CORDEL PARAÍBA

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Bem-vindos, peguem carona/Na cadência do cordel,/Cujo dono conhecemos:/Não pertence a coronel./É propriedade do povo:/rico, pobre, velho, novo/deliciam-se deste mel./Rico, pobre, velho, novo/Deliciam-se neste mel.

(Manoel Belisario)



domingo, 27 de fevereiro de 2011

II Encontro com Poetas Populares e Rodas de Cantoria

Academia Brasileira de Literatura de Cordel

II Encontro com Poetas Populares e Rodas de Cantoria

          Contemplado pela Secretaria de Estado de Cultura do Governo do Estado do Rio de Janeiro, o projeto Encontro com Poetas Populares e Rodas de Cantoria busca difundir o cordel, levando à reflexão, ao debate, discutindo características, temas e abordagens; resgatando e apresentando ao público algumas de suas obras mais notórias, além de fomentar a produção e a formação de novos leitores e poetas.

           Idealização de Fernando Assumpção, benemérito da ABLC, é o 3º edital conquistado junto a Secretaria de Estado e Cultura do Rio de Janeiro. Realização da ABLC, em parceria com o Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular - www.cnfcp.gov.br - este projeto contribui para o debate sobre a literatura de cordel e a cultura popular produzidas no Brasil deste o seu aparecimento, tendo sido estas acompanhadas de perto pela ABLC nos seus 22 anos de existência. Dessa forma, resgata e dissemina a produção intelectual de seus poetas e o seu histórico na literatura nacional. Além disso, mostra a contribuição de autores e estudiosos para a consolidação desse gênero literário.

          Serão dois dias de encontros literários, 17 e 18 de março de 2011, com entrada gratuita, no auditório do Museu de Folclore Edison Carneiro, à rua do Catete, 179. Conduzidos por poetas e cantadores convidados, dentre nomes importantes do universo da literatura de cordel, e que têm atuação constante na ABLC.

          Estes encontros organizados no formato de aulas-espetáculo, contarão com a participação especial do poeta Manoel Monteiro, de Campina Grande, PB, o presidente da ABLC, Gonçalo Ferreira da Silva.

PROGRAMAÇÃO

Dia 17 MAR

14:30h – Oficina: O Cordel, suas manhas e mumunhas – com Separo Campelo;

16:00h – Encontro: Literatura de cordel: o tempo é hoje.

Como a literatura de cordel evoluiu e permanece viva com gênero literário e fragmento da cultura popular, transitando entre o simbólico e a resignificação dos códigos.

Com presidente da ABLC, Gonçalo Ferreira da Silva, poeta Manoel Monteiro e Maria Rosário Pinto.

18:30h – Roda de Cantoria – com Mestre Azulão

Dia 18 MAR

14:30h – Oficina: A literatura de Cordel, evolução e firmamento – com Mestre Campinense

16:00h – Encontro: Literatura de Cordel, Desafio e Pelejas: o cordel na contemporaneidade

Como a Literatura de cordel se apropriou das novas formas de comunicação e fez material para a divulgação de seu conteúdo e instrumento para o processo identitário nacional.

Com Dalinha Catunda, João Batista Mello e Ivamberto Albuquerque

18:30 – Roda de Cantoria com Sergival e Chico Salles

Consulte o blog:

http://encontrocompoetas.blogspot.com/

II Encontro de poetas populares e Rodas de Cantoria

17 e 18 de março, no CNFCP – auditório do Museu de Folclore Edison Carneiro,

das 14:30 às 18:30 h

Entrada franca

Fonte: rosarioecordel.blogspot.com

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Projeto Cultura Popular

 

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          Por Jane Cleide Cardozo

          Amigo educador,
          É com grande satisfação que recordo um projeto que realizei no período letivo de 2007, me chamo Jane Cleide Cardozo, leciono a disciplina de Língua Portuguesa na Escola Municipal de Ensino Fundamental “Luís Ribeiro Coutinho”, no município de Juarez Távora, estado da Paraíba.
          Gosto de trabalhar com a emoção, como se o coração fosse o mestre nas metas que pretendo alcançar, e para usar a emoção nada melhor do que valorizar nossa cultura popular, pois como o nome faz jus, vem do povo e nosso povo se expressa com a alma. É na Literatura de Cordel que nossos poetas se expressam de maneira simples, mas com sabedoria de quem vai atingir o leitor através da beleza de suas rimas, encantando a todos com sua diversidade temática.
           Vamos embarcar nessa viagem pelo mundo dos folhetos de cordel, onde comecei contextualizando historicamente para todas as turmas, depois fiz uma breve leitura de alguns versos e isso foi chamando a atenção dos alunos, onde eles começaram a apreciar as aventuras e rimas presentes em cada estrofe, essa reação pra mim foi um estímulo e me fortaleceu, lancei uma proposta para eles, a qual seria comprar um folheto de cordel com temas variados, entre eles: religiosos, políticos, românticos, policiais, natureza, enfim, conseguimos uma coleção de 100 cordéis. Cada aluno começou a ler e se empolgar com a leitura do cordel, é maravilhoso lembrar que atingimos não só o interesse dos alunos, como também, a família. Foi com grande alegria que uma aluna chegou pra mim e pediu que eu comprasse outros folhetos, pois a sua mãe gostaria de ler e recordar alguns temas que marcaram sua época, isso é muito bom, a leitura abrindo caminhos e despertando o interesse das pessoas pela cultura. Passamos o 1º Bimestre lendo os folhetos de cordel e trabalhando desde os diversos temas que os folhetos abordavam até a gramática contextualizada.
          Ainda faltava alguma coisa, então pensei que deveria dar continuidade ao trabalho realizado no 1º Bimestre, a idéia surgiu com o tema do “Aniversário da cidade”, ou seja, a emancipação política de Juarez Távora, começamos com a leitura e estudo do Hino Municipal. Agora começava a produção de nosso folheto de cordel, tendo como base o que já foi lido nos cordéis e trabalhado no hino municipal, conseguimos embasamento teórico para começar nosso projeto, que seria produzir um folheto de cordel abordando a história do município. Foram 04 turmas envolvidas: 6º C / 6ºD / 7ºB / 8ºB, todos os alunos criaram seus versos formando lindas estrofes, logo após, chegou a hora de selecionar as estrofes que iriam fazer parte do folheto, essa etapa foi a mais difícil, pois os alunos produziram lindas estrofes e não dava  para expor todas no folheto, depois da edição das estrofes faltava a capa do folheto, pedi para os alunos desenhar uma vista panorâmica da cidade e foi muito divertido, surgiram várias idéias e uma foi escolhida. Levamos para a gráfica e depois do folheto impresso ficou uma maravilha..., terminamos o 2º Bimestre.
          E agora o que fazer no 3º Bimestre? Surgiu então o desfile cívico em nosso município, e a nossa escola iria participar, eis então outra oportunidade de aproveitar a leitura de nossos folhetos de cordel e lembramos de um tema enfatizado que foi o “Cangaço no Nordeste”, tema este que chamou a atenção dos alunos e a participação de outras disciplinas, História por exemplo, onde a professora trabalhou o tema: Cangaço e expôs um vídeo com a história de “Lampião, o rei do cangaço”. Logo, veio a proposta de formar um pelotão com a Literatura de Cordel e as principais personagens presentes nos folhetos, tais como: Lampião, Maria Bonita, Frei Damião, Padre Cícero, etc. Os alunos desfilaram caracterizados de cangaceiros foi uma maneira de apresentar um pouco da história do cangaço e mostrar a forma como se vestiam, fato que chamou a atenção das pessoas que apreciavam o desfile, foi uma experiência marcante e assim terminamos o bimestre.
            Chegamos ao 4º Bimestre e com ele chegou a nossa Mostra de Conhecimentos, não foi difícil pensar no que fazer, já tínhamos um trabalho realizado durante o 1º, 2º, 3º bimestres. Agora chegou o momento esperado, fazer uma exposição de todos os cordéis lidos pelos alunos e enfatizar a diversidade temática existente na Literatura de Cordel e concluindo a exposição, distribuímos vários exemplares do folheto produzido pelos alunos e com direito a declamação dos versos, declamação esta realizada por um grupo de 12 alunos, foi uma grande exibição, motivo de orgulho para todos e satisfação plena de todos os alunos que participaram desse projeto...
            Caro educador, hoje me emociono ao lembrar tudo o que foi vivenciado no ano passado, mas digo que este trabalho não foi realizado só por mim, mas tive o apoio de todos os colegas de trabalho, como também, da equipe pedagógica que sempre nos orienta a trabalhar com amor e evidenciar em nossos trabalhos a interdisciplinaridade. E você?  Chegou a sua vez, coloque em prática suas idéias sem medo de expor o que pensa, valorize o potencial que você tem em suas mãos, que são seus alunos, regue-os com perseverança e colherás frutos belíssimos.

Abraços: Jane Cleide Cardozo
Juarez Távora - PB

Fonte: escrevendo.cenpec.org.br

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Chico César prestigia II Festival de Cultura Popular do Cariri Paraibano, Zabé da Loca

 

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          O Secretário de Estado da Cultura, Chico César, confirmou a participação, nesta quinta-feira (24), no II Festival de Cultura Popular do Cariri Paraibano Zabé da Loca, que em sua versão 2011 homenageia o compositor Ilmar Cavalcante.
           Chico César e uma equipe da Secretaria de Estado da Cultura estarão prestigiando a programação desta quinta-feira, no Teatro Jansen Filho, que, a partir 19h, contará com a apresentação do Espetáculo Teatral As Plêiades da Matemática, do grupo da UEPB, campus Monteiro, além do Festival de Cinema com a exibição de vídeo em homenagem a Ilmar Cavalcante. Em seguida, o secretário falará sobre as ações e projetos do Governo do Estado para a área de cultura, principalmente do processo de interiorização que está sendo implementado.

