CORDEL PARAÍBA

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Bem-vindos, peguem carona/Na cadência do cordel,/Cujo dono conhecemos:/Não pertence a coronel./É propriedade do povo:/rico, pobre, velho, novo/deliciam-se deste mel./Rico, pobre, velho, novo/Deliciam-se neste mel.

(Manoel Belisario)



quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Bandeira nordestina

Jessier Quirino
Composição: Jessier Quirino


A bandeira nordestina
É uma planta iluminada
É qualquer raiz plantada
Mostrando o caule maduro
E quando o sol varre o escuro
Com luz e sombra no chão
É quando germina o grão
É quando esbarra o machado

É quando o tronco hasteado
É sombra pro polegar
É sombra pro fura-bolo
É sobra pro seu vizinho
É sombra para o mindinho
É sombra prum passarinho
É sombra prum meninote
É sombra prum rapazote

É sombra prum cidadão
É sombra para um terreiro
É sombra pro povo inteiro
Do litoral ao sertão
Essa bandeira que eu falo
Tem cores de poesia
Tem verde-folha-avoada
Amarelo-jaca-aberta

Em tudo que é vegetal
Tem bandeira desfraldada
No duro da baraúna
No forte da aroeira
No bandejar buliçoso
Das folhas das bananeiras
Das bandeirolas dos coentros
E na marca sertaneja:
O rijo e forte umbuzeiro

Letra, Imagem

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

ODE À MADRUGADA

INÍCIO I

(Estava eu twitando
Na madrugada sem sono
Quando veio a poesia
À procura de um dono
Ditou a mim estes versos
Depois deu-me o abandono.

Após me deixar sozinho
Na madrugada chorosa
Meu sono quase não chega
De sua mansão pomposa
No reino da Grande Insônia
Que ruge branda e manhosa.)

INÍCIO II

Esta madrugada incerta
Esconde tantos segredos!
P/ alguns é salvação.
Causa noutros grande medo.
A mim traz inspiração
P/compor este enredo

Madrugada 'cabulosa'!
Q silêncio zuadento!
Deste uma taça de sonhos
A quem tava sonolento,
Mas por querer um amante
Deixou-me acordado, atento.

Minha madrugada bela
Quão fogosa é vc!
Eu tô doido pra dormir
Mas ñ consigo pq
Tua filha Insônia é outra
Q me disse: 'manda ver'!

Então vou fechar os olhos.
Esquece-me madrugada.
Tenho de acordar cedo
Em nova longa jornada.
Procure sono também.
Não seja exagerada!

Manoel Messias Belizario Neto

Imagens 1, 2

sábado, 25 de setembro de 2010

CANÇÃO: CARTA DE UM MARGINAL

Mastruz Com Leite

(Me balançando na rede
Numa taipa do Sertão.
Enquanto o Sol se escondia
Eu ouvia esta canção...
E num passeio ao passado
Me veio à recordação
.
Manoel Belizario)

Recebi pelo correio
Carta de um hospital
Dizendo ser de um cliente
Que passava muito mal
O qual eu já tinha lido o
Seu nome em um jornal

Dizia: caro poeta só
Você que tem memória
Pode transformar em versos
Minha fracassada história

Meu destino veio traçado
Com a minha formação
O ventre que me gerou
Foi desmando e traição
Fui maldito desde o dia
Da minha concepção

Passei por cima da pílula
Fui gerado em desconforto
Minha mãe tomou remédio
Pra ver se eu nascia morto

Vim ao mundo por acaso
E não conheci meus pais
Fui jogado em um cerrado
Em pedaços de jornais
A polícia achou-me quando
Procurava marginais.

Alguém de mim tomou conta
Me fazendo uma esmola.
Me criaram como filho
E me botaram na escola
Me criaram como filho
E me botaram na escola.

Não quis saber de trabalho,
Estudar não dei valor
Sempre desobedecendo
Ao meu superior
Batia nos meus colegas.
Xingava meu professor

Peguei o vício das drogas
Junto com a corriola
Minha vida foi maldita
Mesmo dentro da escola

Fui expulso de um colégio
Por traficância ilegais
Desonrei uma menor
E fugi da casa dos pais
E parti para a pesada
Num grupo de marginais

Não conto tudo a miúdo
Porque meu tempo não dá
Não quis nada com o trabalho
Meu negócio era roubar

Traficante e assaltante
Todos temiam a mim
Fui terror da noite escura
E fiz tudo que foi ruim
Um germe assim como eu
Só presta levando o fim

Sempre fugindo do cerco
E matando de emboscada
Seduzi muitas donzelas
Fiz assalto à mão armada

