Num estranho movimento.


Como um “zoom” de filmadora
Minha vista funcionava
Aumentando qualquer coisa
Que minha vista alcançava.
Bastava eu me concentrar
Em algum ponto e olhar
E tudo se aproximava.


Estranhei aquilo tudo,
E era mesmo intrigante,
Pois olhei fixamente
Para uma avoante,
E, naquele campo aberto,
Vi a ave tão de perto
Que parecia um gigante.


E, à medida que a ave
Parecia estar crescendo,
Cada mínimo detalhe
Ia logo aparecendo.
De um olho vi a retina,
No bico, cada narina,
Tudo isso eu ia vendo.


Eu continuei olhando
E foi como atravessar
Entre as penas do seu peito
Até a pele alcançar.
Ao chegar à epiderme
Vi um parasita, um verme,
De sangue a se alimentar.


Vendo aquele parasita
Satisfazer sua fome
Pensei: “Meu Deus, neste mundo
Todo corpo se consome,
Um bicho come outro bicho,
Não existe sobra ou lixo,
Tudo se bebe ou se come”.


E, de fato, enquanto o verme
Faminto se alimentava,
Outro verme ali surgiu
E agora o atacava.
Houve uma luta entre os dois
E, alguns segundos depois,
Um ao outro devorava.


Foi então que percebi
Que outros bichos semelhantes
Habitavam entre as penas
Das pequenas avoantes,
Chegando mesmo a formar
Uma cadeia alimentar,
E das mais impressionantes.


Eu, então, naquele instante,
Olhei a areia, no chão,
E vi, que daquela areia,
Enxergava cada grão
E, entre os grãos, seres vivos
Movimentando-se ativos,
Eram vida em profusão.


Nessa hora refleti
Sobre o mundo em que vivemos:
“Com tanta vida na Terra,
Muito mais do que nós vemos,
A Terra bem pode ser
Um ser vivo a nos manter
E nós nunca percebemos”.


“Talvez o chão seja a pele
Deste ser que nos sustenta,
Que fornece as substâncias
Que a todos alimenta,
E nós, nada percebendo,
Por aqui vamos vivendo,
Nossa sina violenta”.


“Essa sina violenta
Que não nos deixa entender
Que estamos fazendo a Terra
Mais e mais adoecer.
A consequência evidente:
Se o planeta está doente,
Todos vamos padecer”.


Enquanto eu pensava nisso,
Minha vista escureceu,
Me senti um pouco tonto,
Não sei o que aconteceu.
Ao recobrar o sentido,
Vi que tinha anoitecido,
A noite agora era um breu.


Só então em me lembrei
Que ainda tinha que trocar
O pneu que, horas antes,
Aconteceu de furar.
Com muita pressa troquei
E pra casa retornei
Deixando aquele lugar.


Mas, ainda hoje eu lembro
Do dia em que eu pude ver
Coisas que são pequeninas,
Mas minha vista fez crescer.
Porém, mais que enxergar,
O que eu vi me fez pensar,
E aquela ocasião,
Para mim foi um momento
De luz, de esclarecimento,
De muita iluminação.

Fonte: Blog Mundo Cordel: mundocordel.blogspot.com

O Lula saiu devendo e a Dilma não quer pagar (Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel)



       Via Blog da Janga

   Artistas populares de todo o Brasil que foram classificados no Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel 2010 – Edição Patativa do Assaré, do Ministério da Cultura, estão insatisfeitos com a demora no pagamento da premiação. O edital do concurso foi lançado em Juazeiro do Norte, no dia oito de junho do ano passado. O resultado final foi publicado no Diário Oficial da União, no dia 14 de dezembro de 2010 e republicado duas vezes. Destinado a iniciativas culturais vinculadas à criação e produção, pesquisa, formação e difusão da Literatura de Cordel e linguagens afins (xilogravura, repente, coco e embolada, entre outras), o concurso dispõe de premiação total de R$ 3 milhões. Porém, Até agora, o MinC não informou quando será feito o pagamento aos ganhadores.

O cordelista Pedro Paulo Paulino, de Canindé, Ceará, manifesta em versos o seu protesto:

O LULA SAIU DEVENDO
E A DILMA NÃO QUER PAGAR

Eu ganhei do Ministério
Da Cultura do Brasil
Um prêmio de 7 mil
Num concurso pouco sério,
Pois não sei por qual mistério
A grana não quer chegar,
Não sei a quem reclamar,
Porém disso estou sabendo:
O Lula saiu devendo
E a Dilma não quer pagar.

No mês de junho que vem,
Já vai completar um ano
Que vivo no desengano
Sem receber um vintém.
Você, poeta, também,
Que pôde participar
E também classificar
O seu trabalho, está vendo:
O Lula saiu devendo
E a Dilma não quer pagar.

Será que o Lula levou
A grana dos cordelistas
E também dos repentistas
E a todos nós enganou?
Ou será que ele deixou
Escondido num lugar
Que ninguém pode encontrar?
O tempo assim vai correndo:
O Lula saiu devendo
E a Dilma não quer pagar.

Esse prêmio intitulado
Patativa do Assaré
Vem usando de má-fé,
Porque já foi publicado.
O MinC comprou fiado,
Sem da conta se lembrar.
Vamos todos levantar
Nossa voz assim dizendo:
O Lula saiu devendo
E a Dilma não quer pagar.

É assim que o MinC faz
Seu incentivo à Cultura,
Sem honradez, sem lisura,
Botando a gente pra trás?
Confesso que é demais
Dessa forma se humilhar
A Cultura Popular
Que há tanto já vem sofrendo:
O Lula saiu devendo
E a Dilma não quer pagar.