           Segundo informou o secretário de Cultura e Turismo de Monteiro, Edicarlos Farias, Chico César, no ano passado, quando ainda não era secretário estadual, também prestigiou a primeira edição Festival de Cultura Popular do Cariri Paraibano Zabé da Loca.
Consórcio - Chico César pernoitará em Monteiro e, na sexta-feira (25), participará de uma reunião do Fórum de cultura e turismo do Cariri PB. A reunião acontecerá a partir das 9h, no Teatro Jansen Filho, e na oportunidade Chico César acompanhará o processo de implantação do Consorcio Intermunicipal de Cultura e Turismo do Cariri PB e a eleição dos membros do Comitê Gestor do CICULT CARIRI PB.
            Na reunião também acontecerão a leitura e encaminhamento das demandas e ações estratégicas para o Território pelas Conferências Municipais de Cultura do Cariri e, na ocasião, o secretário Chico César manterá contato e falará sobre ações estratégicas para o desenvolvimento cultural na região do Cariri paraibano, com prefeitos, secretários municipais de Cultura e Educação que estarão no evento.
         O festival - Edcarlos informou que o II Festival de Cultura Popular do Cariri Paraibano Zabé da Loca prossegue até o domingo, 27, com oficinas, palestra, cinema, festival de violeiros, lançamento de livros, shows e apresentações culturais.
"Para realizar o evento a Prefeitura de Monteiro está recebendo o apoio do Banco do Nordeste, Governo da Paraíba através da Secretaria da Cultura, Sebrae, Projetos Vínculus e Dom Helder, UEPB e Credi Pajeú", acrescentou.
         Edcarlos Farias acrescentou que o Festival de Cultura Popular surgiu para valorizar e trabalhar o processo de preservação da cultura popular local. “Trata-se de um evento que nasceu com a proposta de trabalhar a preservação da nossa cultura popular”, afirmou Edcarlos.

A programação oficial:

Dia 24 Fevereiro (Quinta-feira)
16h00 Palestra “Cultura na Educação”: Ministrada por Antonio Rafael de Menezes (Teatro Jansen Filho)
19h00 Espetáculo Teatral: As Plêiades da Matemática (Teatro Jansen Filho)
Festival de Cinema (Teatro Jansen Filho)
Exibição de vídeo em homenagem a Ilmar Cavalcante

Dia 25 Fevereiro (Sexta-feira)
09h00 Reunião do Fórum de Cultura e Turismo do Cariri Paraibano (Teatro Jansen Filho)
10h00 Palestra Programa Mais Cultura e Sistema Nacional e Municipal de Cultura: Representante do Ministério da Cultura (Teatro Jansen Filho)
20h00     Sarau Poético (Centro Cultural Alexandre da Silva Brito)
Festival de Violeiros – Noite dos Campeões – Pinto de Monteiro (Centro Cultural Alexandre da Silva Brito) com: Sebastião Dias e Moacyr Laurentino, Severino Pereira e Edezel Pereira, João Paraibano e Raulino Silva, Raimundo Borges e Gilberto Alves, Carlinhos da Prata e Zé de Jabitacá, Louro Branco e José Feitosa, João Furiba, e ainda aboiadores. Show voz e violão com Oliveira de Panelas.

Dia 26 Fevereiro (Sábado)
08h00 Cultura na Feira: Apresentações Culturais: Banda de Pífano Mirim Curumins da Serra / Coco de Roda Quitéria Noberto/ Banda de Pífano Alto São Vicente/ Bereta do Cavaquinho/ João de Amélia (Mercado Público)
16h00     Lançamento do livro “Ciço de Luzia” de Efigênio Moura (Casa Progresso)
Voz & Violão com Niedson Nill (Casa Progresso)
20h00 Homenagem a Ilmar Cavalcante (Praça João Pessoa)
21h00 Apresentação Cultural de Zabé da Loca e as Ceguinhas de Campina
22h00 Apresentação Cultural Amigos de Ilmar Cavalcante: Maciel Melo (trecho Música), Cristina Amaral (trecho música), César Amaral, Dejinha de Monteiro, Sandra Belê, Neno, Luciene Melo, Osmando Silva, Flávio Leandro, Nanado Alves e Ramon do Acordeon.    Apresentação Cultural Xodó do Cariri

Dia 27 Fevereiro (Domingo)
20h00 Exibição do Documentário “O Mundo Encantado de Zabé da Loca”, direção do jornalista Pedro Paulo (Teatro Jansen Filho)
Programação de Oficinas:
Oficina de Vídeo (Escola Municipal Maria do Socorro Aragão)
Oficina de Pífano (PETI)
Oficina de Percussão (PETI)
Oficina de Coco de Roda (PETI)
Oficina de Teatro (Escola Municipal Maria do Socorro Aragão)

Fonte: paraibaverdadehoje.com

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Prefeitura de Monteiro inclui literatura de cordel no ensino municipal

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          Na terra do maior repentista de todos os tempos, Pinto do Monteiro, a partir de agora a arte do verso rimado será desenvolvida através de um projeto pedagógico, nas escolas da rede municipal de ensino.
          Como preparação para este trabalho, a Secretaria Municipal de Educação está realizando com apoio da Funarte uma Oficina de Literatura de Cordel, com a participação de 30 professores municipais. A oficina que teve início nesta segunda-feira, 21, prossegue até a sexta-feira, 25, quando acontece o 27º Festival de Violeiros do Cariri Paraibano.

          A prefeita Edna Henrique fez questão de assistir parte dos trabalhos na abertura, ao lado da secretária Ana Lima. “Nada mais lógico e correto do que trabalhar poesia popular através da literatura de cordel na escola, numa cidade que é berço de grandes poetas”, destacou a prefeita.
           A Oficina de Literatura de Cordel está sendo ministrada por Abdias Campos. Autor de mais de 100 livros, o paraibano Abdias Campos trocou uma carreira sólida como administrador de empresas para dedicar-se à literatura de cordel. “Dá para viver da arte, com a graça de Deus”, garante o simpático Abdias, que já participou de três bienais do Livro no Rio de Janeiro e uma em São Paulo. A cada bienal, esgota os 4 mil volumes que traz de Recife, onde vive, custeando passagem, hospedagem, aluguel de espaço, e ainda “levando algum no bolso”, brinca.
             Abdias Campos nasceu em Olho D’Água dos Caboclos, próximo à cidade de Amparo, no Cariri da Paraíba.

Fonte: paraibaverdadehoje.com

LITERATURA DE CORDEL EM JUQUITIBA

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Fonte: juquitiba.tur.br

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

DEPOIS QUE A MISSA TERMINA

 

Autores: Brás Costa e Felipe Júnior

Fica no templo somente
O sacristão zelador
Endireitando o andor
Pra usá-lo novamente;
Fica um cego no batente
Tocando uma concertina,
Se uma moeda retina
Ele diz: Deus abençoe!
Mesmo sem saber quem foi
Depois que missa termina.

Uns dois ou três batizados;
As portas entre abertas;
Duas meninas espertas
Arrumando seus trocados.
O padre faz simulados
E com o sacristão combina,
Pra mostrar como se ensina
Pedir trocado em Igreja,
E o padre rindo, festeja
Depois que a missa termina.

O zelador atrasado
Limpa a Igreja ligeiro,
Deposita no lixeiro
Papel, chiclete mascado, ...
Depois põe tudo ensacado
Todo o lixo da faxina
Põe o saco na esquina
Pro carro depois levar
E só volta a arrumar
Depois que a missa termina.

Menino na escadaria
Sacristão correndo atrás;
Um candeeiro de gás
Que bem pouco alumia.
Com a Igreja vazia
O padre tira a batina.
Chega uma irmã vicentina
Querendo se confessar,
Vendo a porta se fechar
Depois que a missa termina.

A noite chega de vez
E envolve com sua sombra;
Um pinto novo se assombra
Com uma galinha pedrês;
Um casal de camponês;
Um cheiro se dissemina,
É a ceia nordestina
Saborosa com certeza,
Porém só é posta a mesa
Depois que a missa termina.

A dupla de cantadores
Canta num pé-de-parede;
Um velho arma uma rede,
Reclama de suas dores;
Um grupo de rezadores
Uma novena combina;
Alguém discerra a cortina
Da porta da sacristia,
Fica a igreja vazia
Depois que a missa termina.

O grupo de jovem sai
E casais em saudação;
O padre leva sermão
De um amigo do seu pai;
Uma velhinha que vai
Fazer sua reza divina,
Com o rosto e a pele fina
Quase revelando o osso,
Mas tira a nota do bolso
Depois que a missa termina.

O padre leva o dinheiro
Pra casa paroquial
E um coroinha mal
Pega uma moeda ligeiro.
Vai correndo pro oiteiro
Em direção da cantina
Compra rapadura fina
Pra comer com pão bem cedo,
E tudo fica em segredo
Depois que a missa termina.

Um homem bem elegante
Faz a sua doação,
O padre dá gratidão
Pelo seu gesto operante.
E ele todo falante
A uma pobre se destina,
Era a dona Severina
Que passou de sua hora
E bota a pobre pra fora
Depois que a missa termina.

E reina um silêncio orante
Na velha Igreja barroca;
Na porta uma velha moca
Quer confessar neste instante;
Alguém no auto-falante
Faz a prece vespertina;
Na calçada uma menina
Risca com caco de telha;
O sol apaga a centelha
Depois que a missa termina.

Um casal de namorados
Felizes e sorridentes,
Namorando nos batentes
Conversam de braços dados.
Dois homens embriagados
Falam alto na esquina;
Cai uma rala neblina
De uma nuvem passageira
Para apagar a poeira
Depois que a missa termina.

O sino não faz abalo
Como uma prece propondo
E um casal de maribondo
Pousa em cima do badalo;
O travão dá um estalo
Que estremece a campina;
Por trás da verde colina
O sol esconde seu rosto
E a lua assume seu posto
Depois que a missa termina.

