Editora Prumo traz, em formato de poesia, a divertida história do vaidoso imperador enganado por dois ladrões
A Editora Prumo lança, este mês, a obra “A Roupa nova do imperador”, recontada em forma de literatura de cordel pelo escritor João Bosco Bonfim, com ilustrações de Laerte Silvino. O livro é uma adaptação do clássico conto do autor Hans Christian Andersen – que é conhecido por suas diversas obras, entre elas, O Soldadinho de chumbo e a Pequena Sereia.
O livro narra a história do imperador que foi enganado por dois ladrões, que se fingiram de tecelões e disseram ter feito uma linda roupa para ele, mas que apenas as pessoas perfeitas poderiam vê-la. Apesar de não enxergá-la, o rei, vaidoso e perfeccionista, sai às ruas exibindo sua roupa, até que uma criança desfez a farsa ao gritar no meio da multidão: O rei está nu!
Desenvolvido em Portugal e popularizado no nordeste brasileiro, o cordel, famoso poema popular, recebeu este nome por ter seus impressos expostos para venda em cordas ou cordéis. O livro possui versos em sextilha com estrofe de seis versos de sete sílabas, com o segundo, o quarto e o sexto rimados, o que torna a leitura ainda mais prazerosa.
Os traços bem regionais e os tons vibrantes utilizados por Silvino nas ilustrações completam a obra, realçando a leveza e a alegria características dos contos populares.
“A Roupa nova do imperador” é o segundo livro da coleção em cordel que transforma os contos em rimas. A primeira obra – “O soldadinho de chumbo” também é de autoria de João Bosco Bezerra.
SOBRE O AUTOR
João Bosco Bezerra Bonfim nasceu em 1961, no Ceará. Mudou-se para Brasília em 1972, onde vive até hoje. Mas sua vivência do sertão, reconfirmada nas constantes viagens, levou-o a admirar as histórias narradas pelos mais antigos. Contadas na varanda das casas, as narrativas de valentia ou de assombração da tradição oral brasileira são tão ricas como quaisquer outras da literatura universal. Graduado em Letras (1986), com Mestrado (2000) e Doutoramento (2009) em Lingüística, tem pesquisas sobre o cordel brasileiro. Com duas dezenas de livros publicados, vários deles para crianças, tem atuado em escolas, feiras e festas literárias, contando histórias e ministrando oficinas sobre a arte de ler e criar.
SOBRE O ILUSTRADOR
Laerte Batista Silvino é de Recife, Pernambuco. Ilustra para diversas revistas de circulação nacional e para algumas editoras de literatura infanto-juvenil e de livros didáticos. Também publicou quadrinhos em várias revistas do gênero. Como cartunista expôs em vários salões no Brasil e no mundo (Irã, Portugal, Estados Unidos etc.). Atualmente também trabalha como ilustrador do jornal Folha de Pernambuco.
Fonte: correiodearaxa.com.br
Imagem: blog1.aprendebrasil.com.br
Esse é o título um dos meus cordeis:
ResponderExcluirA ROUPA NOVA DO IMPERADOR
Do livro:
CONTOS DE FADAS POLITICAMENTE CORRETO
De JAMES FINN GARNER
Tradução e adaptação de Cláudio Paiva.
Cordelizado por: ROSA REGIS
Há muitos e muitos anos,
Do outro lado do mundo,
Vivia um alfaiate
Cujo nome era Raimundo.
O alfaiate inquieto
Que vivia a viajar,
Num lugar desconhecido
Um dia ele foi parar.
Era um pequeno reinado
Cujo rei que o governava
Era bom, mas, vaidoso!
Todo mundo comentava.
E o alfaiate inquieto,
Que diverge dos padrões
Dos tranqüilos alfaiates,,
Já pensa com seus botões:
- Aqui eu vou dar-me bem!
- Da vaidade do rei
Eu vou me aproveitar.
Para isso, a forma eu sei.
Do rei, por um seu vassalo,
Procura se aproximar:
Faz amizade com este
Para no palácio entrar.
Ao vassalo então induz
Que convença a realeza
Ser ele um grande alfaiate.