Se fosse prêmio à elite
Da cultura nacional,
Com certeza, o edital
Era nobre no convite.
Me deu até um palpite
Do Chico parodiar,
E pedra e bosta jogar
Na ministra, eu recomendo:
O Lula saiu devendo
E a Dilma não quer pagar.

Dê atenção, Ana Hollanda,
Aos poetas populares,
Pois quais serão os lugares
Que a ministra agora anda?
E por que é que não manda
O nosso prêmio entregar?
Com quem podemos falar,
Se ninguém tá respondendo?
O Lula saiu devendo
E a Dilma não quer pagar.

Poeta, ninguém engana,
Que está enganando a Cristo.
Parece que não vê isto
A ministra, dona Ana.
Será que ela se ufana
Dessa forma comandar
O ministério, e ficar
Todos nós aborrecendo?
O Lula saiu devendo
E a Dilma não quer pagar.

Fazemos Literatura
De Cordel com muito amor,
Mas é balela o valor
Que dizem dar à Cultura.
Eu digo: é mentira pura!
E podemos comprovar.
Só fazem nos enganar,
Como vem acontecendo:
O Lula saiu devendo
E a Dilma não quer pagar.

Você, lá do outro lado,
Ó poeta Patativa,
Defenda a memória viva
Do seu nome festejado!
Que você foi enganado,
Pois resolveram botar
O seu nome num lugar
Que não está merecendo:
O Lula saiu devendo
E a Dilma não quer pagar.

Fonte: blog.jangadeiroonline.com.br

domingo, 27 de março de 2011

A novela "Cordel Encantado" já rende até entrevistas com os cordelistas

Por blog: Josué de Nazaré, o Cordel e o Cordelista

Posto abaixo o original da entrevista:Perguntas enviadas pelo Jornal para serem respondidas:

Ao escritor cordelista Josué:
Tribuna
- Os Portugueses quando aqui chegaram introduziram a Literatura de Cordel, desde então essa arte tem passado por um processo de aquisição de identidade com características tipicamente Brasileiras, sendo difundida principalmente na região Nordeste do país. Como você analisa esse processo de transformação?


Josué - Não reconheço a origem do nosso cordel dessa forma. Segundo o professor Doutor Aderaldo Luciano, pesquisador do CNPq, ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, autor de O auto de Zé Limeira e coordenador editorial da Editora Luzeiro, a principal casa de publicações em cordel, “o nosso cordel, apareceu no final do séc. XIX, no Recife-PE, onde foi impresso e ganhou a forma poética que o distingue.” Há quem afirme que a sua origem se deu na Paraiba, talvez porque o seu criador, Leandro Gomes de Barros, nasceu em pombal/Paraiba em: 19/11/1865 e morreu em 04/03/1918. – Foi Leandro quem Criou, formatou, imprimiu e difundiu o cordel, na forma de expressão como se mantém até hoje. Pode-se afirmar que o Cordel que conhecemos é genuinamente brasileiro.Literatura de cordel ou simplesmente, Cordel?Ainda segundo a tese de Aderaldo, “Como sabemos, o termo “Literatura de Cordel” é dado aos folhetos porque eles eram expostos à venda dependurados em barbantes ou cordéis. Tal denominação já era usada em Portugal... (BATISTA, op.Cit.,p.XXIII)” Na verdade, eu nunca vi e nem ouvi dizer que alguém tenha comprado um cordel dependurado em algum barbante e preso com prendedores de roupas. Todas as folhas soltas e/ou livretos dependurados em barbantes, lá em Portugal, ficou conhecido como “Literatura de Cordel”, mas, se foi Leandro quem criou o nosso cordel e tornou impresso o primeiro livreto, então, lá nos barbantes (cordéis) de Portugal, não podia haver nenhum folheto com as formatações do nosso Cordel.


Tribuna - Como você encara a atual abrangência dessa Literatura nas demais regiões do país? É bem difundida?
Josué: Sobre a abrangência do Cordel nas demais regiões do país, não tenho informações estatísticas precisas a respeito. Dos cordelistas da geração atual, alguns são, também pesquisadores do Cordel como é o caso do professor Marco Haurélio, que lançou recentemente o livro: “Breve história da literatura de cordel” , João Gomes de Sá que lançou “Alice no País da Maravilhas em Cordel”, Varneci Nascimento que entre tantos livretos da editora Luzeiro, também lançou pela editora Nova Alexandria o clássico “Memórias Póstumas de Braz Cubas em Cordel”, o nosso Aderaldo Luciano mestrado e doutorado em literatura com tese em Cordel e outros grandes cordelistas incansáveis na difusão do nosso cordel. Eles tem viajado pelo nordeste, tem pesquisado e eventualmente, trazem notícias do Cordel e dos cordelistas do nordeste mas, creio que o movimento maior, tem sido mesmo em São Paulo. Há o movimento denominado “Caravana do Cordel”, criado por um grupo de cordelistas com o apoio da Editora Luzeiro, também o grupo de estudos: “Roda de Cordel” e outros movimentos.


Tribuna - Quando falamos em Cordel, também estamos falando da arte da xilogravura. Ambas as manifestações artísticas compuseram uma união perfeita. Qual a sua visão a respeito das ilustrações presentes no Cordel?
Josué: Cordel é Cordel e Xilogravura é outra arte. Há informações de que, após 50 anos da existência do Cordel brasileiro, alguns autores passaram a se utilizar de ilustrações de Xilogravuras nas capas dos livretos de Cordel. Hoje se contrata um artista para criar e desenhar capas, a mão ou através da informática e nem por isso o Cordel perde as suas características.
O hábito de apresentar o Cordel através da cantoria do repente e/ou da xilogravura é falta de total conhecimento das origens do nosso Cordel. Xilogravura é uma arte, o cordel é outra e a cantoria é outra. O repentista pode cantar um cordel já escrito; Também ele pode criar e escrever um cordel, mas o repente cantado e normalmente acompanhado por uma viola é produto do improviso. O Cordel não é improviso. O Cordel é: Métrica, ritmo, rima, estrofação, lírica, épica e drama...