O padre na sacristia
Recolhe seus paramentos;
No oitão quatro jumentos
Que servem de montaria;
Reza uma Ave-Maria
Uma velha bem franzina,
Depois de rezar se inclina
Fazendo o sinal da cruz
Beija o santo e apaga a luz
Depois que a missa termina.

Os morcegos esvoaçam
Fazendo belas manobras;
Entre as linhas duas cobras
No cio se entrelaçam;
Duas lagartixas passam
Por cima da ripa fina;
Debaixo da sarafina
Sai uma “briba” cinzenta,
Pois ela só se apresenta
Depois que a missa termina.

Num canto do santuário
Um presépio de natal;
Duas velhas falam mal
Da pregação do vigário.
Outra recita o rosário
Que aprendeu quando menina.
O sacristão diz: Firmina,
Deixe pra rezar depois!
Ficam discutindo os dois
Depois que a missa termina.

O padre soma a quantia
Da coleta do domingo;
Aquele velho mendigo
Recolhe sua bacia.
Um silêncio contagia
A cidade pequenina,
Reina uma paz divina
E uma santa solidão.
Isso se vê no sertão
Depois que a missa termina.

Fonte:Blog do poeta Felipe Junior
Imagem:emule.com.br

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Evento reúne peça e exposição baseadas em texto da literatura de cordel (RJ)

O Reino do Mar Sem Fim

            Depois de temporada no final de 2010, o espetáculo O Reino do Mar Sem Fim, encenado pelo Grupo Pedras, retorna ao Centro de Referência Cultura Infância/Teatro Municipal do Jockey, na Gávea.
Com 14 anos de pesquisa de campo na Zona da Mata pernambucana, Adriana Schneider, diretora da peça e Doutora em Antropologia, aproveitou seu conhecimento para desenvolver a trama baseada em literatura de cordel.
                  O enredo é desenvolvido a partir de depoimentos reais de pessoas que viveram no local, principalmente Severino da Cocada, figura marcante da região, hoje já falecida.
A autora conheceu Severino em 1999, ocasião em que lhe contou a história em cordel O Romance da Princesa do Reino do Mar Sem Fim, de autoria de Severino Borges da Silva, grande poeta popular e violeiro, de Timbaúba, município de Pernambuco.
O conto apresenta a história da princesa Elizabete, filha do rei do Mar Sem Fim, que se livra de um encanto, graças ao heroísmo do valente Adriano. Esse enredo é a base do espetáculo criado pela pesquisadora.
               Além da peça, Adriana Schneider também expõe sua coleção particular no Teatro do Jockey. A exposição permite ao público navegar no universo dos mamulengos e de seus mestres. No total serão 25 obras feitas em estruturas de bambu construídas especialmente para o evento. Textos da literatura de cordel, fotos e bonecos complementam a mostra.

Ficha Técnica
Realização: Grupo Pedras
Direção: Adriana Schneider
Elenco: Marina Bezze, Helena Stewart, Diogo Magalhães e Adriana Schneider
Trilha sonora: Kiko Horta
Consultoria em teatro de animação: Miguel Vellinho
Iluminação: Luiz André
Foto: Divulgação

Fonte: guiadasemana.com.br

A CHEGADA DE LAMPIÃO NO CÉU

Autor: Guaipuan Vieira

Foi numa Semana Santa
Tava o céu em oração
São Pedro estava na porta
Refazendo anotação
Daqueles santos faltosos
Quando chegou Lampião.

Pedro pulou da cadeira
Do susto que recebeu
Puxou as cordas do sino
Bem forte nele bateu
Uma legião de santos
Ao seu lado apareceu.

São Jorge chegou na frente
Com sua lança afiada
Lampião baixou os óculos
Vendo aquilo deu risada
Pedro disse: Jorge expulse
Ele da santa morada..

E tocou Jorge a corneta
Chamando sua guarnição
Numa corrente de força
Cada santo em oração
Pra que o santo Pai Celeste
Não ouvisse a confusão.

O pilotão apressado
Ligeiro marcou presença
Pedro disse a Lampião:
Eu lhe peço com licença
Saia já da porta santa
Ou haverá desavença.

Lampião lhe respondeu:
Mas que santo é o senhor?
Não aprendeu com Jesus
Excluir ódio e rancor?…
Trago paz nesta missão
Não precisa ter temor.

Disse Pedro isso é blasfêmia
É bastante astucioso
Pistoleiro e cangaceiro
Esse povo é impiedoso
Não ganharão o perdão
Do santo Pai Poderoso

Inda mais tem sua má fama
Vez por outra comentada
Quando há um julgamento
Duma alma tão penada
Porque fora violenta
Em sua vida é baseada.

- Sei que sou um pecador
O meu erro reconheço
Mas eu vivo injustiçado
Um julgamento eu mereço
Pra sanar as injustiças
Que só me causam tropeço.

Mas isso não faz sentido
Falou São Pedro irritado
Por uma tribuna livre
Você aqui foi julgado
E o nosso Onipotente
Deu seu caso encerrado.

- Como fazem julgamento
Sem o réu estar presente?
Sem ouvir sua defesa?
Isso é muito deprimente
Você Pedro está mentindo
Disso nunca esteve ausente.

Sobre o batente da porta
Pedro bateu seu cajado
De raiva deu um suspiro
E falou muito exaltado:
Te excomungo Virgulino
Cangaceiro endiabrado.

Houve um grande rebuliço
Naquele exato momento
São Jorge e seus guerreiros
Cada qual mais violento
Gritaram pega o jagunço
Ele aqui não tem talento.

Lampião vendo o afronto
Naquela santa morada
Disse: Deus não está sabendo
Do que há na santarada
Bateu mão no velho rifle
Deu pra cima uma rajada.

O pipocado de bala
Vomitado pelo cano
Clareou toda a fachada
Do reino do Soberano
A guarnição assombrada
Fez Pedro mudar de plano.

Em um quarto bem acústico
Nosso Senhor repousava
O silêncio era profundo
Que nada estranho notava
Sem dúvida o Pai Celeste
Um cansaço demonstrava.

Pedro já desesperado
Ligeiro chamou São João
Lhe disse sobressaltado:
Vá chamar Cícero Romão
Pra acalmar seu afilhado
Que só causa confusão.

Resmungando bem baixinho
Pra raiva poder conter
Falou para Santo Antônio:
Não posso compreender
Este padre não é santo
O que aqui veio fazer?!

Disse Antônio: fale baixo
De José é convidado
Ele aqui ganhou adeptos
Por ser um padre adorado
No Nordeste brasileiro
Onde é “santificado”.

Padre Cícero experiente
Recolheu-se ao aposento
Fingindo não saber nada
Um plano traçava atento
Pra salvar seu afilhado
Daquele acontecimento.

Logo João bateu na porta
Lhe transmitindo o recado
Cícero disse: vá na frente
Fique despreocupado
Diga a Pedro que se acalme
Isso já será sanado.

Alguns minutos o padre
Com uma Bíblia na mão
Ao ver Pedro lhe indagou:
O que há para aflição?
Quem lá fora tenta entrar
E também um ser cristão,

São Pedro disse: absurdo
Que terminou de falar
Mas Cícero foi taxativo:
Vim a confusão sanar
Só escute o réu primeiro
Antes de você julgar.

Não precisa ele entrar
Nesta sagrada mansão
O receba na guarita
Onde fica a guarnição
Com certeza há muitos anos
Nos busca aproximação.

Vou abrir esta exceção
Falou Pedro insatisfeito
O nosso reino sagrado
Merece muito respeito
Virou-se para São Paulo:
Vá buscar este sujeito.

Lampião tirou o chapéu
Descalço também ficou
Avistando o seu padrinho
Aos seus pés se ajoelhou
O encontro foi marcante
De emoção Pedro chorou

Ao ver Pedro transformado
Levantou-se e foi dizendo:
Sou um homem injustiçado
E por isso estou sofrendo
Circula em torno de mim
Só mesmo o lado ruim
Como herói não estão me vendo.

Sou o Capitão Virgulino
Guerrilheiro do sertão
Defendi o nordestino
Da mais terrível aflição
Por culpa duma polícia
Que promovia malícia
Extorquindo o cidadão.

Por um cruel fazendeiro
Foi meu pai assassinado
Tomaram dele o dinheiro
De duro serviço honrado
Ao vingar a sua morte
O destino em má sorte
Da “lei” me fez um soldado.

Mas o que devo a visita
Pedro fez indagação
Lampião sem bater vista:
Vê padim Ciço Romão
Pra antes do ano novo
Mandar chuva pro meu povo
Você só manda trovão


Pedro disse: é malcriado
Nem o diabo lhe aceitou
Saia já seu excomungado
Sua hora já esgotou
Volte lá pro seu Nordeste
Que só o cabra da peste
Com você se acostumou.

FIM

Fonte Domínio Público

Imagem da internet

Mostra Literária “O cordel e o cantador” fica à disposição do público no Centro de Atividades (TO)

 


          No período de 03 a 28 de março, tem início no Centro de Atividades SESC Palmas mais uma edição do Mostras Literárias. Com o tema: mostra literária “O cordel e o cantador”, o projeto vai exibir imagens e informações sobre a literatura de cordel e também com a exposição de um varal de livretos de cordel.
          A exposição traz um pouco do que é a literatura de cordel ao expor temas como o que é o cordel, o cantador, as cantorias, um breve histórico do cordel, a permanência no Brasil, sua influência, a xilogravura e a relação do autor e a temática. Para as escolas e professores são fornecidas algumas sugestões de trabalho com o cordel na escola e em sala de aula.
As escolas e demais instituições podem agendar Visitas orientadas e levarem turmas para a visitação da mostra.
              O programa Mostras Literárias busca proporcionar ao público um contato maior com obras, personagens e autores literários por meio de atividades como oficinas, leituras, debates, contação e histórias, exibição de filmes, dentre outras, que são realizadas em torno das exposições. Essas ações proporcionam um maior conhecimento acerca do conteúdo literário exposto e possibilita a interação do participante com o evento e com a literatura em seus diversos âmbitos de realização.
          O contato com as obras literárias e com detalhes de sua produção, de processo criativo do autor, com informações sobre o que é aquela obra - como no caso do cordel, ou seja saber o que é um cordel, faz com que as pessoas se sintam mais familiarizadas com a literatura. Esse contato, essa familiarização é que causa o prazer pela literatura. E essa a principal importância desse projeto. Ele promove essa união entre o autor, a obra e o leitor, de forma prazerosa.

