CORDEL PARAÍBA

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Bem-vindos, peguem carona/Na cadência do cordel,/Cujo dono conhecemos:/Não pertence a coronel./É propriedade do povo:/rico, pobre, velho, novo/deliciam-se deste mel./Rico, pobre, velho, novo/Deliciam-se neste mel.

(Manoel Belisario)



sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Literatura de cordel do prestigiado Moreira de Acopiara é tema de novo livro da Editora Melhoramentos -

Literatura de cordel

Editora Melhoramentos lança a obra Colcha de Retalhos, do autor Moreira de Acopiara, conhecido por sua atuação frente a divulgação da cultura nordestina e da literatura de cordel. O livro apresenta através do cordel e das xilogravuras, as lembranças de um morador da roça, que retorna a sua cidade natal anos depois e percebe, de forma peculiar, que nada mudou.
Em Colcha de Retalhos, livro da Editora Melhoramentos, Moreira de Acopiara – um dos maiores representantes da cultura nordestina, reconhecido internacionalmente por difundir a literatura de cordel, e membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), convida o leitor a conhecer o universo da xilogravura e do cordel por meio de um dos contos mais surpreendentes do sertão brasileiro.
A obra narra a história de um jovem que, do alto de seus 20 anos, decide sair do “Cantinho” onde mora para viver fora, estudar e “mudar de vida”.
Já bem-sucedido em sua empreitada, o jovem retorna à cidade por um motivo muito especial: visitar o amigo, José Alvorada, morador da roça. Nostalgia e lembranças doces (ou nem tanto) de um tempo que não mais volta invadem seu coração e ele reconhece tudo o que aprendeu ali mesmo, naquele lugar onde a cultura é quase intocada de tão primária. Durante sua visita, ele conhece Regina, única filha de José, uma bela e tímida moça, de 14 ou 15 anos. Conhece ainda Ana, a esposa de José, e a sogra do amigo, dona Joaquina - matriarca da família.
Na ocasião, em um momento especial, Dona Joaquina mostra ao visitante a colcha de retalhos que fazia para a neta, aproveitando as sobras de todos os vestidos da menina e revela que este será seu presente de noivado e que o último retalho aplicado será o do vestido de casamento dela.
Dois anos mais tarde, o rapaz volta ao local para rever José Alvorada. Entretanto, estremece ao perceber que, do sítio, já não resta mais nada. Todo aquele lugar “mágico” estava em ruínas. Mais do que isso, Ana, a esposa, falecera e a filha, Regina, fugiu para ser 'moça' na cidade, levada por um rapaz da vizinhança. Para completar, a velha avó, acabada pelos desgostos, abandonara a confecção da colcha. Lamentando a perda da neta como se esta tivesse falecido, dizia apenas aguardar a própria morte para levar a colcha inacabada feito mortalha.
E é assim que, no decorrer das linhas, o autor conta, em forma de versos medidos, a história da família Alvorada. O que permite ao leitor identificar semelhanças destes personagens com sua própria trajetória. Hábitos e lendas que atravessam gerações enriquecem ainda mais o contexto cultural da obra. Tudo contado em cordel aliado à intimidade e experiência do cearense, Moreira de Acoipara.
A literatura de cordel tem origens na Europa da Idade Média, dos trovadores e menestréis e provavelmente tenha chegado ao Brasil de maneira oral, junto com o colonizador, ali pelo século XIX. Típicos do Nordeste brasileiro, os folhetos com versos medidos e rimados, geralmente com estrofes de seis versos (sextilhas) ou de sete (setilhas), de sete sílabas poéticas, com xilogravura na capa, são conhecidos pelo nome de cordéis. São histórias de heróis e santos, dramas ou reportagens sobre ocorrências locais, que costumas expostas e vendidas em feiras e mercados pendurados em cordões.
Enriquecem a obra as ilustrações de Erivaldo Ferreira da Silva, com suas variadas texturas e ícones, xilógrafo que aprendeu a técnica com Ciro Fernandes e com o autor e ilustrador J. Borges.
E para aproximar o público dessa técnica tão peculiar, a Editora Melhoramentos expõe em seu estande, durante a XV Bienal do Livro Rio, as matrizes de madeira nas quais as xilogravuras da obra foram gravadas.

Colcha de Retalhos,Moreira de Acopiara, Ilustrações de Erivaldo Ferreira SilvaEDIÇÃO CONFORME ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA40 páginas / 17 x 24 cm / brochura / R$ 34,00
Editora Melhoramentos, 2011

Sobre o autor:
Moreira de Acopiara assina seus trabalhos com o nome de sua cidade natal. Nasceu em Acopiara, sertão central do Ceará, em 1961, e escreveu seus primeiros versos aos treze anos, influenciado pelos mestres da literatura de cordel e pelos cantadores repentistas. Publicou mais de cem cordéis e vários livros, além de gravar dois CDs. Desde 2004, ocupa a cadeira de número 4 da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC).
Em sua história de vida pessoal, foi alfabetizado pela mãe e entre um trabalho e outro realizado na fazenda onde viveu, até os 20 anos, intercalava os horários para a leitura de livros de autores como Graciliano Ramos, Machado de Assis, Patativa do Assaré, Fernando Pessoa, Castro Alves, Camões, a literatura de cordel e os versos dos cantadores repentistas da região. Poeta e escritor, estudioso e conhecedor da cultura popular brasileira, declamador, já publicou dezenas de cordéis.

Sobre a Editora Melhoramentos
Há 120 anos no mercado, a Melhoramentos ocupa posição de destaque nos diversos mercados em que atua. Na área editorial, uma das vedetes da Melhoramentos é a linha de dicionários Michaelis (português, inglês, espanhol, francês, italiano, alemão e japonês), que detém 35% do mercado. Para não perder a tradição iniciada em 1915 – com a edição de O Patinho Feio – de ser a principal editora infantojuvenil do país, a Melhoramentos alinha entre seus autores nada menos que Ziraldo e seus 188 títulos – um sucesso absoluto entre o público jovem de todo o mundo e que já bateu um recorde histórico: passou dos 2,8 milhões de exemplares vendidos de O Menino Maluquinho.

Reproduzido de Jornow: www.jornow.com.br

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