A literatura de cordel pode tornar-se
parte do currículo obrigatório das escolas públicas brasileiras. O pleito, que
tem apoio do Ministério da Cultura (MinC), foi apresentado pela Academia
Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC) ao Ministério da Educação (MEC) nesta
quinta-feira (16).
No encontro, na sede do MEC, em
Brasília, a secretária-executiva do MinC, Claudia Pedrozo, manifestou o apoio
do órgão para que o gênero literário seja apresentado e debatido nas salas de
aula de todo o país. A secretária também anunciou que o MinC fará investimentos
da ordem de R$ 100 mil para digitalização do acervo da ABLC, no Rio de Janeiro,
que tem mais de 15 mil cordéis.
"A literatura lúdica é uma
atividade que vai além da educação. Nós acreditamos que, dentro da sala de aula
ou em atividades fora dela, o ensino do cordel é um reforço importante da
identidade brasileira e de nossa matriz cultural", declara Cláudia
Pedrozo.
Na reunião no Ministério da Educação, a
ABLC formalizou o pedido de inclusão do cordel na grade de ensino aos
secretários executivo, Henrique Sartori Prado, e de Educação Básica do , Kátia
Cristina Stocco. Prado e Stocco reagiram positivamente e informaram que
providenciarão um levantamento sobre a atual presença da literatura de cordel
nas escolas do ensino básico.
Da esquerda para a direita,
Francisco das Chagas, Marcelo Fraga, Maria Félix Fontele,
secretária Cláudia
Pedrozo e Gustavo Dourado (Foto: Ronaldo Caldas/Ascom MinC)
Patrimônio
O pedido da academia acontece em um ano
especial para a literatura de cordel no Brasil. Em 2018, ano em que é lembrado
o centenário da morte de Leandro Gomes de Barros, pai da literatura de cordel e
autor de mil títulos do gênero, o estilo pode se tornar Patrimônio Imaterial do
Brasil.
A intenção da ABLC, que vive a
expectativa de o bem cultural ser registrado pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no próximo mês, é que a inserção do
estilo nas escolas não apenas o divulgue em todo o Brasil, mas também o
preserve como bem protegido.
Também estiveram presentes à reunião desta quinta-feira o diretor da Casa do
Cantador do Distrito Federal, Francisco das Chagas, o pesquisador da ABLC e
presidente da Academia Taguatinguense de Letras, Gustavo Dourado, o repentista
e cordelista da Associação dos Cantadores, Repentistas e Escritores Populares
do Distrito Federal e Entorno (Acrespo), Joel Santana, e a jornalista e
escritora Maria Fontele.
História
As origens do cordel remontam aos
trovadores medievais, cujo estilo foi trazido pelos portugueses ao Brasil na
segunda metade do século XIX. Os folhetos, vendidos nas feiras, tornaram-se a
principal fonte de divertimento e informação para a população. O marco inicial
do gênero é a obra do Leandro Gomes de Barros (1865-1918), homenageado do
Prêmio Culturas Populares 2017, lançado pelo MinC em junho do ano passado.
Em 1893, o paraibano de Pombal publicou
os seus primeiros poemas. Elevado a patrono da Literatura Popular em Verso,
Leandro foi o primeiro a publicar, editar e vender seus poemas – embora não
haja registros da totalidade desse volume, seu legado é de aproximadamente mil
folhetos escritos.
Assessoria de
Comunicação
Ministério da Cultura
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