O melhor da redondeza.
E o que ele esperava
Logo, logo, aconteceu.
Dia seguinte o alfaiate
Um recado recebeu.
Era uma ordem do rei
Que o chama a comparecer
Ao palácio, com os tecidos,
Para uma roupa fazer.
Ele, que qualquer amostra
De nenhum tecido tem,
Maquina enganar o rei.
Isso ele faz muito bem!
Vai ao Palácio Real
Sem nada. Mãos abanando.
E, lá chegando, ao rei,
Mãos vazias, vai falando:
- Meu rei, o que tenho aqui,
É um tecido especial
Que só quem vê é pessoa
De mente fenomenal.
Tecidos maravilhosos
Que só quem tem o poder
De vê-los, pois, são os deuses,
E os de maior saber.
E o rei, que nada via,
Não querendo parecer
Que não era inteligente,
Fingiu que estava a ver.
Encomendou a roupagem
Ao grande mentiroso
Que saiu dali sorrindo,
Se achando vitorioso.
E alguns dias depois
Ao reino ele retornou.
Nada nas mãos vem trazendo.
Porém ao rei afirmou:
- Eis aqui, meu bom monarca,
A roupa da encomenda!
A fiz com zelo e capricho!
Ficou que é mesmo uma prenda!
O monarca envergonhado
Por nada ver, duvidando
De si mesmo, ao seu vassalo
Dirige-se, comentando:
- Amanhã desfilarei
Pelas ruas da cidade
Ao povo será mostrada
A roupa da majestade.
Com o alfaiate ajudando,
A roupa experimentou.
O vassalo ao vê-lo nu
Sorrindo, o rosto virou.
Porém logo dominou
O sorriso. Pois sabia
Que se dissesse o que viu
O monarca o puniria.
Além do mais o vassalo
Não queria ser chamado
De idiota ao dizer
Ter visto o seu rei pelado.
Pois o alfaiate afirmara,
Ouvira, veementemente,
Que só veria a tal roupa
Quem fosse inteligente.
A Corte fora avisada:
- O Monarca desfilará
Com a sua nova roupa!
- Só quem for sábio a verá!
- E aquele que for parco
Da inteligência, afinal,
Não verá a nova roupa
Que é mesmo colossal.
No dia e hora aprazada
Todo o povo do reinado
Tomou as ruas esperando
O desfile anunciado.
Soam trombetas!!... É hora
Da nobre apresentação!
O rei surge! Boquiaberta,
Deixando a população.
Está totalmente nu!
E sem demonstrar vergonha,
Mostrando o corpo banhudo.
É uma visão medonha.
Ele vê que está nu
Mas não o pode afirmar,
Tal qual a população.
Pra não se menosprezar.
Já que só que vê a roupa
É quem é inteligente,
Nem o rei e nem o povo
Aceita a verdade. Mente.
Mas, eis que uma criança,
No meio da multidão,
Grita: - O rei está nu!
E esconde o riso com a mão.
É interrompido o desfile.
O imperador parou.
De repente um esperto
No meio do povo, falou:
Não! O rei não está nu!
Está somente adotando
“Nova opção de vida”
E a nós todos mostrando.
O povo soltou um viiiiva!!
A roupa toda tirou
E, dançando alegremente,
Ao rei, nu, acompanhou.
Nus, o povo e o monarca,
Dançavam ao sol. Que beleza!
Sem vergonha, sem pudor,
Como manda a Natureza.
Daquele dia em diante
Tornou-se opcional
A roupa naquele reino.
Andar nu era legal.
O alfaiate malandro
Que ao rei quis enganar,
Perdendo o seu ganha-pão
Foi-se daquele lugar.
Empacotou as idéias
Com agulhas e dedais,
E foi-se sem dar adeus
Pra não voltar nunca mais.
FIM
Natal/RN – 06/10/2008 – no consultório médico.
Bela construção poética, amiga.
ResponderExcluirQuadras assim... com ótima narrativa, não é pra quem quer, e sim, pra quem pode!
Abraço
PedrO MonteirO
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