Tribuna - A Literatura de Cordel tem assumido uma forte função social ao tratar de questões como a coleta seletiva e reciclagem de lixo, enfim, o respeito ao nosso meio ambiente. Como você avalia o impacto de temas como esses sendo tratados no Cordel?
Josué - Para essa pergunta vou me valer da resposta do Cordelista Varneci Nascimento da editora Luzeiro, um dos fundadores do movimento “Caravana do Cordel”, visto que ele procura escrever sobre os mais variados temas:
“Avalio que é muito importante, visto que, usando a linguagem do cordel pode-se atrair muito mais os leitores que normalmente são jovens e adolescentes. A musicalidade e a rima do cordel oferecem esse dinamismo e só agora essa linguagem bela e secular começa a causar um maior impacto em todos os âmbitos sociais. Hoje em dia a maioria dos temas transversais como os já citados, estão sendo trabalhados pela linguagem cordeliana com grande êxito.”


Tribuna - Acredita que Literatura de Cordel recebe a atenção merecida por parte da sociedade ou é tratada de maneira superficial, como por exemplo, nos estudos voltados à Literatura Brasileira?
Josué: Drumond, publicou no jornal do Brasil em 09/09/1976, a crônica “Leandro, o Poeta”, onde registrou: “...que a láurea de, “O príncipe dos poetas brasileiros” outorgado em 1913 a Olavo Bilac, a rigor só podia caber a Leandro Gomes de Barros, planta sertaneja vicejando a margem do cangaço, da seca e da pobreza.” E conclui: - "Não foi príncipe do asfalto, mas foi, no julgamento do povo, rei da poesia do sertão, e do Brasil em estado puro".
O cordel continua a motivar, estudos e pesquisas nas áreas de Antropologia, Folclore, Lingüística, Literatura, História,... no entanto, os velhos conceitos de que a literatura de cordel, ou simplesmente, Cordel, é um subproduto popular, permanecem. Atentem para o termo “Literatura de Cordel” ou “Literatura Popular”, usado para se referir ao Cordel. O Cordel é poesia com todas as regras poéticas, tal qual a trova e o soneto. Alguém já ouviu o termo: Literatura de trova, ou Literatura de soneto? Não. O Cordel nunca esteve inserido nas antologias da literatura chamada de “erudita”, “oficial”. Por que?


Tribuna - Como educar e tornar a sociedade preparada para absorver a mensagem da literatura cordelista?
Josué: Primeiro através do currículo escolar. Não só a inserção no currículo, mas, o necessário apoio do governo para criar toda uma estrutura de apoio a impressão, divulgação e distribuição do Cordel a começar pelas escolas e colégios. Projetos de apoio a oficinas de cordel para os professores e/ou alunos. Maior utilização dos meios de comunicação, mas, sem confundir o ouvinte com apresentações de cantorias de repente e xilogravuras com o título de Cordel. Cada coisa no seu lugar.


Tribuna - Em poucas semanas, estreará na Rede Globo a novela Cordel Encantado, que trará em seu enredo um pouco dessa literatura. Isso é encarada de maneira positiva pelo senhor?
Josué: Sim. Toda forma de divulgação do Cordel é positiva e necessária. Com os primeiros anúncios da estréia da novela Cordel Encantado, nós os cordelistas percebemos alguma movimentação, telefonemas de pessoas perguntando a respeito, toda uma energia se ampliando nesse sentido. Por outro lado, eu, pessoalmente, tenho minhas preocupações com a forma de cordel que poderá ser apresentada:
Houve uma pesquisa ou palestras sobre o assunto com cordelistas? Quem? A classe dos cordelistas não é tão ampla quanto a classe dos escritores não cordelistas. Quais as fontes? Os primeiros anúncios de estréia mostram uma cantoria de repentes e imagens de xilogravura, mas e o Cordel?
O cordel é o “gênero de maior vitalidade na literatura brasileira” e como tal deve ser divulgado.

Fonte: josuedenazare.blogspot.com

sábado, 26 de março de 2011

UM POETA EM SEU OFÍCIO E UM DISCURSO DE POSSE EM FOLHETO

Discurso de posse  do poeta popular e cordelista mossoroense Antônio Francisco, que ocupa a cadeira número 15, que foi de Patativa do Assaré, na Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC)

Eu já sonhei galopando
Num cavalo colorido
Pescando em cima das nuvens
Tucunaré já cozido
Mas nunca tinha sonhado
Que eu já tinha morrido.

E foi no ano passado
Que eu tive um sonho assim
Morto de papo pra cima
Numa cama de capim
Com três anjos recitando
E cantando perto de mim.

Cada um dos anjos tinha
O nome no seu coeiro
Cantador Marcos Lucena
Cordelista e violeiro
Vate Gonçalo Ferreira
Poeta Manoel Monteiro.

Mesmo morto como estava
ouvi um deles dizer
Eu acho que já é hora
Deste poeta escolher
Onde quer nascer de novo
E o que ele quer ser.

E me tiraram da cama
Pegados na minha mão
E me levaram pra dentro
De um enorme salão
Me mandaram sentar
Na frente de um telão.

E começaram a passar
Com arte e suavidade
Todos recantos da terra
País, Estados e cidades
Com tudo, tudo que tinham
Em cada comunidade.

