CORDEL PARAÍBA

**

Bem-vindos, peguem carona/Na cadência do cordel,/Cujo dono conhecemos:/Não pertence a coronel./É propriedade do povo:/rico, pobre, velho, novo/deliciam-se deste mel./Rico, pobre, velho, novo/Deliciam-se neste mel.

(Manoel Belisario)



quinta-feira, 27 de junho de 2019

Projeto leva literatura de cordel para a escola Geraldo Veloso (Marabá, PA)

Por Karine Sued
O cordelista Adão Almeida e a coordenadora do projeto, a professora Cley / Fotos: Divulgação

Como forma de incentivo à leitura, a Escola Geraldo Veloso inova ao desenvolver um projeto voltado para os alunos do 7º ao 9º ano do ensino fundamental. O “Dia D Cordel” levou para os estudantes uma expressão viva da valorização da cultura nordestina através da contação de histórias da literatura e da ocina de elaboração dos livretos. 

Desenvolvido pela professora, poeta e coordenadora, Cley Ferreira Araújo, o projeto contou com o apoio e incentivo da diretora Ingrid Brandão e da vice-diretora Aurelice Queiroz. Além de incentivar a leitura, o tem o intuito de valorizar e respeitar a multiculturalidade própria do país e os signicados de coletividade e experiência comunitária presentes na produção do cordel. 

De acordo com a coordenadora, através da xilogravura, que é uma arte milenar que marca a identidade da cultura do Nordeste, os alunos puderam conhecer a riqueza da literatura por meio da escrita, leitura e da linguagem não verbal. “Nós quisemos proporcionar a inclusão da literatura de cordel porque as pessoas olham e acham que é uma literatura de cunho popular que só vende em feira. É a melhor leitura para se fazer em sala de aula e os meninos gostam”, explica. 


“Os alunos conheceram o cordel através de pesquisas e zemos isso justamente para aproximá-los da cultura popular nordestina e também a valorização da leitura”, esclareceu. 

A convite da coordenação do projeto, o poeta e cordelista Adão Almeida deu vida às histórias. Foi ele o responsável por contar aos alunos as histórias durante a ocina, que ocorreu no início deste mês. Segundo ele, os alunos se mostraram muito interessados na literatura ao questioná-lo sobre como deve ser a forma de escrita das histórias. “Falei sobre meu histórico de vida, biograa e na roda de conversa eles abordaram diversas curiosidades em torno do cordel am de se aprofundarem”, armou. 

Questionado pela Reportagem do CORREIO, o cordelista, membro da Academia de Letras do Brasil (ALB), arma que, de fato, por meio do projeto “Dia D Cordel”, os alunos passam a ler, apreciar e produzir cordéis que aproximam a música nordestina e a cultura popular da realidade de cada um deles. “Seu principal objetivo é incentivar o prazer no hábito da leitura”, destacou.


Entenda 

O cordel é uma manifestação cultural que aborda a leitura, o canto, o aspecto rítmico compassado das declamações e a ilustração das capas, por meio de xilogravura, desenho, foto ou pintura. Além disso, o cordel possibilita a memorização de fatos históricos ou acontecimentos e deixa um registro na memória nem sempre possível no texto em prosa. 

A literatura com rima e ritmo, favorece a aprendizagem e estimula a valorização do lugar de pertencimento, ao mesmo tempo em que proporciona aos estudantes vislumbrar novas perspectivas de assimilação e de busca do conhecimento. 

No espaço escolar o cordel pode ser usado para estimular a criatividade. Como é uma leitura que pode ser cantada, acompanhada de um ou vários instrumentos musicais como viola, rabeca, sanfona, violão, pífano, zabumba, auta, pandeiro ou outro de interesse do professor. 

Por ser confeccionado com material simples, o folheto de cordel tradicionalmente teve preço acessível e as pessoas de baixo poder aquisitivo sempre tiveram oportunidade de adquiri-lo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário