Fonte: Blog Cordel na Sala de Aula: educarcomcordel.blogspot.com
Autor: Poeta Paulo Moura
A HISTÓRIA DO CORDEL
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Eu vou contar pra vocês
De forma bem popular
A história do CORDEL
E a todos vou ensinar
Mostrando o quanto é fácil
RIMAR e METRIFICAR.
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Mas para se conseguir
Escrever sem escarcéu
Versos com ORAÇÃO e RIMA
Lanço mão deste papel
E começo por falar
Da ORIGEM do CORDEL:
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A poesia ilumina
Minh’alma neste momento
Pra que eu possa, nestes versos
Mostrar com conhecimento
O que é MOTE, VERSO e RIMA,
Será esse meu intento.
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O CORDEL surgiu por causa
Da grande necessidade
Dos povos do velho mundo
Praticar a ORALIDADE
Contando os acontecidos
Para o povo da cidade.
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Naquelas comunidades
Bem poucos sabiam ler
No século dezessete
Era triste de se ver
Pois se ali poucos liam
Pra quê então escrever?
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Surgiu então o FOLHETO
Que correu o mundo inteiro
Portugal, Espanha, França
Até que um aventureiro
Transportou nas caravelas
Para o solo brasileiro.
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Chamavam de “Folhas Soltas”
Os FOLHETOS portugueses
Pliegos, Hojas, Corridos,
Na Espanha, e os franceses
“Literatura ambulante”,
E “Canard” os Ingleses.
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Mesmo com nomes diversos
Em todo canto era igual
Envolviam narrativas
De cunho tradicional
Estórias de valentia
Ou assunto ocasional
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De além mar, para o Brasil
Em forma de ORALIDADE
Veio aportar no Nordeste
E com a originalidade
Dos poetas sertanejos
Ganhou notoriedade.
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Desde quando foi trazido
Pelos colonizadores
Lá na Serra do Teixeira
Os primeiros cantadores
Disseminaram a POESIA
Pelo Pajeú das flores.
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O Vate Agostinho Nunes
Foi do cordel um herdeiro
Com Ugolino Sabugi
Que também foi pioneiro
Junto com o irmão Nicandro
Ambos, filhos do primeiro.
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Foram os primeiros poetas
Da ala dos cantadores
Que em 1830
Mostraram os seus valores
Do sertão do Moxotó
Até o Pajeú das Flores
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E o nome de CORDEL
É por causa da maneira
Que na Europa se expunha
Para se vender na feira
E com esse nome o “FOLHETO”
Atravessou a fronteira
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E o CORDEL ganhou fama
Nas feiras e arruados,
Cidades de interior
Vendas, bodegas, mercados
E pelos cegos das feiras
Era muito recitado
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Depois, em 1900
Ganhando notoriedade
O CORDEL, que era ouvido
Através da ORALIDADE
Para a gráfica seguiu
Pra se vender na cidade
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Leandro Gomes de Barros
Foi o grande precursor
Da parte EDITORIAL
Que o CORDEL se transformou
O FOLHETO difundiu-se
Aumentando seu valor
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João Martins de Ataíde
E Silvino Pirauá
Foram grandes precursores
Da arte de versejar
E o nosso CORDEL então
Viajou lá do Sertão
Até as pancadas do mar.
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No ano 1900
Na década de 40
O CORDEL sofreu uma queda
Gradual, sofrida e lenta
Por causa da evolução
Dos meios de comunicação
Que o progresso fomenta
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Televisão e jornal
Radio de pilha e correios
Foram chegando pra o povo
Que não tinha outros meios
E nem de longe sonhavam
Com internet ou emails
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E das mãos do sertanejo
Nosso CORDEL foi sumindo
Porque o radio e a TV
Na sua casa foi surgindo
Que nem deu pra acreditar!
Ver o progresso acabar
Com um movimento tão lindo!