O anjo Marcos Lucena
Disse batendo na tela
Poeta escolha a cidade
Que você quer nascer nela
Crescer junto com seu povo
E morrer nos braços dela.

Abri a boca e fechei
Como quem matuta só
E mesmo com a língua presa
Com se tivesse um nó
Respondi quero nascer
Novamente em Mossoró.

O anjo Manoel Monteiro
Bateu em mim e sorriu
E disse: você agora
Vai ver o que nunca viu
Os maiores cordelistas
E que a luz do céu cobriu.

E num cantinho da tela
Começou a aparecer
Os retratos dos poetas
Que estavam pra nascer
E depois da foto a fama
Que cada um ia ter.

O anjo Gonçalo disse:
Cantador escolha aquele
Cordelista que você
Mais se afina com ele
E diga se quer ou não
Renascer no canto dele.

Eu disse anjo Gonçalo
Não pense que eu sou arisco
Mas se eu nascer cem vezes
Todas cem eu me arrisco
Sem me arrepender de uma
De ser Antônio Francisco.

Quero ser neto de Perto
Filho de Chico e Pedrinha
Ser criado por titia
E Maria prima minha
E crescer correndo perto
Do rancho que a gente tinha.

Quero quebrar minha vela
Na primeira comunhão
Pegar balde no Mercado
Malota na Estação
E jogar como eu jogava
Bola, peteca e pião.

Eu quero sentir a mesma
Pancada de emoção
Quando eu li com oito anos
Um cordel de Lampião
E recitei pra papai
Juvenal e o dragão.

Quero correr com o vento
Por dentro da capoeira
De calça curta e chinela
Armado de baladeira
E enganar o sol quente
De baixo da quixabeira.

Eu quero bater tijolo
Ser servente de pedreiro
Abrir letreiro na rua
Trabalhar de sapateiro
E encostar nos quarenta
Trabalhando de plaqueiro.

Eu quero ser um pouquinho
De cigano e de poeta
Um tico de cantador
Outro tico de atleta
E conhecer quase todo
Nordeste de bicicleta.

Eu quero viver de novo
Com Nira de Rafael
Pra ela encontrar de novo
O lugar que tem o mel
E lambuzar de garapa
as páginas do meu cordel.

Nesse instante o anjo Marcos
Bateu a asa e subiu
Desceu e disse você
Com certeza não ouviu
Mas nosso Mestre aceitou
Tudo que você pediu.

Mas antes que você nasça
De novo como nasceu
E viva do mesmo jeito
Que no passado viveu
Recite alguns poemas
Que Patativa escreveu.

Eu disse eu sei de tudo
Deste poeta matuto
Que nasceu pra defender
O povo do sertão bruto
E passar por este mundo
Sem deixar substituto.


A terra pode fazer
Mais de uma tentativa
Rodar na ponta do eixo
De ficar na carne viva
Mas ela se quebra e não sai
Outro igual a Patativa.

Comecei recitando
“Vaca Estrela” e “Boi Fubá”
“Cabocla da minha terra”
“Minha Terra Naturá”
“Prefeitura sem Prefeito”
“Cante lá que eu canto cá”.

Recitei “Nordeste Sim,
Mas nordestinado não”
“A escrava do dinheiro”
“O doutor do avião”
“As proezas de Sabino”
E “O retrato do sertão”.

Eu ia passar do tempo
De nascer só recitando
Poemas de Patativa
Com os três anjos me olhando
Quando acordei de repente
Com a mulher me chamando.

Acorda, preguiça acorda
Gustavo está aí fora
Ele, Ceiça e Mariana
Já faz mais de uma hora
Dizendo que você é
Da Academia agora.

Acorda, preguiça, acorda
Bata palma e diga viva
Foi na ABLC
Numa cadeira cativa
Lá no Rio de Janeiro
No lado de Patativa.

Eu disse morto de sono
Viva a loucura, viva!
É ela a dona dos sonhos
Da arte que nos cativa
Sem ela ninguém mistura
Pateta com Patativa.

E já refeito do sono
Que mandei Gustavo entrar
Eu disse: Gustavo, diga,
A Gonçalo pra arranjar
Um que tenha mais juízo
Pra sentar no meu lugar.

Diga lá que eu tenho medo
De dormir naquela cama
Não dela, mas dos que só
Aprenderam jogar lama
Das pedradas de inveja
Que dão nas costas da fama.

Gustavo Luz disse:
Poeta deixe de auê
Você vai pra Academia
E eu vou dizer porque
Todo mundo está vibrando
Torcendo por você.


Quem vai sentar na cadeira
Não é você, arigó.
É “Por Motivo de Versos”
“Dez cordel num cordel só”,
Uma banda do Nordeste
E o povo de Mossoró.

Eu disse: pronto, Gustavo,
Você já me convenceu
Mas não vou sentar no banco
De meu confrade escolheu
Porque um gênio não morre
Patativa não morreu.


Eu vou sentar com cuidado
Na pontinha da cadeira
E agradecer a Deus
A Academia inteira
Ao grande Marcos Lucena
E a Gonçalo Ferreira.

E dizer a Patativa
Meu ídolo, mestre e xará,
Poeta, faça bonito
Aí do lado de lá
Que eu vou ver o que faço,
Aqui do lado de cá.

