CORDEL PARAÍBA

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Bem-vindos, peguem carona/Na cadência do cordel,/Cujo dono conhecemos:/Não pertence a coronel./É propriedade do povo:/rico, pobre, velho, novo/deliciam-se deste mel./Rico, pobre, velho, novo/Deliciam-se neste mel.

(Manoel Belisario)



segunda-feira, 29 de novembro de 2010

RESULTADO DO BNB DE CULTURA 2011 SAI AMANHÃ


Todos os agentes culturais brasileiros inscritos no BNB de Cultura 2011 estão ansiosos e atentos ao resultado que está previsto para sair amanhã (30/11). Haja coração. Vários projetos paraibanos passaram para a segunda etapa. Inclusive um de minha autoria. Desejo boa sorte a todos.
Amanhã por esta hora
Já estarão nos jornais,
A lista tão esperada
Dos agentes culturais.
Ficando de fora lembre:
Virão outros editais
Manoel Messias Belizario Neto

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

MinC divulga habilitados do Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel

    

      O Ministério da Cultura  publicou neste dia 12 de novembro no Diário Oficial da União (Seção 1, páginas 4 a 8) a portaria com os projetos habilitados no Edital Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel 2010 – Edição Patativa de Assaré. Ao todo, o MinC recebeu 688 inscrições e habilitou 617. Os projetos não habilitados têm prazo de cinco dias úteis para interpor recurso.
      Serão selecionadas 200 iniciativas culturais vinculadas à criação e produção, pesquisa, formação e difusão da Literatura de Cordel e linguagens afins (xilogravura, repente, coco e embolada, entre outras) com premiação total de R$ 3 milhões. Trata-se do primeiro apoio oficial do MinC ao setor, desde a regulamentação da profissão de cordelista em janeiro deste ano.
      Os estados do Ceará (158 inscritos), Pernambuco (125) e São Paulo (82) foram os que enviaram a maior quantidade de projetos. O diretor de Livro, Leitura e Literatura do MinC, Fabiano dos Santos Piúba, explica que o prêmio é resultado das demandas apresentadas no Seminário de Políticas Públicas para Cordel, realizado em maio de 2009. “Esse prêmio vem atender a necessidade de ressaltar a Literatura de Cordel e linguagens afins como patrimônio imaterial do Brasil, entendendo sua unicidade e papel central na construção da identidade e da diversidade cultural brasileira”, diz.
      A categoria voltada para a Criação e Produção (apoio à edição e reedição de folhetos de cordel, livros, CDs e DVDs) foi a que recebeu a maior quantidade de inscrições: 323 propostas, sendo 284 habilitadas. Os estados do Ceará (85 inscritos), São Paulo (42) e Rio Grande do Norte (29) foram os que enviaram a maior quantidade de projetos nesta categoria.
      Na categoria destinada à Pesquisa (dissertações de mestrado, teses de doutorado ou reedição de livros) foram inscritos 27 projetos, sendo quatro inabilitados. O Ceará foi o estado com a maior quantidade de pesquisas inscritas: sete.
      O MinC recebeu 116 propostas para a categoria de Formação (projetos que contribuam para a formação de profissionais que atuam em áreas que dialogam com a Literatura de Cordel e suas linguagens afins, como cursos, seminários, etc), habilitando 109. Nesta categoria, o estado de Pernambuco foi o que enviou a maior quantidade de projetos (24), seguido do Ceará (22) e Rio Grande do Norte (11).
       A categoria de Difusão (eventos e produtos culturais que contribuam para a valorização e propagação da cultura popular, como feiras, mostras, festivais e outras iniciativas) foi a segunda com maior quantidade de inscrições: 217. Deste total, 201 foram habilitados. Pernambuco (49 inscritos), Ceará (44) e São Paulo (26) foram os estados com maior quantidade de projetos enviados nesta categoria.
       O prêmio é uma das ações do Programa Mais Cultura, que inclui a cultura na agenda social do País e é pautado na integração e inclusão de todos os segmentos sociais, na valorização da diversidade e do diálogo com os múltiplos contextos da sociedade. O resultado completo do edital encontra-se nos site www.cultura.gov.br e http://mais.cultura.gov.br

Fonte

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terça-feira, 16 de novembro de 2010

VELÓRIO NO SERTÃO (VERSO II)

  

O choro transpassa a noite
E o peito das sentinelas
Que viajam nas memórias
Aquecidas pelas velas
Só Deus é explicação
Para tamanha mazela.

Comadres antes distantes
Unidas na ocasião
Organizam a cozinha.
Tomam conta do fogão.
Fazem chá, café e levam
Aos que resguardam o caixão.

Lá fora os jovens namoram
Tagarelam, dão risada.
Parece que a morte não
Passou por aquela  estrada.
São duas realidades
Muito diferenciadas.

Horas antes do enterro
As comadres se levantam.
Rodeiam o caixão em rezas.
Fecham os olhos e cantam.
Rogam por aquela alma.
Todos os males espantam.