Naquele mesmo lugar
Onde eu fui encontrado
Pela ronda da polícia
Há muito tempo passado
Me escondendo de um assalto
Por ela eu fui baleado

A bala entrou no meu peito
E feriu meu coração
Já fizeram muito esforço
Mas não tenho salvação

Não te escrevo mais porque
Minha vista está tão pouca
Falar também eu não posso
Minha garganta está rouca
Termino a carta botando
Muito sangue pela boca

Fonte

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

NOVO TRIBUTO AO SÍTIO LAJES, MEU TORRÃO NATAL

 

O campo é um paraíso
Descoberto de repente
Nos pedestais da saudade
Q vem embalando a gente
Neste mundo de cidade
Competitivo e doente.

O Sertão vai residindo
Dentro de nós, permanente.
Aos poucos distanciado.
Sumindo constantemente.
Brilha um sol sertanejo
No olhar de um filho ausente.

Ó luar de meu Sertão.
Ó noites escurecidas.
Minha Laje, sítio Lajes
Início de minha vida.
O açude Frutuoso
Chorou em minha partida.

Ó Lajes, meu sítio Lajes...
Minhas fogueiras São João...
Meu forró de pé-de-serra...
Minhas roças de feijão...
Meus riachos de piaba...
Meu mungunzá..., meu baião...

Ó Lajes, Meus sítio Lajes...
Chegou a televisão
Roubando a cena da lua.
Roubando a nossa atenção.
Já não se lê mais cordel
Nas debulhas de feijão.

Manoel Messias Belizario Neto

Imagens

    1, a 2ª foi extraída do Google Map

terça-feira, 21 de setembro de 2010

RELANÇAMENTO DA WEB RÁDIO

Caros amigos, a nossa Web Rádio ficou desativada por um tempo por falta de recursos. Como ainda não podemos colocá-la no ar nos moldes almejados, relançamos a mesma num modelo simples. Todos os dias postaremos novas canções. Serão priorizadas cantorias e músicas cujas nuances perpassem as características da literatura de cordel e a poesia popular em geral. Para ouvir siga o link http://www.lognplay.com/index.asp?pg=r&c=6058

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

CANÇÃO: ALMA DE MENINO


Os Nonatos
Composição: Nonato Costa e Raimundo Nonato


(Ah minha infância passada/Tempo que não volta mais/Esta canção é um tributo/Pois a saudade é demais – Manoel Belizario)

Eu gostaria de inverter o tempo
E interditar a rota do destino
Pra reviver aquelas fantasias
Que eu arquivei n’alma de menino
Aquela estrada cortando o terreiro
E uma cancela um pouco mais na frente
E as flores brancas
Coroando os jarros da casa da gente

Os nossos filhos são do que nos fomos
Real semelhança
Que todo adulto trás dentro de sí
Um sonho de criança

Fiz muitas vezes no oitão de casa
Curral de pedra e boiada de osso
Fechava os olhos pra ganhar um beijo
Na brincadeira de cair no poço
Carro de flandres, cavalo de pau.
Eram os brinquedos que eu fazia escolha
E o meu dinheiro
Feito de carteira de cigarro e folha

Criei canário e concertei gaiola
Brinquei de bila, pião e ponteira.
Bola de meia, carrapeta e pipa
Bornau de saco, pedra e baladeira.
Infelizmente mudou o cenário
Daquelas cenas que a infancia fez
Passou o filme
E o tempo não deixa que eu veja outra vez


FONTE

sábado, 18 de setembro de 2010

SÓ O AMOR É A SOLUÇÃO

 

Sr. Deus dos desgraçados
O que será desta terra?
Enquanto uns mentem outros morrem
No litoral e na serra
A violência e a fome
São os senhores da guerra.

Enquanto a bobagem impera
No planeta Besteirol
Há miseráveis na África
Ou na frente do meu hall.
Vou me entretendo banal
Discutindo futebol.

Não espere o sofrimento
Para ter compreensão
Que este mundo só melhora
Se todos dermos as mãos
E agirmos uns coms os outros
Como se faz com irmão.

Não adianta querer
Ser melhor do que outrem,
Pois qdo a doença chega
Destruindo nosso 'alguém'
Percebemos: "somos nada"
Ou simplesmente:ninguém.

Sei que as minhas palavras
Parecem mais pregação,
Porém pode corrigir
Se eu não tiver razão.
Este mundo está ferido
Só o amor é a solução.

