CORDEL PARAÍBA

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Bem-vindos, peguem carona/Na cadência do cordel,/Cujo dono conhecemos:/Não pertence a coronel./É propriedade do povo:/rico, pobre, velho, novo/deliciam-se deste mel./Rico, pobre, velho, novo/Deliciam-se neste mel.

(Manoel Belisario)



sábado, 21 de julho de 2012

Academia de Cordel quer criar “Cordeltecas” em outros estados


Gonçalo Ferreira na biblioteca da Academia Brasileira de Literatura de Cordel: local abriga quase 200 mil títulos
Foto: Laura Marques / Agência O Globo

Presidente da ABLC acredita ser possível implantar literatura popular em bibliotecas de todo o mundo

Fonte: O Globo

RIO — Quando fundou a Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), em 1988, o escritor Gonçalo Ferreira da Silva pretendia preservar a tradição do cordel e, aos poucos, internacionalizar este tipo de literatura tipicamente brasileira. Depois de reunir um acervo com cerca de 200 mil folhetos na sede, em Santa Teresa, e fazer palestras na África e na Europa, o presidente da entidade quer implantar bibliotecas de literatura de cordel por todo o Brasil. E, quem sabe, até expandir os limites para fora do país.

— Quero implantar uma “cordelteca” na biblioteca do congresso americano — sonha alto.

Além do Rio de Janeiro, o projeto já saiu do papel no Rio Grande do Norte e no Ceará, estado natal do escritor. A ideia é espalhar as “cordeltecas” por todas as unidades da federação.

— O cordel é uma coisa do povo para o povo. Existe academia de luta, por que não pode existir de cordel? — indaga.

A relação de Ferreira com a cultura popular começou cedo: aos 10 anos, já fazia repentes em Ipu, interior cearense. Aos 14, quando chegou ao Rio, foi trabalhar com um senhor, que, quatro anos depois, levou-o para trabalhar na Rádio MEC. Foi auxiliar de portaria, contínuo e chegou a redator, fazendo o noticiário da meia-noite. A paixão pela escrita e as raízes culturais nordestinas trilharam o caminho para que, em 1978, publicasse o primeiro cordel. Desde então, escreveu aproximadamente 200 obras, traduzidas para línguas como alemão e inglês. O folheto sobre Mahatma Gandhi, o centésimo da trajetória de Ferreira, pode ser encontrado até em japonês.

— Estou fazendo um sobre Hiparco (astrônomo da Grécia antiga) para uma coleção sobre ciência — diz.

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