Fonte: sescto.com.br

sábado, 19 de fevereiro de 2011

TODO SUJO QUER SER LIMPO

Autor: José de Sousa Dantas

Quem tem o dom de roubar,
vive procurando um meio
de se valer do alheio
para se locupletar,
manter-se e continuar
ganhando irregularmente;
trapaceia, finge e mente,
com seu jeito descarado.
Quem foi SUJO no passado
quer ser LIMPO no presente !

Faz de tudo para ter
uma oportunidade
que dê rentabilidade
e possa se promover,
ganhando, sem merecer,
livre e descaradamente,
enganando a muita gente,
num esquema enviesado.
Quem foi SUJO no passado
quer ser LIMPO no presente !

Não tem vergonha na cara
e se mostra como santo,
o seu fingimento é tanto
que dissimula e mascara,
e ainda se declara
ser leal e coerente,
mas não passa finalmente,
de covarde e de safado.
Quem foi SUJO no passado
quer ser LIMPO no presente !

O SUJO pode deixar
a família envergonhada,
marcada e prejudicada,
sem saber como encarar
tanta sujeira sem par,
e sentir-se realmente
ofendida moralmente,
com críticas de todo lado.
Quem foi SUJO no passado
quer ser LIMPO no presente !

Além de ser SUJO quer
viver ganhando dinheiro
pra manter-se o tempo inteiro
como bem lhe convier,
dê o caso no que der,
mente deslavadamente,
usa desse expediente
que nos deixa indignado.
Quem foi SUJO no passado
quer ser LIMPO no presente !

É preciso punição
para toda criatura
acusada de usura,
calote e corrupção,
além de devolução
de valor integralmente,
logrado indevidamente
de ato ilegal provado.
Quem foi SUJO no passado
quer ser LIMPO no presente !

Tem SUJO que quer ficar
LIMPO de cara lavada,
com sua vida inovada,
procura se lapidar,
para se purificar
externo e internamente,
mudando literalmente
o rumo antes traçado.
Quem foi SUJO no passado
quer ser LIMPO no presente !

Ser LIMPO é uma virtude,
uma forma de respeito;
mas ser SUJO é um defeito,
um vício, uma ilicitude,
um tipo de atitude
abusiva, inconsequente,
desleal e indecente,
que constitui um pecado.
Quem foi SUJO no passado
quer ser LIMPO no presente !

Texto

Imagem dtvb.ibilce.unesp.br

LISTA DE PROJETOS APROVADOS NO FMC 2010 NA ÁREA DA CULTURA POPULAR

          Dentre os 77 projetos aprovados pela Funjope no FMC (Fundo Municipal de Cultura) 2010, 16 são na área de cultura popular. O autor e administrados deste blog  aprovou um projeto que levará a Literatura de Cordel em livro a cem escolas do município de João Pessoa. A seguir lista  com respectivos proponentes:

PROJETO “AGITANDO A FOLIA”  - SUPIMA PRODUÇÕES ARTÍSTICAS

JUNINA CANGACEIROS DO SERTÃO  - EDNILTON TRANQUILINO DA SILVA

SANFONA BRANCA DEBATE QUADRILHA JUNINA –  JOSÉ PEDRO FILHO

MAPEAMENTO DAS CASAS DE TERREIROS DO MUNICIPIO DE JOÃO PESSOA -PARAÍBA CASA DE CULTURA ILE ASÉ D’OSOGUIÃ-IAO

BANDEIRANTES DA TORRE CARNAVAL 2011  - LUZIBERTO COSTA DO NASCIMENTO

ESCOLA DE SAMBA PAVÃO DE OURO  - ALLAN AMÂNCIO DA SILVA

“SEMEANDO CORDEL NA ESCOLA E NA SOCIEDADE”  - MANOEL MESSIAS BELISARIO NETO

ARRIBA-SAIA  - ALARICO DOMINGOS DA SILVA 

XIADO DO XINELO -  ALEXSANDRO QUEIROZ DE OLIVEIRA

PROJETO DÓ MAIOR  - ASSOCIAÇÃO BALAIO NORDESTE-ABN

CORAÇÃO MATUTO -  EMANUEL FERREIRA GONÇALVES

PARATIBE EM AÇÃO -  ASSOCIAÇÃO DA COMUNIDADE NEGRA DE PARATIBE

CLUBE CARNAVALESCO OS 25 BICHOS  - FLAVIO JOSÉ DE LIMA

ARRIÁ DO CORONÉ LAURENTINO -  INSTITUTO DOS CEGOS ADALGISA CUNHA

PARAÍBA DE CABO A RABO  - YORIGA ROMANA ALVES DA SILVA

CLUBE DE ORQUESTRA CIGANOS DO ESPLANADA - MARCOS ANTONIO DOS SANTOS

VEJA A LISTA COMPLETA AQUI

Manoel Messias Belizario Neto

Funjope divulga lista dos projetos aprovados para receber incentivo do FMC

          

           Nesta sexta-feira, dia 18, foram divulgados os 77 projetos contemplados pelo Fundo de Cultura Municipal (FMC) de 2010. Os aprovados foram organizados em nove categorias, que contemplam mais de 20 segmentos.

Clique AQUI e confira quais foram os projetos escolhidos.

          Dezessete projetos envolvem música. Para eles, o FMC vai viabilizar R$ 242 mil. A quantia deverá proporcionar a gravação de álbuns de grupos e artistas, assim como a realização de eventos. 

          Na área de artes cênicas, foram 12 projetos contemplados, para os quais serão destinados R$ 276 mil. As nove propostas relacionadas com a dança, terão financiamento na ordem de R$ 103.437,60. No caso das artes visuais, foram 8 projetos, cujos recursos serão de R$ 95.920,50. A quantia beneficiará desde trabalhos que envolvem escultura e fotografia até web arte.

               Em audiovisual, foram seis propostas acolhidas pelo FMC, somando R$ 196.814,90. Enquanto isso, cinco projetos de literatura somaram R$ 46 mil. Houve ainda a área intitulada multiárea, envolvendo vários segmentos como acervo e patrimônio histórico, que atendeu a três solicitações, financiando R$ 38.868. Já em biblioteca, um projeto no valor de R$ 10.514,56 foi contemplado.

          No total, os benefícios do FMC somam incentivo financeiro na ordem de R$ 1,2 milhão.

Fonte: onorteonline

Imagem; fabianovidal.com

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Literatura de Cordel em Serranópolis do Iguaçu (PR)

A Cultura Nordestina passada a alunos Serranópolitanos

          Como estímulo à leitura e aprendizado sobre a cultura nordestina, centenas de estudantes lotaram o Centro de Cultura Loreci Terezinha Sehn Morás na última semana. Os alunos da rede municipal e estadual de Serranópolis do Iguaçu ouviram atentos a oficina de literatura, conhecida como Poema de Cordel, apresentada pelo sergipano da cidade de Nossa Senhora da Glória, Luis Carlos de Oliveira, autor de 28 livros.
          Há 13 anos Luis Carlos segue pelo Brasil e, segundo ele, para completar o ciclo das 399 cidades paranaenses, faltam apenas 46 municípios para visitar. "Já passei por vários estados, gosto muito de estar em contato com estudantes, assim ensino sobre minha literatura e também aprendo com eles", diz.
          Para uma poesia ser considerada Literatura de Cordel, as características fundamentais são simplicidade, através do uso de termos compreensíveis, sem necessariamente compor um texto forçado; relato, considerando que a poesia de cordel deve conter uma história; e rima, dentro daqueles estilos tradicionais
          Cordel pode ser considerada como uma poesia narrativa, impressa e popular. Só se manifesta através da escrita, até porque sua característica mais particular está na forma de expor - que lhe deu o próprio nome - folhetos pendurados em cordéis. Existem rimas feitas de improviso que se assemelham aos poemas de cordel, porém, ganham outra conotação, como por exemplo, a embolada e outros repentes.
          Além de mostrar aos alunos de Serranópolis uma cultura diferente da encontrada nos livros didáticos, o autor disseminou ainda importantes alertas, como cuidados e prevenção contra a dengue.
          Utilizar a arte como ferramenta pedagógica é motivar a aprendizagem, pois dessa forma, trabalhos em sala podem ficar mais divertidos e também desafiadores, produzindo no gosto dos alunos a vontade de conhecer novas ideias, ter novas experiências e praticá-las em conjunto com os colegas.

Fonte: guiamedianeira.com.br

Cantigas de roda infantis ganham nova versão em cordel

Antonio Barreto - cantigas de roda - versão cordel

          O Cordelista Antonio Barreto e o Cartunista Antonio Cedraz lançaram no último dia 10 de outubro de 2010, na Biblioteca Infantil Monteiro Lobato, em Salvador, os livros Atirei o Pau no Gato e Pai Francisco Entrou na Roda — tradicionais cantigas de roda em novas versões adaptadas para o Cordel.

Atirei o Pau no Gato

“Atirei o pau no gato
Mas o gato se escondeu.
Percebi que ele era
Mais esperto do que eu.”

Pai Francisco Entrou na Roda

“Numa noite de luar
Lá pras bandas do sertão
Pai Francisco entrou na roda
Tocando seu violão.”

          O Cordelista Antonio Barreto nos apresenta uma versão bem moderna e cativante das clássicas cantigas de roda, que povoaram nossa infância, com belas ilustrações do cartunista Antonio Cedraz. Os livros bem ilustrados agradam a todos e vão servir de leitura de cabeceira dos pequenos novos leitores.