Manoel Messias Belizario Neto

Imagem

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

FORRÓ MASTRUZ COM LEITE: MEU VAQUEIRO MEU PEÃO

Composição: Rita de Cássia

á vem montado em seu alazão
Chapéu de couro, laço na mão
Seu belo charme me faz cantar
No rosto um grande lutador
Que trabalha com calor
Com toda dedicação...
Oh! meu Vaqueiro, meu Peão
Conquistou meu coração
Na pista da paixão
E valeu o boi...(2x)
Eu estou sempre ode ele está
Forró, vaquejada qualquer lugar
Eu vou seguindo o meu Peão
Seus braços fortes, sua cor
Vaqueiro eu quero o teu calor
Em seus braços quero estar...
Oh! meu Vaqueiro meu Peão
Conquistou meu coração
Na pista da paixão
E valeu o boi...(2x)
Teu amor valeu o boi!
Teu calor valeu o boi!
Ter você valeu o boi!
Meu Vaqueiro...(2x)
Já vem montado em seu alazão
Chapéu de couro, laço na mão
Seu belo charme me faz cantar
No rosto um grande lutador
Que trabalha com calor
Com toda dedicação...
Oh! meu Vaqueiro, meu Peão
Conquistou meu coração
Na pista da paixão
E valeu o boi...(2x)
Teu amor valeu o boi!
Teu calor valeu o boi!
Ter você valeu o boi!
Meu Vaqueiro...(2x)


sexta-feira, 10 de setembro de 2010

CONSELHOS AOS SERVOS DO REI SERTÃO

Há um cenário que muda
Em tempo de eleição.
Aparece tanta gente
Afagando o coração
Abraçando com fervor
Os servos do rei Sertão...

Ó Servos do Rei Sertão
Cuidado com os invasores.
São lobos, feras mortais
Disfarçadas de pastores.
São poucos que de verdade
Vão acalmar suas dores.

 

Ó Servos do Rei Sertão
Até quando vais cair
Na lábia do invasor
Ñ era melhor fugir
Das suas garras mortais
Até quando ele partir?

 

 

 

 

 

 

Ó servos do Rei Sertão
Sabes mais do que ninguém:
Quando passa a piracema,
O que a eles convém,
Eles abandonam a ti
E o teu reino também.

Temos, servos sertanejos,
Breve juízo final
Quantas bestas vos perseguem
No tumulto eleitoral?
Ainda há espaço pra mais
Um pecado capital?

 

Manoel Messias Belizario Neto

Imagens: 1, 2,3,4,5,6

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Blog do Batista Alves: TRÂNSITO PERFEITO



Com um grande movimento
Indo e vindo em sintonia
Sem ter um sinal de transito
Sem ruas nem ciclo via
Não acontece batida
Nem engarrafa avenida
Tudo em perfeita harmonia

Guarda de trânsito não tem
O transito flui desse jeito
Ninguém reclama um do outro
Todos guiando direito
Literalmente mulher
Guiam pra frente e de rer
Num movimento perfeito

Um entra e sai da garagem
Em grande velocidade
Sem ter um sinal de transito
Em toda grande cidade
Guiando com perfeição
Em contraria Direção
Isso que é habilidade

E assim que funciona
transito certo e ordeiro
Todos são habilitados
A guiar sem paradeiro
Um transito assim existe
Não foi ninguém que me disse
só olhei um formigueiro


Autor:Batista Alves
Fonte: Texto

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

TRANCA RUA - Amazan

(Ouça um poema espetacular do poeta e cantor paraibano Amazan)


Eu ainda era menino
A premera vez que vi
O cabocão lazarino
E nunca mais esqueci
Seu nome era tranca rua
Pois quando a vontade sua
Era fechar a cidade
Dava ordem pra trancar
Mercado, bodega, bar
E até a casa do padre

Quatro, cinco, seis soldado
Para ele era perdido
Uns ficava istrupiado
Outros ficava estendido
De modos que a cidade
Não tinha tranqüilidade
No dia que ele bebia
Pois quando se embriagava
Dava a gota bagunçava
E prendê-lo ninguém podia

Tranca rua era um caboco
De dois metros de artura
Os braço era aqueles tôco
As pernas dessa grossura
Não tinha medo de nada
Pois até onça pintada
Ele sozinho caçava
Pegava a bicha com a mão
Depois com um cinturão
Dava-lhe uma pisa e matava

E eu cresci-me escutando
Falar do cabra voraz
O tempo foi se passando
E eu tormei-me rapaz
Mole que só a mulesta
Pois até pra ir uma festa
Eu era discunfiado
Se acaso visse uma briga
Me dava uma fadiga
Eu ficava todo mijado