Fonte: Jornal da Besta Fubana www.luizberto.com

Imagem: arara.fr

Senac realiza palestra sobre Língua Portuguesa e Literatura de Cordel (Mossoró RN)

          O Ser­vi­ço Na­cio­nal de Apren­di­za­gem Co­mer­cial (Senac) vai rea­li­zar na terça-feira, 29, pa­les­tra sobre um tema cul­tu­ral: Lín­gua Por­tu­gue­sa e Li­te­ra­tu­ra de Cor­del, que vai con­tar com a pre­sen­ça do poeta An­tô­nio Fran­cis­co.
          O even­to faz parte da dis­ci­pli­na Por­tu­guês do curso de Téc­ni­cos de Se­gu­ran­ça do Tra­ba­lho, mas a apre­sen­ta­ção é aber­ta ao pú­bli­co. Será às 19h30, na sede do Senac em Mos­so­ró.
           "É uma apre­sen­ta­ção vol­ta­da para o con­teú­do da dis­ci­pli­na, mas aber­ta ao pú­bli­co. Mui­tos acham que esse tipo de dis­ci­pli­na é sem graça, por isso ofe­re­ce­mos um pro­ces­so di­fe­ren­cia­do", diz o ge­ren­te do Senac Mos­so­ró, Glau­co Car­va­lho.
          Ele afir­ma que o Senac, ape­sar de ser co­nhe­ci­do pelos seus cur­sos téc­ni­cos, pre­ten­de con­tri­buir com de­ba­tes so­cio­cul­tuais tam­bém. A apre­sen­ta­ção, uma de mui­tas que irão ocor­rer, é a prova disso.
          Em abril, o Senac vai abrir mais um lote de cur­sos para este se­mes­tre. Ou­tras tur­mas de Téc­ni­cos de Se­gu­ran­ça e de Au­xi­liar de Ad­mi­nis­tra­ção estão entre as mais con­cor­ri­das.

Fonte: www.correiodatarde.com.br

Imagem: www.ablc.com.br

sexta-feira, 25 de março de 2011

ARIANO SUASSUNA E BRÁULIO TAVARES NA II FLIBO

          A Cidade de Boqueirão prepara-se para respirar de 24 a 27 de março LITERATURA PURA! Com PALESTRAS, MINICURSOS, OFICINAS, TEATRO, MÚSICA e Muita, Muita POESIA!

  

            A abertura da FLIBO é com o escritor Bráulio Tavares sobre IDENTIDADE E DIVERSIDADE CULTURAL, tema do evento e shows de Bossa Nova e MPB, com FREDY FEVEREIRO (SP) NO CEFAR, à partir das 19h30; e às 22hs, PATRÍCIA E JR. MENEZES (NA PRAÇA DO CENTRO TURÍSTICO - ABES).

             PARA ENCERRAR COM CHAVE DE OURO, DIA 27, DOMINGO A PARTIR DAS 17hs NA CASA DE SHOWS HITZ, O ESCRITOR ARIANO SUASSUNA PROFERIRÁ AULA ESPETÁCULO COM ENTRADA GRATUITA.
ANTES, ÀS 16hs, HAVERÁ LANÇAMENTOS LITERÁRIOS E BATEPAPO COM ESCRITORES, ENTRE ELES EFIGÊNIO MOURA, AUTOR DE EITA GOTA E CIÇO DE LUZIA!

          PARA CONFERIR A PROGRAMAÇÃO CLIQUE AQUI!

       Fonte: flibopb2011.blogspot.com

Novela: ‘Cordel Encantando’ se inspira na Literatura de Cordel

          Cordel Encantado tem previsão para estrear em abril e é escrita por Thelma Guedes e Duca Rachid. A equipe criativa da novela até prefere chamar a obra de “fábula”, já que a história vai durar cerca de 3 meses e se passará em locais fictícios. Na na narrativa estará presente a cultura sertaneja, a influência européia presente no nordeste e todo o universo fantástico da literatura de cordel.

           Bianca Bin será uma princesa que desconhece sua origem e acredita ser uma simples cabocla. Açucena, a personagem, será apaixonada por Jesuíno (Cauã Raymond), um jovem sertanejo que descobre ser o filho legítimo do gangaceiro mais famoso da região.

            O diretor de núcleo Ricardo Waddington falou de algumas características específicas da produção. “A novela será a primeira produzida em 24 quadros, por se tratar de uma fábula. A imagem tem até uma textura diferente, bem próxima com a que captamos em “A Cura”. Toda produção será gravada em estúdio”, conclui ele, que também dirige o programa “Amor e Sexo”.

            A trama também contará com Bruno Gagliasso, Alinne Morais (foto acima), Carmo Dalla Vecchia e outros do elenco de primeira da rede Globo.

             O interessante é que além do aspecto estético muito bem trabalhado, a trama parece envolver temas recorrentes do cordel. A Literatura de Cordel, como outros produtos de cultura de massa, recriam vários aspectos de uma cultura. O cordel começou na Europa, na Idade Média, numa época na qual poucos sabiam ler ou escrever. Ela tem esse nome pela forma como era vendida, folhetos pendurados em barbantes (cordas) à vista para qualquer leitor interessado que passasse.

            Muitas vezes o Cordel é ilustrado com xilogravuras, imagens geralmente em preto e branco e que no caso da novela inspiraram a abertura. Os temas são os mais variados, porém, histórias de reis, rainhas, cangaceiros, natureza e o sagrado e profano são a maioria entre os temas recorrentes.

            É só esperar que a Globo preste a devida homenagem a uma cultura tão rico e que vai tão longe no mapa e no tempo em suas origens.

Olha o vídeo de bastidores que foi ao ar no Video-Show:

Fonte: tvwonders.net

Imagem: dicasdiarias.com

Serra Talhada será palco de feira literária

             O município de Serra Talhada, no Sertão de Pernambuco, será palco nessa sexta-feira (25), da "1ª Feira de Literatura de Cordel do Sertão".