Os autores:

Antonio Carlos de Oliveira Barreto [Antonio Barreto] nasceu nas caatingas do sertão baiano, Santa Bárbara-Bahia. Professor, poeta e cordelista, com vários trabalhos em jornais, revistas e antologias, tendo publicado mais de 100 folhetos de cordel abordando temas ligados à educação, problemas sociais, futebol, humor e pesquisas. Licenciado em Letras Vernáculas, pós-graduado em Psicopedagogia e em Literatura Brasileira

Faz palestras, recitais e oficinas abordando a Literatura de Cordel em diversas escolas públicas, particulares, universidades e outras instituições, além de participar de colóquios, seminários, congressos e festivais de poesia e cultura popular no Brasil e no exterior.

Contato: abarretocordel@hotmail.com

Tel.: 71-91964588  71-3329-3237

Antônio Cedraz nasceu em uma fazenda no município de Miguel Calmon (Ba), mas cresceu e formou-se professor em Jacobina, onde teve os primeiros contatos com as histórias em quadrinhos.

É Mestre dos Quadrinhos Nacionais, título concedido pela Associação de Caricaturista e Desenhistas de São Paulo e o criador da Turma do Xaxado, com a qual ganhou, seis vezes, o mais importante prêmio de Histórias em Quadrinhos do Brasil: o HQ MIX, considerado o Oscar dos quadrinhos brasileiros.

Contato: edicoes@xaxado.com.br

71 3357-5289

Fonte: barretocordel.wordpress.com

SERTÂNIA TEM OFICINA INÉDITA DE LITERATURA DE CORDEL COM O CONSAGRADO POETA ABDIAS CAMPOS

          A Fundação Nacional de Artes - FUNARTE, MINC. está realizando este ano de 2011, interferências literárias em municípios das regiões classificadas como Territórios da Cidadania, em todo o Brasil, pela Bolsa Funarte de Circulação Literária.

           No caso de Sertânia, esta ação está sendo realizada através da oficina Recursos Culturais e Educativos da Poesia de Cordel, ministrada pelo poeta Abdias Campos, escolhida por ele por já haver uma demanda da cidade para esta interferência literária. Além de Sertânia será levada para Monteiro na Paraíba e Almenara em Minas Gerais.

           Destinada a professores da rede pública, arte-educadores e poetas, objetivando a capacitação de um grupo de multiplicadores em Literatura de Cordel como gênero textual capaz de repassar saberes da cultura e educação. Esta oficina leva aos participantes os recursos extraordinários da Literatura de Cordel, como instrumento facilitador para veiculação do pensamento humano (criação e relato). Além de trazer embutido na sua estrutura física, a organização métrica dos versos, a rima e as modalidades de estrofes que compõem a feitura dos versos populares, ampliando o conhecimento pela prática. Outro ponto propositivo e importante é a abordagem acerca das variadas vocações literárias manifestadas através da poesia de cordel, como: jornalismo popular, histórias regionais, emblemas medievais, o historiado sintético de inúmeros temas de interesse local, regional e nacional, atualidade e saberes específicos, repassados através do gracejo dos versos e, às vezes, melhor assimilado pela forma sucinta e agradável de leitura. No conteúdo programático apresentamos: A história da literatura de cordel; modalidades de poesia de cordel; versos; estrofes; tema; construção de métricas; linguagem pessoal; escolha de tema; roteirização do conteúdo, desenvolvimento e fechamento de tema; formato do folheto; número de páginas e de estrofes por folheto; e por fim, como resultado da oficina em sala de aula, a produção coletiva de um folheto com tema escolhido pela turma focado em sua região

Fonte: tribunadomoxoto.com

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Cordel é tema de peça teatral em Irati (PR), dia 18

          Nesta sexta-feira, dia 18, Irati vai receber a comédia teatral “Cordel, Uma Viagem Pela Cultura” que, além de explicar o universo da literatura de cordel, também retrata os costumes e tradições do povo nordestino. Segundo seu autor, o diretorFelipe Henrique da Silva, que também atua na peça, “Cordel é um espetáculo que leva o público para uma ampla viagem pela cultura popular, tendo como pilar principal a literatura de cordel.”

          Serão duas apresentações (às 19h e às 20h), no Centro Cultural Clube do Comércio. A classificação é 12 anos e os ingressos custam R$ 10, e R$ 5 para meia entrada ou estudante. Informações pelo telefone 3907 3157.

Paradoxos

             A comédia teatral “Cordel, Uma Viagem Pela Cultura”, ainda de acordo com Felipe Henrique da Silva, aborda de um modo geral um paradoxo: “a cultura de um povo que, por muitos, é visto apenas como sofrido, castigado pela seca sertaneja, mas que a despeito de tudo isso tem o cuidado e a alegria de preservar suas tradições, mantendo viva esta importante faceta da cultura popular brasileira”.

           Quando os trabalhos de pesquisa começaram, o foco do autor era especificamente a literatura cordelista, mas o rico meio popular nordestino propiciou diversas outras abordagens que estão inseridas neste espetáculo popular e são trazidas ao palco pelo artista.

           A peça é uma montagem da Companhia Teatral Procênio, de Limeira (SP), que está em tournée pelo Paraná. Em Irati, recebeu apoio da Secretaria Municipal de Patrimônio Histórico, Turismo, Cultura, Lazer e Desportos.

Síntese do gênero

           A Literatura de cordel é um tipo de poema popular, originalmente oral, e depois impresso em folhetos rústicos ou outra qualidade de papel, expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis, o que deu origem ao nome originado em Portugal, que tinha a tradição de pendurar folhetos em barbantes.

             No Nordeste do Brasil, o nome foi herdado - embora o povo chame esta manifestação de folheto - mas a tradição do barbante não perpetuou. Ou seja, o folheto brasileiro poderia ou não estar exposto em barbantes. São escritos em forma rimada e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, o mesmo estilo de gravura usado nas capas.

          As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores.

Fonte:irati.pr.gov.br

CIRANDA CORDEL NA INTERNET

Gostaria de parabenizar as cordelistas Dalinha Catunda e Rosário Pinto do blog Cordel de Saia pela excelente iniciativa que resultou no belíssimo poema coletivo a seguir. (Manoel Belizario)

CIRANDA CORDEL NA INTERNET

Filho amado da mente nordestina,
Sempre teve o cordel grande sucesso.
Cavalgando no dorso do progresso,
Mas fiel à escola leandrina
Muitas vezes saiu da oficina,
Em notícia de impacto social.
Foi aí que o cordel se fez jornal,
Na linguagem padrão e não matuta,
Sendo a modernidade absoluta
Pode e deve o cordel ser virtual.

(Gonçalo Ferreira – Ipu/CE)

*
A internet chegou
Como grande aliada
Pro cordel abriu estrada,
E o cordelista gostou
No virtual apostou
E com tecnologia
Espalhou sua poesia
Por este mundo global
Onde o cordel tem aval
Nesta metodologia.

(Dalinha Catunda – Ipueiras/CE)
*

O cordel hoje é manchete.
Está na mídia virtual.
Antes, ele foi oral.
Passou pelo ofsete.
Namora com a internet.
Hoje, com tranquilidade,
Mostra versatilidade,
Dela tira seu proveito,
Tem com ela laço estreito.
Brinca, qual marionete.

(Rosário Pinto – Bacabal/MA)

*

O cordel tem esse jeito
De caminhar sem cair
E também de exibir
Seu talento e respeito
Mostrando com muito jeito
O saber da paciência
Alertando a consciência
Da grandeza cultural
Agora também virtual
Mantém sua coerência.

(Chico Salles – Souza/PB)

*

Pra quem procura por perto
Morada pra poesia,
Pode dizer com alegria
Que encontrou lugar certo:
A net é espaço aberto
Pra o poeta versejar
E em verso desafiar
Os quatro cantos do mundo,
Numa fração de segundo,
Sem sair do seu lugar.

(Nezite Alencar – Crato/CE)

*

O cordel na internet
Ganhou vez, voz e espaço
Internautas num abraço
Fizeram dele, vedete
Nos sites virou manchete
Nos blogs ganhou mais fama
Feliz, não mais se reclama
Nem teme o anonimato
Reconhecido de fato
Toda a rede lhe proclama.

(Josenir Lacerda-Crato/CE)

*

Graças à tecnologia
Tudo tem novo valor
Abra o seu computador
E poste a sua poesia
Aquela… que ninguém lia
E nesse mundo virtual
Com linguagem digital
O mundo vai percorrer
E você vai agradecer
A esse espaço genial.

(Nelcimá de Morais – Santa Luzia/PB)

*

O cordel na internet
É uma necessidade
Pela dificuldade
De expor nosso trabalho
Uma vaca sem chocalho
Ninguém sabe onde está
Precisamos propagar
Costumes e tradição
Deixe o corisco e o trovão
Explodir no meio do mar.

(Ivamberto Albuquerque-Alagoa-Grande/PB)

*

Está na universidade
Aqui e em outras nações,
Falando das tradições
Pra gente de toda idade;
Invadiu sertão, cidade
Cresceu e virou manchete
Qualquer assunto reflete
De forma mais verdadeira
Ultrapassou a fronteira
E brilha na internet !

(Bastinha Job – Santo Amaro Assaré/CE)

*

Quem pensa que folhetos de papel
E impressão com rasteira qualidade
É a forma, com exclusividade,
De se ver publicado o cordel
Não percebe que o grande carrossel
Deste mundo não para de girar.
O cordel, para se modernizar,
A mudança do mundo ele reflete,
Foi assim que o cordel na internet
Começou, de repente, a se espalhar.

(Marcos Mairton – Fortaleza /CE)

*

Para mim que sou do tempo antigo
INTERNET parece coisa estranha,
Porém, sei com ela o cordel ganha
Asas pra voar e, sem perigo,
Se nas feiras ontem tinha abrigo
Hoje tem por cliente o mundo inteiro,
Professor, estudante, oficineiro
Podem ler o cordel a qualquer hora
Por isso o cordel se faz agora
Acessível a todo brasileiro.