Quem hoje olha pra mim
Pensa até que eu tô inchado
Mais eu nunca fui assim
Naquele tempo passado
Eu era um cabra mufino
Desses do pescoço fino
Da cabeça chata e feia
No lugar onde eu morava
O povo só me chamava
De caboré de urêia

Por artes do mangangá
Um dia eu me alistei
Num concurso militar
E apois num é que eu passei?
E me tornei um sordado
Mago feio e infadado
Nem cum revóve eu pudia
Porém se o chefe mandasse
Prendê alguém qui errasse
Dava a gota mais eu ia

Um dia de madrugada
Eu estava bem deitado
Quando chegou Zé buchada
Com os óio arregalado
Foi logo chamando a gente
Depois deu parte ao tenente
Relatou o desmantelo
Traça rua ontem brigou
Portanto agora o Senhor
Vai ter que mandar prendê -lo

O tenente olhou pra mim
Eu chega tive um abalo
Disse: - Amanhã bem cedim
Você vá lá intimá-lo
Disse isso e foi se deitar
Eu peguei logo a ficar
Amarelo e mêi cansado
Deu-me uma tremedeira
E eu disse é a derradeira
Viagem desse soldado

No outro dia bem cedo
Eu pus o pé no camim
Ia tremendo de medo
E cunversando sozim
Aqui e acolá parava
Fazia um gesto insaiava
O que diria pra ele
E saí me maldizeno
Nove hora mais ou menos
Eu cheguei na casa dele

Fui chegando com cuidado
A casa estava trancada
Eu fui olhando de lado
Vi ele numa latada
Tava dum bode tratano
Eu fui lá me aprochegano
Pra perto do fariseu
Minha garganta tremia
Eu fui e disse assim: Bom dia!
Ele nem me arrespondeu

E eu peguei conversando
E me aprochegano mais
E ele lá trabaiano
Sem me dá nenhum cartaz
Eu disse: - Bonito dia
Eihm! Seu Toím quem diria
Que esse ano ia chuver
Eita qui bodão criado
É pra vender no mercado
Ou mode o senhor cumê

Aí ele olhou pra mim
Eu peguei logo a surri
Ele diche bem assim
Qui diabo tu qué aqui?
Aí eu diche não sinhô
É qui eu sou um caçador
Qui moro no pé da serra
Me perdi de madrugada
Não achei mais a estrada
E saí nas suas terra

Aí ele me interrogou
Então cadê seu bisaco?
Eu diche ah! Não sim senhor
Caiu dentro dum buraco
Ele diche sente aí
Qui eu tô terminando aqui
Qui é pra mode conzinhar
E você chegou agora
Portanto só vai imbora
Adispois qui armoçá

Quando nóis tava armonçando
Ele pegou cunversar
E diche: -Faz vinte anos
Qui moro nesse lugar
Sem mulé e sem parente
As vezes tomo aguardente
Faço papel de bandido
Eu sei qui é covardia
Mas quando é no outro dia
Eu to munto arrependido

Então eu disse é agora
Qui faço a minha defesa
Peguei a fera na hora
Dum momento de fraqueza
Aí disse: - Realmente
O sinhor é diferente
Quando istá imbriagado
Mais dexe isso pra lá
Qui a vida vive a passar
E o qui passou ta passado

Viu seu Antoim tem mais uma
Eu nunca fui caçador
Tombem istô cum vergonha
De tê mentido ao sinhô
Eu sou um pobre sordado
Qui as orde do delegado
Meu devê é dispachar
Porém prefiro morrer
Do que dizer a você
Qui vim aqui lhe intimar

Se o delegado achar ruim
Pode tirar minha farda
Mais intimar seu Toím
Deus me livre intimo nada
Nisso Ontoim se levantou
Bebeu água se sentou
Dispois pegou preguntar
Quer dizer qui o sordado
Pur orde do delegado
Veio aqui mi intimar

Eu fui falar mais não deu
Peguei logo a gagejar
Nisso Ontoim oiou pra eu
Disse: -Pode se acalmar
Resolvi ir com você
Pra cunversar e saber
O qui quer o delegado
Pois se eu não for camarada
Vão tirar a sua farda
E eu vou me sentir curpado

E vamo logo si imbora
Enquanto eu tô cum vontade
Mais ou menos quatro hora
Fumo entrando na cidade
De longe eu vi o tenente
Assentado num batente
Cum uns cabra a cunversar
Qui quando viu nóis gritou:
-Valei-me nosso Senhor
Ispie só quem vem lá