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Mas outra duvida tiro
Pois nisso sou menestrel
Vou falar pra todo mundo
Da função e do papel
E dizer de forma clara:
Como é feito o CORDEL:
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Criaram-se vários tipos
Vários ESTILOS e FORMAS
E pra editar um CORDEL
Existem regras e normas
De 8 a 16 folhas
Existem várias escolhas
E os temas são gerais
E tem também outros lances
Como os CORDÉIS de Romances
Com 30 ESTROFES ou mais
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O seu assunto varia
De forma bem casual
Estória de aventuras
Lutas do bem contra o mal
Da sina de um Cangaceiro
De penitente, romeiro,
Ou tema circunstancial.
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É escrito normalmente
Seguindo uma mesma trilha
A DÉCIMA, pouco usada
Ou mesmo a SEPTILHA
Contudo o mais usado
E que ficou consagrado
Foi o gênero: SEXTILHA
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Alem da RIMA e da forma
Pra compor a EDIÇÃO
Tem algo muito importante
Na sua HARMONIZAÇÃO:
É escrito em sete sílabas
Pra dar METRIFICAÇÃO
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Sete sílabas poéticas
É o que você vai usar
Para construir seis VERSOS
E para melhor ficar
Os VERSOS 2, 4 e 6
Entre si devem RIMAR
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Outros formatos de RIMA
A SEXTILHA pode ter
Com rima ABERTA ou FECHADA
Você pode escrever
Contudo o estilo acima
É mais fácil de fazer
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E é bom logo aprender
Que “VERSO” é cada LINHA
Que “ESTROFE” é o CONJUNTO
De VERSOS de um poeminha
E que RIMANDO, a POESIA,
Vai ficar mais bonitinha
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Manoel Alexandrino
De Mendonça Serrador
Da ESTROFE de SETE LINHAS
Foi o idealizador
Uma linha a mais na sextilha
Ganhou mais graça e valor
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SEPTILHA ou SETE PÉS
São SETE VERSOS rimados
A linha 2, 4 e 7
Vão rimar emparelhados
Linha 1 e 3 não rima
A 5 da 6 é prima...
...E tudo METRIFICADO!
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A DÉCIMA é outro estilo
Que também é muito usado
Com sete silabas poéticas
(Que não tenha “pé quebrado”!)
Mas também vai ficar belo
Dez silabas em “MARTELO”
E se o cabra desejar
12 silabas poéticas
Ou 11 para ter métricas
De GALOPE a BEIRA MAR
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A sua RIMA varia
Se tiver MOTE ou não
É bem fácil de fazer
Basta prestar atenção:
No esquema A,B,A,B,
C,C,D,E,E,D,
Não vai haver confusão
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A sua 1ª linha
Deve rimar com a 3ª
Se a 2 com a 4 se alinha
A rima fica certeira
A 5 rima com a 6
E digo mais pra vocês
Que são alunos fieis
Se a 8 e a 9 rimar
Tá bom, e vai melhorar
Se a 7 rimar com a 10.
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A poesia de dez linhas
É ideal pra usar
Quando alguém dá um MOTE
Para o poeta GLOZAR
Nesse caso nossa décima
Vai sua forma mudar:
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Com MOTE a 1ª linha
Com a 4 e a 5 tem vez
A 2 vai rimar com a 3
Pra ficar bem casadinha
A 6 e a 7 juntinha
Vai rimar com a linha 10
Aprenda com os menestréis
Que bem melhor vai ficar
Se 8 com 9 rimar
Para o verso de dez pés
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Existem diversas formas
De fazer verso rimado:
Meia Quadra, Gemedeira,
Quadrão e Mourão Voltado,
Tem baião de Gemedeira,
Parcela, Quadra, Ligeira,
E Martelo Agalopado.
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Coloque o lápis de lado
E uma folha de papel
Lance mão deste livreto
E se sinta um Menestrel
Use a imaginação
E abra seu coração
Pra escrever “seu” Cordel.
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E acredite que, na vida
Fazendo as coisas corretas
Não somos só sonhadores
Pois temos planos e metas
Estudar com alegria,
Ler muito e fazer poesia,
Pois o mundo é dos Poetas.
Poeta, informe no seu blog que nós temos tambem a partir deste cordel, um projeto no qual levamos a poesia para a sala de aula, ok?
ResponderExcluirqualquer coisa acesse o site:
www.educarcomcordel.blogspot.com
um abraço
Paulo Moura