(Manoel Monteiro da Silva – Bezerros/PE)

*

Os versos de artistas tão tradicionais
Aderaldo, Patativa e também Azulão
Botado em livreto, pendurado em cordão
Prática que fez dos cordéis os jornais
Mais lidos nas feiras e também nos quintais
Hoje, esse costume ficou rarefeito
E apesar do verso se manter perfeito
É mais lido na tela de um computador
Na tal da internet veio com clamor
Adeus ao papel! Danou-se! Tá feito

(Ricardo Aragão – Ipu/CE)

*

Com o cordel na internet
Vislumbro a oportunidade
De quem faz e não promete
Viver na modernidade
E com personalidade
Mostrar a nova feição
Sem fugir à tradição
Dessa fonte cultural
Com a forma original
Para a sua criação

(Zé Walter [José Walter Pires] – Brumado/BA)

*

Publicar virtualmente
Um cordel, hoje é possível
A tecnologia é incrível
E está dando patente
A quem antes era ausente
Da cintilância da fama,
A internet é a cama
Pra o poeta deleitar
Conhecer e publicar
Essa arte que o Brasil ama.

(Raul Poeta – Juazeiro do Norte/CE)

*

Com a chegada da Internet
O cordel ganhou mais vida.
Agora não tem saída
Nós vamos pintar o sete
Na TV, rádio, manchete
Em qualquer lugar fecundo
Nosso versejar profundo
Estará mais que presente
Alegrando a toda gente
No Brasil e além mundo.

(Antonio Barreto – BA)

*

Gostaria de opinar sobre o tema
A respeito do cordel na Internet
Acho que a cada cordelista compete
Divulgar beira-mar, mourão poema
Afinal, dos versos, todo o sistema
Entendo que o cordel é soberano
Mostremos para o mundo novo plano
Se se afastar muito do passado
Lembremos cada vate renomado
Nos dez pés do martelo alagoano

(Antônio de Araújo Campinense – Campina Grande/PB)

*
O livreto pendurado
Em cordão numa barraca
Já é visão meio fraca
Que faz lembrar o passado.
Hoje muito divulgado
Em diferentes canais,
Nos saraus, em recitais
Recebe aplausos, confete
O cordel na internet
Cresce cada dia mais.

(Creusa Meira – BA)

*

Quando vi em plena feira
um cabra se esgoelando
bonitos versos cantando
fiquei ali de bobeira.
Ele desceu da cadeira
e ficou a me olhar
parecendo advinhar:
“Menino, você promete,
o Cordel na internet
sua vida vai mudar”.

(José Alberto Costa – Maceió/AL)

*

Com a inclusão digital,
Um novo leque se abriu
E dentro dele surgiu
O poeta virtual.
Acessando esse portal,
O poeta usa um teclado.
Que corrige o verso errado,
Lapida, cola e copia.
Salve a tecnologia
E o Cordel modernizado!

(Damião Metamorfose)

*

Antes do computador
Tínhamos fragilidades,
Hoje nas comunidades
O cordel tem mais valor.
Cordelista ou cantador
Quando um cordel escrevia,
Era só ele quem lia,
O caderno amofumbava.
Uma parte o mofo dava,
A outra, a traça comia.

(Eduardo Viana)

Fonte: cordeldesaia.blogspot.com
Imagem:flickr.com

I Feira de Literatura de Cordel do Sertão

Dia 25 de março/2011
No Museu do Cangaço - Serra Talhada/PE.
19h30min - Apresentação do Grupo de Xaxado Cabras de Lampião
20h00min: Recital com os poetas:

* Chico Pedrosa
* Dedé Monteiro
* Edgar Diniz
* Felipe Júnior
* Caio Menezes
* Dudu Morais
* Dulce Lima
* Genildo Santana
* Adeval Soares
* Neide Nascimento
* Paulo Moura
* Gilberto Mariano
* Rui Grude
* Damião Enésio e Zé Pereira

Patrocinio :
Programa BNB de Cultura 2011
BNDES/Governo Federal
Apoio:
UBE/PE - NEC - Núcleo de Estudos do Cangaço
Academia Serratalhadense de Letras
Unicordel
Ponto de Cultura APDTA
SEBRAE

Realização:
PONTO DE CULTURA CABRAS DE LAMPIÃO

--
FUNDAÇÃO CULTURAL CABRAS DE LAMPIÃO
Rua Virgolino Ferreira da Silva, 06 - COHAB
Serra Talhada - Pernambuco - CEP: 56.909-110
Tel: (87) 3831 3860 / 3831 2041 / 9918 5533 / 9938 6035
E-mail: cabrasdelampiao@gmail.com
Site: www.cabrasdelampiao.com.br

Fonte: onordeste.com

Imagem: nataltrip.com

A CARTA DO PISTOLEIRO MAINHA À SOCIEDADE

 

Autor: Guaipuan Vieira

Eu escrevi um folheto
De grande repercussão
A respeito de Mainha
E sobre a sua prisão
Cujo folheto atingiu
A sua quinta edição
.
Por causa disso Mainha
Me mandou uma mensagem
E nela naturalmente
Salvaguarda sua imagem
Dizendo que não é rico
A custa de pistolagem
.
Eu recebi a mensagem
Enviada por Mainha
E garanto aos meus leitores
Que não é invenção minha
Porque eu sou um poeta
Que nunca fugiu da linha.

O recado que transcrevo
Só mudei mesmo o estilo
Pois eu transformei em versos
Sem guardar nenhum sigilo
Transcrevo o que me foi dito
Portanto eu fico tranquilo.

Ao tomar conhecimento
Do que andei escrevendo
O detento com razão
Escreveu se defendendo
Me enviando a mensagem
Que assim começo dizendo:

-"As duas grandes famílias
Com muito orgulho pertenço
Aos Maias pelo meu pai
Que sempre teve bom senso
Da mamãe herdei Diógenes
Que tem um padrão imenso.

Muitos pensam que eu sou
Um terrível pistoleiro
Um sujeito endiabrado
Perverso e arruaceiro
Pensam que eu sou também
Um filho de cangaceiro.

A mente do nosso povo
Muitas vezes é enganada
Com especialidade
Quando é mal informada
E a vítima com as notícias
É a mais prejudicada.

Eu nunca fui pistoleiro
A todos posso provar
Se matei foi por vingança
Assunto particular
Pistoleiro que eu saiba
É pago para matar.

Se eu fosse perigoso
Não teria sido preso
Pois cabra desta maneira
Tem o olhar bem aceso
Tem ouvidos de tiú
Ninguém o pega indefeso.

O bandido perigoso
de tudo está informado
Pra isto paga coiteiro
Anda muito bem armado
Nunca é preso sempre é morto
Dentro dum fogo cruzado.

Na noite em qu'eu fui preso
Pelo senhor delegado
Não reagi à prisão
Nem também estava armado
E é a pura verdade
Conforme foi constatado.

Mesmo assim a própria imprensa
Que na minha casa andou
Pesquisando a minha vida
De tudo se inteirou
Porém me deram uma fama
Que só me prejudicou.

O bandido foragido
Muda a sua identidade
Abandona a sua terra
Parte pra outra cidade
Mesmo assim vive escondido
Garantindo a liberdade.

Como então sou foragido
Se tenho a minha morada
Nela vivo com meus filhos
E minha mulher amada
Que vive sempre com medo
De eu morrer numa cilada.

Eu vivo a minha vida
De vaqueiro e agricultor
Derrubando o gado bravo
No sertão abrasador
Na fazenda de Diógenes
O meu "pai" meu protetor.

Pois seu Chiquinho Diógenes
Gostava de viajar
Para ver Exposições
Do gado bem exemplar
E quando comprava alguns
Eu sempre ia buscar.

Esta é a tal razão
De a polícia vir dizer
Que eu era um foragido
Por muitos crimes dever
Coisa que não é verdade
Todos vocês podem crer.

O crime que pratiquei
Já está esclarecido
Se matei foi por vingança
Não estou arrependido
Só dei fim no assassino
Que matou meu "pai"querido.

Pois Chiquinho para mim
Era um verdadeiro pai
Hoje quando penso nele
Meu coração se contrai
E o seu assassinato
Da cabeça não me sai.

Então digo pros senhores:
Cada uma traz uma sina
Uma que dá alegria
E outra que se arruína
Tudo depende da sorte
É ela quem determina.

Mesmo um homem sendo bom
Muitas vezes é vitimado
Pra expiar seus pecados
Carrega um fardo pesado
É um bode expiatório
Ou um desafortunado.

Pra carregar este fardo
O destino me escolheu
Como prova uma campanha
Que um grupo promoveu
Me jogou contra o povo
E só fui eu quem perdeu.

Eu perdi pelo seguinte:
Hoje tenho uma má fama
Ninguém acredita em mim
Todo mundo me difama
E querem me afogar
Num oceano de lama.

Já falei aqui do crime
Que pratiquei por vingança
Por ele estou amargando
Numa cela em segurança
Esperando a liberdade
Porque tenho confiança.

Quero voltar ao convívio
Da minha santa morada
Para rever os meus filhos
E minha mulher amada
Que certamente está triste
E chorando inconformada.

Pistoleiro perigoso
É o chefe da Nação
Que mata de fome e à bala
Parte da população
Ele é quem devia estar
Sofrendo numa prisão.

Sou um bode expiatório
Por um grupo fabricado
Que talvez este é quem seja
O bandido procurado
Que sempre vive julgando
E nunca quer ser julgado.