           O evento, promovido pela Fundação Cabras de Lampião, vai reunir diversos poetas do Sertão do Pajeú na terra de Lampião, entre eles: Dedé Monteiro, Edgar Muniz, Caio Menezes, Felipe Júnior, Dudu Morais, Dulce Lima, Genildo Santana, Adeval Soares, Neide Nascimento, Paulo Moura, Gilberto Mariano, Rui Grudi, Damião Enésio e Zé Pereira.

          O Sertão do Pajeú é conhecido em Pernambuco como a Terra dos Poetas. Serra Talhada, Tabira, Triunfo e São José do Egito são exemplos de cidades com forte identificação cultural.

Fonte: ne10.uol.com.br

Imagem: ascoresdalingua.blogspot.com

Feira do Livro reúne Cordel, repente, aves, e literatura fantástica

 A 11ª Feira do Livro Infantil vai acontecer nos dias 15 e 19 de abril

 
          A Secretaria Municipal de Cultura reúne neste ano cordel, repente e literatura fantástica para a 11ª Feira do Livro Infantil, que será realizada os dias 15 e 19 de abril, Sesc.

           A feira vai promover encontros com autores e escritores para conversa com o público. Os autores César Obeid e Martha Argel são os convidados desta edição.

            César Obeid é autor de 16 livros para todas as faixas etárias relacionados à cultura popular;Seu livro Pela voz do cordel, em coautoria com Maria Augusta de Medeiros, ganhou o 2º Concurso Literatura Para Todos, do MEC, na categoria tradição oral.

           Martha Argel é doutora em Ecologia pela UNICAMP, tem atuação destacada como especialista em aves brasileiras, com inúmeros trabalhos científicos publicados no Brasil e no exterior. Publicou os romances "O Vampiro da Mata Atlântica" e "Relações de Sangue", a antologia crítica "O Vampiro Antes de Drácula" e vários livros de contos, várias antologias, revistas e fanzines de ficção científica, fantasia e terror.

Fonte: redebomdia.com.br

imagem: diariodonordeste.globo.com

II Encontro com Poetas Populares e Rodas de Cantoria


II Encontro de Poetas Populares e Rodas de Cantoria

            A Academia Brasileira de Literatura de Cordel – ABLC realizou nos dias 17, 18 e 19 de março o II Encontro de Poetas Populares e Rodas de Cantoria. O projeto, idealizado por Fernando Assumpção, teve sua primeira edição em 2009. Financiado pela Secretaria de Estado e Cultura do Rio de Janeiro, contou com a parceria do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular/CNFCP/Iphan/MinC, que ofereceu as instalações do auditório do Museu de Folclore Edison Carneiro, nos dias 17 e 18.

           Em 2011, foram realizadas duas oficinas: com Sepalo Campelo e Mestre Campinense; os debates tiveram a participação dos poetas: Gonçalo Ferreira da Silva, presidente da ABLC; Mestre Manoel Monteiro, de Campina Grande, PB, que foi homenageado como o poeta do ano de 2010; Maria Rosário Pinto; Dalinha Catunda; João Batista Melo e, Ivamberto Albuquerque.

          A Roda de Cantoria ficou por conta do poeta Chico Salles, que apresentou os ritmos côco, baião e xaxado.

           Dia 19, por ocasião da Sessão Plenária, ouvimos a palestra da poeta Dalinha Catunda sobre a vida e obra de seu patrono Juvernal Galeno; Manoel Monteiro foi condecorado, pelo presidente, com a Medalha Leandro Gomes de Barros. Também foi oferecida à Madrinha Mena, a Medalha Rogaciano Leite, patrono dos beneméritos da ABLC.

          A reunião contou com a participação do colegiado do Rio de Janeiro e com a destacada presença do poeta Moreira de Acopiara, radicada em São Paulo, que veio trazer o seu abraço ao homenageado Manoel Monteiro.

Fonte: cordeldesaia.blogspot.com

quarta-feira, 23 de março de 2011

Patativa é tema de oficina do Poesia Encenada

           O projeto Palco Giratório 2011 desenvolvido pelo Serviço Social do Comércio (SESC), Regional Paraíba, promove uma oficina de Poesia Encenada, tendo como tema o cantador Patativa do Assaré, direcionada a grupos de teatro, estudantes e público em geral. A oficina acontece no próximo dia cinco de abril, em dois horários, no Mini Auditório da Unidade do SESC Centro.

          Para a inscrição, o interessado deve fazer a doação de dois quilos de alimentos não perecíveis, que serão repassados ao Banco de Alimentos do SESC, e, posteriormente, repassados a entidades carentes. As vagas são limitadas, e a oficina intitulada “Patativa num rio de poesia desembocando no teatro” tem por objetivo encenar pequenas histórias, apresentando como ponto de partida os textos de Patativa e as experiências dos participantes, com danças, cantos, trabalho corporal, desenvolvimento do jogo poético, construção e ampliação de um corpo para torná-lo expressivo, num estudo de ações físicas e vocais, na integração de linguagens, com leitura e experiências dramatúrgicas sobre os poemas de Patativa e outros poetas.

Patativa do Assaré

          Patativa do Assaré, que tem como nome de batismo Antônio Gonçalves da Silva, nasceu na Serra de Santana, em Assaré-CE, cantador sertanejo descobre a literatura através dos folhetos de cordel e dos cantadores, repentistas e violeiros do Nordeste. Em 1995, o então presidente Fernando Henrique Cardoso rendeu uma homenagem pública ao poeta popular conferindo-lhe a medalha “José de Alencar”. Patativa do Assaré, figura emblemática da poesia oral, tradicional e popular, graças à sua memória impressionante, recitou trechos de sua obra que celebram as grandezas e as misérias do Sertão, denominando de “Mestre da poesia popular”.

