Por Manoel Belizario
Os programas policiais exibidos pela TV brasileira são tipicamente sensacionalistas. Na Paraíba, no entanto, além de sensacionalistas alguns destes tais programas ganham uma característica a mais na escala do ridículo: a da palhaçada. Não me refiro à palhaçada circense porque esta é desempenhada por um profissional que no contexto devido cumpre muito bem com o seu papel. Refiro-me a uma palhaçada de péssimo gosto em espaço e contexto indevidos.
Os apresentadores utilizam as mais fúteis estratégias para atrair telespectadores. Samuca Duarte da TV Correio, por exemplo, é o melhor exemplo desta categoria de baixo nível. Conforme são apresentadas as reportagens enfocando os piores acontecimentos locais relacionados à violência – de preferência os casos mais grotescos – Samuca esbraveja num tom pouco convincente, deita no chão, tira paletó e gravata, ergue um cajado. Tudo para convencer o telespectador de que está indignado. Seu repórter principal ridiculariza exaustivamente os entrevistados que são geralmente jovens pobres das periferias da Grande João Pessoa envolvidos em crimes. Os repórteres secundários têm apelidos poucos comuns para programas televisivos que tratam de coisa séria – como é o caso. Samuca chega ao ponto de fazer shows em praças públicas com banda de forró e tudo. Durante estes shows ele se alterna entre festejar com o povo ( festejar o quê?) e chamar as reportagens.
Outro apresentador ridículo é Anacleto Reinaldo da TV Arapuan que usa os mais esdrúxulos palavrões em seus comentários.
Tais programas são pensados para atrair a parcela mais pobre da população. Não só pobre de alimento, mas principalmente de cultura e consciência cidadã.
São culpados por este desserviço ao povo paraibano não somente os apresentadores, mas principalmente os proprietários de TV que permitem este tipo de programa na grade de suas emissoras. Porém não nos esqueçamos de que para os empresários o que importa mesmo é o dinheiro e para ganhá-lo não interessa o nível de baixaria a que seja preciso se submeter. Ou seja, não é a cultura nem a Paraíba nem as pessoas que habitam o nosso estado que estão em primeiro lugar, mas o dinheiro. Só o dinheiro e nada mais.
Programa policial
Torce pela coisa feia:
Estupro, assassinato,
Gente pobre na cadeia
É uma festa barata
Por sobre a desgraça alheia
Porém aqui na PB
Além do acima exposto
Muito apresentador
Assume mais este posto:
De palhaço fanfarrão
Piadista de mau gosto.
Porque se o assunto é sério
Se espera seriedade.
Quando se faz sacanagem
Aumenta a barbaridade
A cultura diminui
E a inteligência evade.
Programa policial
Com teor de palhaçada
Reduz a pessoa humana
A muito menos que nada.
Empobrece mais ainda
Quem vive à beira da estrada.
Isto reflete ao país
A pobreza cultural
Imposta pelo poder
Da TV na capital.
Trazendo à população
O pensamento banal.
Isto reflete ao país
Os anseios do poder
Interessado em dinheiro
Relativiza o saber
Pois cidadão consciente
Não concorda com essa gente
Logo desliga a TV.
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