-Termino assim a mensagem
Enviada por Mainha
Repito o que disse antes:
Que não é invenção minha
Todos sabem que eu sou
Um cordelista de linha.
Fim

Fonte Domínio Público
Imagem: letsgolf.com

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Acopiara mantém viva a tradição do cordel

Poeta popular de Diadema difunde o gênero no ABCD e sobrevive com os versos que lembram sua infância; já publicou 8 livros

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Leonardo Britos
leonardo.britos@bomdiaabcd.com.br

          A literatura de cordel, que veio junto com os portugueses para o Brasil, teve grande importância para a cultura nordestina. Antigamente considerado o jornal do sertanejo, além de poesia trazia em suas estrofes informação, noticiando grandes acontecimentos do país e do mundo.
          No ABCD, o poeta popular Moreira de Acopiara, cujo sobrenome faz homenagem à sua cidade natal, Acopiara, no Ceará, mantém viva a literatura popular do cordel na região.
           Já publicou mais de 100 cordéis e oito livros sobre a poesia popular. Membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, desenvolve um trabalho como representante do cordel no ABCD realizando eventos com apoio das prefeituras da região.
            Inspirado em “causos” de infância, Moreira escreve sobre suas aventuras no Nordeste. “Escrevo sobre diversos temas, conto histórias da minha vida, algumas contadas por amigos, mas sempre procuro tratar tudo com muito humor”, diz Acopiara.
          Sobre o começo de sua carreira como escritor, explica que teve a ajuda de um dos grandes nomes do cordel, o escritor Patativa Nazaré . “O Patativa foi uma grande influência para minha carreira como escritor. Com 16 anos datilografei dois poemas e fui apresentar para ele. Na hora ele me disse que os poemas não eram bons, mas que pela minha idade, eu estava acima da média,” lembra o escritor, sorrindo.
          Acopiara diz que o cordel hoje está em alta, com grande incentivo de órgãos públicos, mas salienta que a qualidade é algo essencial. “Vejo muitos ‘escrivinhadores’ que não fazem trabalho de qualidade e prejudicam os poetas que fazem um trabalho sério,” finaliza.

Tese de doutorado criou a Peleja Virtual do cordel

          A jornalista Maria Alice Amorim teve a ideia de criar uma “Peleja Virtual” para sua tese de doutorado. O objetivo era que o poeta popular Moreira de Acopiara e o poeta Glauco Mattoso escrevessem um cordel utilizando o computador como meio de comunicação, onde cada um escrevia uma estrofe.
          Durante um mês, os escritores trocavam estrofes pelo MSN ou por e-mail. Acopiara afirma que a internet é uma grande ferramenta para o cordel. “Temos que saber usar a internet, pode ser uma grande aliada” diz.

Fonte: redebomdia.com.br

Notoriedade ao acervo de cordéis

Lourdes Ramalho, o cordelista Paulo Nunes e demais da cultura popular visitaram a biblioteca da UEPB

          Instalada no primeiro andar do prédio da Administração Central da Universidade Estadual da Paraíba, em Campina Grande, a Biblioteca Átila Almeida surge aos pesquisadores como uma valiosa opção aos que desejam analisar volumes raros e raríssimos de livros, cordéis, periódicos e jornais. Possui um acervo de mais de 8 mil cordéis, o que lhe rendeu o título de segunda maior biblioteca de literatura de cordel do Brasil, a biblioteca é grande também pela importância do material e para conferir de perto, a teatróloga campinense Lourdes Ramalho fez uma visita ao acervo e trouxe vários membros de sua família, inclusive o poeta e cordelista Paulo Nunes Batista, contemporâneo de Átila, que possui cordéis no acervo, mas nunca havia conhecido a Biblioteca atual e estava de passagem pela cidade.


A teatróloga levou membros da família para conhecer a estrutura do equipamento. Foto: Katharine Nóbrega/DB/D.A Press.

          Segundo a professora visitante da UEPB e pesquisadora da área de poéticas da oralidade, Joseilda de Sousa Diniz, a reunião causou grande satisfação entre os presentes. "São pessoas que conviveram com o professor Átila Almeida, quepossuem amizade com a sua viúva, Ruth Almeida, com o poeta José Alves Sobrinho e que tiveram e têm uma participação expressiva na cultura popular do Estado", afirmou.
           Acompanhando a visita também estava a pesquisadora holandesa, professora Ria Lemaire, que participou recentemente da 1ª Jornada de Estudo Internacional sobre Poéticas da Oralidade em Campina Grande, efetuada pela UEPB. Durante esta estadia, Lemaire terminou um livro sobre cultura popular juntamente com Lourdes Ramalho, a ser lançado este ano por uma editora espanhola.
Compuseram a visita Lourdes Ramalho, seu primo poeta e cordelista, Paulo Nunes Batista, o filho dele, Francisco Silva Batista, suas sobrinhas Marinalva Batista Pimentel e Alzinete Alencar Pimentel, e suas primas Terezinha Figueiredo, hoje professora aposentada da UEPB e Maria das Graças de Figueiredo, crítica literária.

Poetas
 

Paulo Nunes Batista      

          Paulo Nunes Batista é poeta, cordelista, advogado e jornalista. Paraibano de João Pessoa, onde nasceu em 1924, desfruta de prestígio internacional na Literatura de Cordel, figurando até na Grande Enciclopédia Delta Larousse. Autor de dezenas de livros tem textos poéticos traduzidos para o japonês. Mora em Anápolis, estado de Goiás.

José Alves Sobrinho

          Tem hoje 90 anos. Poeta, cantador, improvisador, violeiro, nômade e autodidata, Sobrinho perdeu no auge da carreira a sua voz magnífica; tornou-se pesquisador em tradições populares e terminou a carreira como docente e pesquisador da Faculdade de Letras da Universidade Federal da Paraíba, atual UFCG. Contribuiu de modo decisivo para o que representa na contemporaneidade o patrimônio de cordéis e de manuscritos da Biblioteca Átila Almeida - acervo dos mais significativos pertencente a uma instituição pública.

Fonte: diariodaborborema.com.br

Cordelista lança na próxima sexta segundo volume literário contra o crack

 “Crack… A Droga da Morte”, de Marcio Bizerril aborda sobre os prejuízos que a droga causa a sociedade

          O poeta de cordel Márcio Bizerril realiza na próxima sexta-feira, 18, um café da manhã ao ar livre, e convida toda a sociedade civil e organizada, tendo em vista o lançamento do segundo volume de sua literatura de cordel: “Crack… A Droga da Morte”.
          Como no primeiro volume, Bizerril tenta através da poesia de cordel conscientizar a população acerca dos poderes maléficos produzidos pela referida droga que vem assustadoramente dilacerando milhares de família no mundo inteiro. E, no Brasil não é diferente.
            De acordo com o cordelista guarabirense, o evento acontecerá a partir da 8h00 na praça Lima e Moura, de frente a ‘Casa da Cultura’ em Guarabira

Fonte: ivanildosantos.blogspot.com

Pedro Costa reúne títulos e lança 'Poemário de Cordéis'

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         Um registro da memória biográfica do poeta, violeiro e repentista Pedro Costa. É isso que será encontrado no "Poe-mário de Cordéis" que reúne apenas alguns dos mais de 400 títulos do poeta piauiense. Editada pela Série Coleção Nordestina da Associação Brasileira das Editoras Universitárias, a obra será lança-da amanhã, às 19h, no Cine Teatro da Universidade Federal do Piauí.
          Para o presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, Gonçalo Ferreira da Silva, a publicação do livro representa um marco histórico na vida cultural do país e o "reconhecimento ao talento, perseverança e obstinação de um ponto do povo que ajuda a manter indeléveis as colunas de sustentação da cultura nacional".
          Logo no primeiro capítulo do livro Pedro Costa fala sobre o ciclo do cordel no Piauí com a trajetória de Firmino Teixeira do Amara, primeiro poeta da literatura de cordel do Piauí, que teve uma passagem curta pela literatura e deixou apenas 12 obras de cor-déis escritas e publicadas em Belém do Pará, lugar em que viveu e trabalhou parte de sua vida como jornalista.
           Na sequência o poeta traz o conceito de cordel. É a partir desse conceito que Pedro Costa manifesta nos títulos selecionados várias temáticas sobre saúde, esporte, política e social. Como exemplos foram publicados no Poemário de Cordéis": "A Batalha do Jenipapo", "Cartilha do Hipertenso", "Vaqueiro do Piauí", "A matemática em Cordel" entre outros que fazem uso do poema popular para tratar de forma didática e também divertida temas da história e do cotidiano.
             E para quem não consegue imaginar escrever um período sem usar a letra "A", "E" ou "O", o mestre do repente apresenta de forma inteligente e ousada os seguintes títulos: "Cordel sem a letra A", "Cordel sem a letra E" e "Cordel sem a letra O".
Para que, não conhece a obra do poeta piauiense Pedro Costa o livro que será lançado amanhã é muito além de um resumo do talento desse cordelista, mas uma rica fonte de pesquisa para a literatura de cordel.
          É por estas e outras que Pe-dro Costa é considerado um dos maiores divulgadores da literatura brasileira de Cordel e responsável por projetos que elevam essa arte como a criação da Fundação Nordestina do Cordel, a edição da Revista De Repente e ainda o Projeto Cordel nas Escolas, que tem incentivado estudantes a preservar, educar e divulgar essa cultura junto ao público jovem, além de oferecer trabalho e renda para violeiros, emboladores e corde-listas, através das oficinas e apresentações artísticas.

Fonte: 180graus.com

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Literatura de Cordel - As proezas de João Grilo

 

João Grilo foi um cristão
Que nasceu antes do dia
Criou-se sem formosura
Mas tinha sabedoria
E morreu depois das horas
Pelas artes que fazia.

[...]

João Grilo chegou na corte
Cumprimentou o sultão
Disse: pronto, senhor rei
(deu-lhe um aperto de mão)
Com calma e maneira doce
O sultão admirou-se
Da sua disposição.

[...]

- Eu tenho doze perguntas
Pra você me responder
No prazo de quinze dias
Escuta o que eu vou dizer
Veja lá como se arruma
É bastante faltar uma
Está condenado a morrer

[...]