Chega o terrível momento
De enterrar a criatura
O choro dobra o de antes
Se eleva a toda altura.
Quem ainda não chorou
Agora desestrutura.

Uma das filhas desmaia.
Outras grita enlouquecida
Por Deus, Porém não tem jeito.
Lá se foi àquela vida.
Os homens pegam  o caixão
E se dirigem a saída.

E assim a marcha segue
Desapressada e tristonha.
Se some no horizonte
Só a enxerga quem sonha
Até que a última lembrança
Um dia se decomponha.

Manoel Messias Belizario Neto

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sábado, 13 de novembro de 2010

VELÓRIO NO SERTÃO (VERSO I)

 

Na sala jaz os parentes
Rodeando o caixão.
Comentam o que foi a vida
Daquele ser com emoção.
O sítio inteiro aparece
Com olhos de compaixão.

Os filhos homens tristonhos
Recebem os conhecidos.
Explicam para os compadres
Como foi o ocorrido.
Outros arrumam papéis
Do enterro a ser seguido.

As mulheres estas choram
Lamentando a ocorrência.
Um choro que vara a alma
O qual recebe a clemência
Das comadres que as abraçam
Com um ar de paciência.

A filha grita “ô meu Deus
Porque isto aconteceu?
Ô minha Nossa Senhora
Porque minha mãe morreu
Acabou-se nesta Terra
O ser melhor que viveu.”

Entre soluços lamenta:
”Ô mãe,por favor levanta.
Minha mãezinha querida
Só você a vida encanta.
Como é que eu vou viver
Sem o calor de tua manta?”

Aquele lamento envolve
As sentinelas presentes.
As mulheres todas choram
Os homens sérios somente,
Mas por dentro estão em pranto
Silenciam amargamente.

(continua...)

Manoel Messias Belizario Neto

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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

SERTÃO SERTANEJO, SERTANEJO SERTÃO

SERTANEJO
Cada dia disto mais
De ti planeta Sertão.
Quando a seca apertou
Abandonei o teu chão.
Toda vez que de ti lembro
Me aperta o coração.

 

SERTÃO
Sertanejo filho amado
Como sinto  a tua ausência.
O casebre é outro ente
Se acabando em carência.
Volta filho pro teu lar.
Filho meu tende clemência.

 

 SERTANEJO
Sertão pedaço de mim
Te ouvindo agora até choro.
Este São Paulo, este morro
Onde morro ou mesmo moro
É um lugar tão cruel
Suga os vãos de meus poros.

SERTÃO
Filho eu também não era
Um paraíso, isso sei.
Porém apesar de tudo
Em meu reinado, eras rei.
Tinhas poucas regalias
Mas meu amor sempre dei.

SERTANEJO
Sertão pedaço de mim
Serei sempre agradecido
Pelos momentos melhores
De ti eu ter recebido.
Obrigado Sertão belo
Por em ti eu ter vivido.

SERTÃO
Filho meu o  teu casebre
Mais ninguém quis abrigar.
Os torrões caem do corpo
É tão triste o seu penar.
Chora na noite obscura
Querendo te ver voltar.

 

SERTANEJO
Sertão, pedaço de mim
Que saudade da tapera
Socada no cuvioco
Minha adorável quimera
Fiel a seu companheiro
Nesta infindada espera.

Sertão pedaço de mim
Sinto falta do teu cheiro
Sinto falta de teus matos
De teus riachos brejeiros.
De tuas serras imensas.
De teus frondosos lajeiros.

SERTÃO
Sertanejo filho meu
Lembro de ti todo dia.
Quando levanto cedinho
Cadê tua companhia?
Sigo ao roçado sozinho
Sem encontrar alegria.

Sertanejo filho meu
A vereda do roçado.
Onde ficava o curral
No qual chiqueirava o gado...
Nunca sertanejo meu
Deixarás de ser lembrado.

SERTANEJO
Sertão pedaço de mim
Nunca hei de te esquecer
SERTÃO
Sertanejo filho meu
Assim que quiser me ver
Estou de braços abertos
Pronto pra te receber.

Manoel Messias Belizario Neto

Imagens da internet

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

CONVERSA SAUDOSA COM A ARTE CORDEL

Ó bela arte cordel
Onde andam teus Leandros?
Onde estão os teus Franciscos
Batistas e teus Nicandros?
Onde dormes? Onde escondes?
Percorreis em quais meandros?

Ó bela arte cordel
Quem te dará tanto brilho
Como fez em outras eras
Manoel D’almeida Filho.
Cujos versos são um trem
Que nunca saiu do trilho.

Ó bela arte cordel
Me diz quando surgirá
Poetas como o poeta
Silvino Pirauá
Cujas histórias em versos
Tão belos talvez  não há.

Ó bela arte cordel
Onde anda a declamação
De teus versos grandiosos
Pelas feiras do Sertão?
Quem ofuscou o teu brilho?
Quem fez esta má ação?

Ó bela arte cordel
Tens tantos representantes
Hoje, porém te percebo
Cada dia mais distante
Do auge da produção
A que alcançastes antes.

Manoel Messias Belizario Neto

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