          Obteve popularidade a nível nacional, possuindo diversas premiações, títulos e homenagens (tendo sido nomeado por cinco vezes Doutor Honoris Causa). No entanto, afirmava nunca ter buscado a fama, bem como nunca ter tido a intenção de fazer profissão de seus versos. Seu trabalho se distingue pela marcante característica da oralidade. Seus poemas eram feitos e guardados na memória, para depois serem recitados. Daí o impressionante poder de memória de Patativa, capaz de recitar qualquer um de seus poemas, mesmo após os noventa anos de idade.

          O SESC Centro fica na Rua Desembargador Souto Maior, 181, região central de João Pessoa, e as inscrições podem ser feitas no horário comercial.

Fonte: paraiba.com.br

Imagem: joseivaldo.blogspot.com

Novos títulos enriquecem o catálogo da Editora Luzeiro

           Quatro novos títulos enriquecem ainda mais o catálago da Editora Luzeiro:
          - O Coronel Avarento ou O Homem que a Terra Recusou é uma história de exemplo que marca a estreia do contista Josué Gonçalves de Araújo. A capa é de Tony Fernandes.
           - Os Últimos Dias de Pompeia é uma adaptação espetacular do grande romance de Bulwer Lytton para o cordel, feita pelo poeta Evaristo Geraldo, um dos grandes autores da moderna literatura de cordel. A capa é do mestre Jô Oliveira.
          - A Moça que Mais Sofreu na Paraíba do Norte é um clássico do veterano poeta potiguar Antônio Américo de Medeiros, que traz na capa uma bela ilustração do também poeta Arievaldo Viana.
          - Satanás se Confessando Numa Santa Missão é mais uma história que envolve um personagem marcante no cordel, o Tinhoso, com predominância do tom humorístico. O autor é o cordelista e radialista sergipano Luiz Alves da Silva, o Gauchinho.
          Para adquirir estes e outros grandes títulos, entre em contato com a Luzeiro.
Fone: (11) 5585 1800
E-mail: vendas@editoraluzeiro.com.br

Fonte: fotolog.terra.com.br

MANOEL D’ALMEIDA FILHO

   Por Marco Haurélio
  Falar de Manoel D’Almeida Filho não é uma tarefa fácil. Afinal, trata-se de uma personalidade complexa, até certo ponto polêmica, porém imprescindível à compreensão da história da literatura popular em verso no Brasil. Apresentarei, primeiramente, o resumo biográfico que consta em sua ficha biobibliográfica publicada nos seus trabalhos editados pela Editora Luzeiro, de São Paulo. Alguns títulos mais expressivos aparecem citados neste trabalho, à guisa de introdução para futuras e melhor fundamentadas pesquisas.
          Manoel D’Almeida Filho nasceu em Alagoa Grande, Paraíba, a 13 de outubro de 1914 e faleceu em Aracaju, Sergipe a 8 de junho de 1995. Filho de Manoel Joaquim D’Almeida e Josefa Pastora da Conceição. Durante algum tempo foi cantador; porém é como poeta de bancada que se sobressaiu com uma obra extensa e de admirável qualidade. O seu primeiro folheto foi escrito em 1936: A Menina que Nasceu Pintada com as Sobrancelhas Raspadas. Era uma estória de exemplo, gênero com o qual não teria muita afinidade, quando de sua maturidade poética.
           Por muitos anos manteve uma banca de folhetos em Aracaju, cidade em que viveu a maior parte de sua vida, exercendo salutar influência sobre um grupo de bons poetas da região, lutando pela atualização e correção da literatura de cordel. Em 1955 ajudou Rodolfo Coelho Cavalcante a organizar o primeiro Congresso de Trovadores e Violeiros, realizado em Salvador.
          Por esta ocasião, entrou em contato com a Editora Prelúdio (antecessora da Luzeiro) de São Paulo, onde publicaria boa parte de sua obra.
Entre os muitos títulos que legou à posteridade destacam-se: A Sorte do Amor, Rufino, O Rei do Barulho, Padre Cícero, o Santo do Juazeiro, Os Quatro sábios do reino, A Vitória de Floriano e a Negra Feiticeira, Vicente, o Rei dos Ladrões, Jesus e o Mestre dos Mestres, Josafá e Marieta, O Monstro Misterioso, O Feitiço Por Cima de feiticeiro, O Lobisomem Encantado, A Noiva do Diabo, Os Três Conselhos da Sorte.
           As suas obras sobre o cangaço ocupa lugar privilegiado na poesia popular destacando na sua extensa bibliografia Os Cabras de Lampião, a obra-prima do autor e, indubitavelmente, a melhor biografia em versos sobre o famoso cangaceiro. Com 652 estrofes, enumera os feitos do Rei do Cangaço e prima pela objetividade e riqueza na descrição dos fatos.
           A estrofe abaixo atesta a honestidade intelectual do autor acerca das fontes em que se baseou, eximindo inclusive de possíveis equívocos:
Tudo que aqui narramos
Dos Cabras de Lampião,
Lemos ou nos foi contado
Por pessoas do sertão,
Não temos culpa se houve
Erros na informação.
           No rastro d’Os Cabras de Lampião, Almeida escreveria ainda duas biografias: Zé Baiano, Vida e Morte e Vida, Vingança e Morte de Corisco, onde focaliza de perto a trajetória dos dois conhecidos facínoras do bando de Virgulino. Do segundo, extraímos esta septilha, que revela o espírito contestador do grande bardo de Aracaju:
Não cremos nas leis humanas;
Nas sentenças nas muralhas,
Pois as pessoas que julgam
Humanamente são falhas,
Perdidas inconscientes;
Condenam mais inocentes
E libertam mais canalhas.
           O poeta era tão confiante no seu estro que no epílogo do cordel Os Conselhos do Destino faz este auto-elogio:
Manoel D’Almeida Filho
Guardou em sua memória
Este conto muitos anos,
Burilou a trajetória
E versou para os seu faz
Mais uma bonita história.
          Almeida, indubitavelmente, foi o maior elaborador de acrósticos da história da literatura de cordel, deixando sua assinatura poética em muitos títulos que ainda hoje estão entre os mais vendidos do catálogo da Editora Luzeiro.
Fonte: onordeste.com
Imagem: mateusbrandodesouza.blogspot.com

Literatura de Cordel - Os folhetos que contam o Nordeste

Por Ademar Lopes Jr.

