Presidente da ABLC acredita ser possível implantar literatura popular em bibliotecas de todo o mundo
Fonte: O Globo
RIO — Quando fundou a Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), em 1988, o escritor Gonçalo Ferreira da Silva pretendia preservar a tradição do cordel e, aos poucos, internacionalizar este tipo de literatura tipicamente brasileira. Depois de reunir um acervo com cerca de 200 mil folhetos na sede, em Santa Teresa, e fazer palestras na África e na Europa, o presidente da entidade quer implantar bibliotecas de literatura de cordel por todo o Brasil. E, quem sabe, até expandir os limites para fora do país.
— Quero implantar uma “cordelteca” na biblioteca do congresso americano — sonha alto.
Além do Rio de Janeiro, o projeto já saiu do papel no Rio Grande do Norte e no Ceará, estado natal do escritor. A ideia é espalhar as “cordeltecas” por todas as unidades da federação.
— O cordel é uma coisa do povo para o povo. Existe academia de luta, por que não pode existir de cordel? — indaga.
A relação de Ferreira com a cultura popular começou cedo: aos 10 anos, já fazia repentes em Ipu, interior cearense. Aos 14, quando chegou ao Rio, foi trabalhar com um senhor, que, quatro anos depois, levou-o para trabalhar na Rádio MEC. Foi auxiliar de portaria, contínuo e chegou a redator, fazendo o noticiário da meia-noite. A paixão pela escrita e as raízes culturais nordestinas trilharam o caminho para que, em 1978, publicasse o primeiro cordel. Desde então, escreveu aproximadamente 200 obras, traduzidas para línguas como alemão e inglês. O folheto sobre Mahatma Gandhi, o centésimo da trajetória de Ferreira, pode ser encontrado até em japonês.
— Estou fazendo um sobre Hiparco (astrônomo da Grécia antiga) para uma coleção sobre ciência — diz.
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