O rei achou muita graça
Nada teve o que fazer
João Grilo ficou na corte
Com regozijo e prazer
Gozando um bom paladar
Foi comer sem trabalhar
Desta data até morrer.

E todas as questões do reino
Era João que deslindava
Qualquer pergunta difícil
Ele sempre decifrava
Julgamentos delicados
Problemas muito enrascados
O João Grilo desmanchava.

Certa vez chegou na corte
Um mendigo esfarrapado
Com uma mochila nas costas
Dois guardas de cada lado
Seu rosto cheio de mágoa
Os olhos vertendo água
Fazia pena o coitado.

Junto dele estava um duque
Que veio o denunciar
Dizendo que o mendigo
Na prisão ia morar
Por não pagar a despesa
Que fizera por afoiteza
Sem ninguém lhe convidar.

João Grilo disse ao mendigo:
E como é, pobretão
Que se faz uma despesa
Sem ter no bolso um tostão?
Me conte todo o passado
Depois de ter-lhe escutado
Lhe darei razão ou não.

Disse o mendigo: sou pobre
E fui pedir uma esmola
Na casa do senhor duque
E levei minha sacola
Quando cheguei na cozinha
Vi cozinhando galinha
Numa grande caçarola.

[...]

- O cozinheiro zangou-se
Chamou logo seu senhor
Dizendo que eu roubara
Da comida seu sabor
Só por eu ter colocado
Um taco de pão mirrado
Aproveitando o vapor.

[...]

João Grilo disse: está bom
Não precisa mais falar;
Então pergunto ao duque:
Quanto o homem vai pagar?
- Cinco coroas de prata
Ou paga ou vai pra chibata
Não lhe deve perdoar.

João Grilo tirou do bolso
A importância cobrada
Na mochila do mendigo
Ela foi depositada
E disse para o mendigo:
Balance a mochila, amigo
Pro duque ouvir a zoada.

O mendigo sem demora
Fez como o Grilo mandou
Pegou sua mochilinha
Com a prata e balançou
Sem compreender o truque
Bem no ouvido do duque
O dinheiro tilintou.

Disse o duque enfurecido:
Mas não recebi o meu;
Diz o Grilo: sim senhor
E foi isto o que valeu
Deixe de ser caloteiro
O tinido do dinheiro
O senhor já recebeu.

- Você diz que o mendigo
Por ter provado o vapor
Foi o mesmo que ter comido
Seu manjar e seu sabor
Pois também é verdadeiro
Que o tinir do dinheiro
Representa seu valor.

[...]

João Ferreira de Lima

O que li

            João Grilo é um personagem já muito conhecido do público brasileiro, notadamente depois da exibição de "O Auto da Compadecida", filme produzido no final da década de 1990 pela Globo Filmes, sob a responsabilidade do diretor Guel Arraes. Baseado na obra homônima produzida para o teatro, em 1955, pelo escritor paraibano Ariano Suassuna, "O Auto da Compadecida" o apresentou como personagem central sob a interpretação (perfeita) do ator Matheus Nachtergaele.

          As histórias de João Grilo, entretanto, datam de longas e longas datas passadas. Nascido na Europa, como personagem da literatura portuguesa, tão logo chegou ao Brasil foi adotado pela Literatura de Cordel, que tratou de livrá-lo do "ar tolo verificado nas obras d'além mar" e de transformá-lo num nordestino cheio de astúcia e muita inteligência.

          Na década de 1920 o poeta pernambucano João Ferreira de Lima, que nasceu em São José do Egito no dia 3 de novembro de 1902 e morreu em 19 de agosto de 1972, contou as aventuras do personagem em 31 sextilhas, distribuídas em oito páginas do folheto intitulado "As palhaçadas de João Grilo". Anos depois, no final da década de 1940, a obra foi ampliada para 32 páginas, na tipografia de João Martins de Athayde, pelo poeta Delmarme Monteiro, que acrescentou 95 septilhas (estrofes de sete linhas) ao texto original, que também passou a ser denominado "As proezas de João Grilo".

           Os trechos hoje destacados neste nosso "Cantinho de Cultura" da época do São João 2010 se constituem numa síntese da obra, a qual pode ser facilmente encontrada no comércio literário presente nas livrarias, sebos culturais, bancas de revista, Universidades, etc.

         De autoria de João Ferreira de Lima, além de "As proezas de João Grilo", destacam-se também "Romance de Mariquinha e José de Sousa Leão", "O Pinto Pelado", "Casamento de Chico Tingole com Maria Fumaça", "Dois glosadores - Azulão e Borborema", "O Marco Pernambucano", "O Pranto de Jovelina, a Criança que morreu numa furna medonha", "Sermão Profético do Padre Cícero Romão", "Peleja de João de Lima e Lino Pedra Azul" e "Peleja de João de Lima e João Athayde".

Grygena Targino

Fonte: auniao.pb.gov.br

Imagem: davieverton.multiply.com

II FEIRA LITERÁRIA DE BOQUEIRÃO (PB) ACONTECE DE 24 A 27 DE MARÇO

          Com o tema "Diversidade e Identidade Cultural: Preservando os saberes e fazeres de um povo", a segunda edição da Feira Literária de Boqueirão (FLIBO) homenageia o Escritor Ariano Suassuna e irá se realizar de 24 a 27 de março no município de Boqueirão. 

           Transformada durante a realização do evento na "Cidade das Rimas e Letras" o local irá receber dezenas de convidados e participantes do campo literário e editorial do Brasil, que integram a programação em debates, palestras, encontros, lançamentos, entre outras atividades.

          Nessa aventura cultural, a literatura e a linguagem, estão no foco, abrindo-se para a universalidade de uma e a amplitude da outra, bem como a condição de suas raízes, respectivamente. Motivada pelo seu tema, a FLIBO está comprometida com a integração das diversas culturas envolvidas, reconhecendo seus hábitos, costumes e literatura, com a democratização e a mobilização do acesso universal ao livro, à leitura e à produção literária.

          Diversas atividades serão realizadas, baseadas na promoção e geração de conhecimentos, sem fronteiras culturais e sociais, reunindo um público diversificado e evitando isolamentos de quaisquer naturezas. Uma verdadeira enxurrada literária irá tomar conta da cidade, com palestras, minicursos, exposições, contações de histórias, literatura de cordel, poesia, lançamentos literários e bate papo com escritores dos quatro cantos do País.

          O evento é realizado pela Prefeitura Municipal de Boqueirão, Associação Boqueirãoense de Escritores - ABES, e o Centro de Formação Artística - CEFAR.

Boqueirão

          Boqueirão, município do estado da Paraíba (Brasil), distante cerca de 53 Km de Campina Grande e 146 Km da Capital, João Pessoa. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no ano de 2010 sua população era estimada em 16.889 habitantes. Área territorial de 425 km².
Boqueirão é conhecida como "Cidade das Águas" mas durante o mês de março transforma-se na "Cidade das Rimas e Letras" para receber dezenas de personalidades lítero-culturais. Conheça um pouco mais da cidade que está transformando a sua realidade através da literatura.

Da redação com FLIBO

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Artistas da cultura popular paraibana fazem visita à Biblioteca Átila Almeida da Universidade Estadual

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          Na manhã desta segunda-feira (14), responsáveis pela Biblioteca Átila Almeida da Universidade Estadual da Paraíba, em Campina Grande, tiveram uma agradável surpresa ao receber no local artistas da cultura popular nordestina. A teatróloga campinense Lourdes Ramalho realizou uma visita ao acervo e trouxe vários membros de sua família, inclusive o poeta e cordelista Paulo Nunes Batista, contemporâneo de Átila, que possui cordéis no acervo, mas nunca havia conhecido a Biblioteca atual e estava de passagem pela cidade.
          Segundo a professora visitante da UEPB e pesquisadora da área de poéticas da oralidade, Joseilda de Sousa Diniz, a reunião causou grande satisfação entre os presentes. “São pessoas que conviveram com o professor Átila Almeida, que possuem amizade com a sua viúva, Ruth Almeida, com o poeta José Alves Sobrinho e que tiveram e têm uma participação expressiva na cultura popular do Estado”, afirmou.

2

          

           Acompanhando a visita também estava a pesquisadora holandesa, professora Ria Lemaire, que participou recentemente da 1ª Jornada de Estudo Internacional sobre Poéticas da Oralidade em Campina Grande, efetuada pela UEPB. Durante esta estadia, Lemaire terminou um livro sobre cultura popular juntamente com Lourdes Ramalho, a ser lançado este ano por uma editora espanhola.
           Compuseram a visita Lourdes Ramalho, seu primo poeta e cordelista, Paulo Nunes Batista, o filho dele, Francisco Silva Batista, suas sobrinhas Marinalva Batista Pimentel e Alzinete Alencar Pimentel, e suas primas Terezinha Figueiredo, hoje professora aposentada da UEPB e Maria das Graças de Figueiredo, crítica literária.

Mais sobre os poetas citados
          Paulo Nunes Batista é poeta, cordelista, advogado e jornalista. Paraibano de João Pessoa, onde nasceu em 1924, desfruta de prestígio internacional na Literatura de Cordel, figurando até na Grande Enciclopédia Delta Larousse. Autor de dezenas de livros tem textos poéticos traduzidos para o japonês. Mora em Anápolis, estado de Goiás.
          José Alves Sobrinho tem hoje 90 anos. Poeta, cantador, improvisador, violeiro, nômade e autodidata, Sobrinho perdeu no auge da carreira a sua voz magnífica; tornou-se pesquisador em tradições populares e terminou a carreira como docente e pesquisador da Faculdade de Letras da Universidade Federal da Paraíba, atual UFCG. Contribuiu de modo decisivo para o que representa na contemporaneidade o patrimônio de cordéis e de manuscritos da Biblioteca Átila Almeida - acervo dos mais significativos pertencente a uma instituição pública.

Confira mais informações sobre Lourdes Ramalho e a Biblioteca Átila Almeida da UEPB nos endereços : 1 e 2 

Fonte: uepb.edu.br