Neste artigo, o jornalista Ademar Lopes Jr. desvenda alguns segredos destes folhetos que retratam o Nordeste: suas origens, sua história e seus autores.

            Inspirada na literatura francesa de colportage, nos romances e pliegos sueltos ibéricos e na própria literatura de cordel portuguesa, a nossa Literatura de Folhetos (ou de Cordel) nasceu e desenvolveu-se no nordeste brasileiro, contando as sagas e a sabedoria do povo sertanejo. Atualmente, esta manifestação popular pode ser encontrada em diversos pontos do país, sempre incentivada pelas comunidades nordestinas.

          O primeiro folheto de que se tem notícia foi publicado na Paraíba por Leando Gomes de Barros, em 1893. Acredita-se que outros poetas tenham publicado antes, como Silvino Pirauá de Lima, mas a Literatura de Cordel começou mesmo a se popularizar no início deste século. As primeiras tipografias se encontravam no Recife, e logo surgiram outras na Paraíba, na capital e em Guarabira. João Melquíades da Silva, de Bananeiras, é um dos primeiros poetas populares a publicar na tipografia Popular Editor, em João Pessoa.

           Contrariando a austera realidade do alto grau de analfabetismo, a popularização da Literatura de Cordel no Nordeste se deu mais pelo esforço pessoal dos poetas cordelistas, fora dos círculos culturais acadêmicos, contando suas histórias nas feiras e praças, muitas vezes ao lado de músicos. Os folhetos eram expostos em barbantes (daí o nome Cordel) ou amontoados no chão, despertando a atenção do matuto que se acostumou a ouvir os temas da literatura popular de cordel em suas idas às feiras, verdadeiras festas para o povo do sertão, nas quais podia, além de fazer compras e vender seus produtos, divertir-se e se inteirar dos assuntos políticos e sociais.

           Pode-se falar em Literatura de Cordel como um conjunto de autores, obras e público. O poeta cordelista, na maioria das vezes de origem humilde e proveniente do meio rural, migrava para os centros urbanos onde passava a tirar seu sustento da venda dos folhetos, chegando, algumas vezes, a funções de tipógrafo e editor. Neste contexto, ele se tornava verdadeiro mediador das concepções das classes populares nordestinas, já que compartilhava a mesma ideologia e valores de seu público. 

         Os folhetos, confeccionados em sua maioria no tamanho 15 a 17cm x 11cm e, em geral, impressos em papel de baixa qualidade, tinham suas capas ilustradas com xilogravuras na década de 20, em substituição às vinhetas. Já nos anos 30 e 50, surgiam as capas com fotos de estrelas de cinema americano. Atualmente ainda mantêm o mesmo formato, embora possam ser encontrados outros maiores. Quanto à impressão, substituindo a tipografia do passado, hoje são usadas as fotocópias.

Literatura de Cordel

           Os temas da Literatura de Cordel há muito são estudados por folcloristas, sociólogos e antropólogos, que chegam a apresentar conclusões polêmicas e algumas vezes contraditórias quanto à sua classificação. Detalhes à parte quanto às várias propostas, os folhetos se dividem entre os de assuntos descritivos e os narrativos. É no primeiro grupo que estão incluídos os folhetos de conselho, eras, corrupção, profecias e de discussão, que guardam um certo parentesco entre si por encerrarem uma mensagem moralista, freqüentemente ligada a uma ética e a uma sabedoria sertanejas.

            Nessa área, multiplicam-se as histórias que trazem como pano de fundo a vida dura do campo, cheia de sofrimentos, mas alheia aos desmantelos do mundo moderno e urbano. Também se encaixam nos folhetos descritivos as pelejas entre cantadores e poetas, as personalidades da cidade e da política (muitas vezes encomendados pelos próprios políticos em época de eleições), os temas de louvação ou crítica, os religiosos cantando preceitos e virtudes católicos, as biografias ou milagres dos santos e de figuras como Padre Cícero e Frei Damião. Há ainda os de gracejos, de acontecimentos reais ou imaginários, de bravura e valentia como os feitos de Lampião, Antônio Silvino, Pedro Malazarte, entre outros.

           As características gráficas e temáticas dos folhetos podem variar de acordo com o deslocamento da área de atuação do poeta que, muitas vezes, se depara com um público de concepções e comportamento diferentes aos do matuto nordestino. Exemplo disso é o cordelista Raimundo Santa Helena, tema de mestrado na UFRJ e um dos expoentes hoje da Literatura de Cordel. Paraibano radicado no Rio de Janeiro, Santa Helena mantém, em sua produção literária, o ideário e sensibilidade das composições poéticas dos folhetos nordestinos, e empenha-se, principalmente, em derrubar o mito de Virgulino Ferreira, o Lampião, que teria assassinado seu pai e violentado sua mãe em 1927.

Fonte: Dicionário Literário Paraibano.



Ademar Lopes Jr. é jornalista e poeta, autor de Espelho, 1986; Aisthêses, 1988 e Memórias de Nosso Cantinho, 1990.




Fonte: www.kplus.com.br





Imagem1: culturanordestina.blogspot.com