Eu só tou acreditando
Porque meus óio estão vendo
Tranca rua vem chegando
Caboré vem lhe trazendo
O cabra é macho demais
Nisso eu fui e passei pra trás
Que é pra chamar atenção
E só pra me amostrar
Eu resolvi impurrar
Tranca rua cum a mão

Esse nêgo camarada
Ficou meio enfurecido
Deu-me uma chapuletada
Por cima do pé do uvido
Qui eu saí feito um pião
Rodano sem direção
Pru cima de pedra e pau
Graças a Virge Maria
Só acordei no outro dia
Na cama dum hospital

Não sei o qui se passou
Dispois qui eu dismaiei
Por que ninguém me contou
E eu tombem não perguntei
Eu só sei qui o delegado
Até hoje é aleijado
E qui esse uvido meu
Nunca mais iscutou nada
Adispois da bordoada
Qui Tranca rua me deu.

domingo, 5 de setembro de 2010

VERSOS EM HOMENAGEM AO AMIGO LUIZ

        Neste último dia dois um grande amigo meu, Luiz José de Santana, fez aniversário. Luiz foi membro de dois  programas sociais nos quais atuei enquanto educador social. Sua festa ocorreu ontem à noite na ladeira do centro histórico. No ateliê de Eleonai Gomes. Compus uns versos especialmente para a ocasião os quais partilho com vocês.

Luiz (à esquerda) com seu paiSDC10311 

Grupo Cultural  de dança-afro ‘Raízes’ do qual Luiz faz parte

SDC10350

Momento em que recitei os versos

SDC10346

 

VERSOS EM HOMENAGEM AO AMIGO LUIZ

Amigos aqui presentes
Brevemente vou contar
Como conheci Luiz
E como viemos nos tornar
Grandes amigos irmãos
Conforme vou relatar.

Fora em 2006
Que virei educador
Do extinto agente jovem
Trabalhando com amor
Em Cruz das Armas apesar
Do grupo se contrapor.

Eu não fui bem recebido
Pelo grupo de agentes.
E o que também ajudou
Foi eu ser muito exigente
Com horário e comportamento
Deixando-os descontentes.

Foram seis pesados meses
Eu querendo organizar
E o grupo inteiro se opondo.
Só queriam bagunçar
Foi quando Luiz chegou
E começou a ajudar.

Assim que o conheci
Achei-o meio gaiato.
Fazia parte do PETI
E ele o era de fato
Porque para aquela idade
Isto é componente nato.

Quando entrou no Agente
Jovem não simpatizava
Comigo porque o grupo
Mal, de mim todo falava,
Porém ele percebeu
Que errado o grupo estava.

Porém como quem conhece
Luiz sabe muito bem
Que ele testa a pessoa
Para provar se convém
O que as pessoas dizem
A respeito de alguém.

Lembro-me de uma mancada
Que dei como liderança
Daquela faixa etária
Sei que me vem á lembrança
Que Luiz me pediu algo
E agi com desconfiança.

Eu disse a ele no duro
“Eu não confio em você.
Prove pra mim se eu posso
Confiar e então vai ter
O que estás me pedindo
E terás por merecer”.

Senti naquele momento
O ar da decepção
Ele ficou muito triste
Mas sem dar demonstração.
Ele agora vivia
Querendo me dar lição.

Qualquer deslize que eu desse
Ele marcava cerrado
Contrargumentava muito
Dizendo que eu tava errado.
Foi uns dois meses de guerra
Eu pensava “tô lascado”.

Porém aquele moído
Em vez da inimizade
Trouxe a aproximação
Que se tornou em  amizade.
Tornou-se meu aliado
Número um na verdade.

Aí ele se entregou
Ao modesto ensinamento
Deste ente que vos fala
Ele escutava atento
E como é de seu feitio
Trazia questionamento.

Alguns momentos chegava
Com umas idéias erradas
Vinha conversar comigo
Eu apontava a estrada,
Porém deixando-o livre
Pra seguir sua empreitada.

Daqui a pouco ele estava
Também a me ensinar.
Vez em quando discutíamos,
Mas nada de salutar.
Logo de novo estávamos
Próximos a conversar.

E assim um dia ele
Disse Manoel então
Agora o que me diz?
Confia em mim ou não?
Eu disse “agora confio”
E pedi o seu perdão.

Por eu ter sido tão duro
No meu modo de falar.
Mas sei que isto foi bom
Porque fez ele mudar
O seu jeito de agir
Que me fez desconfiar.

Depois veio o Projovem
E ele permaneceu
Agora estava mais velho,
Portanto amadureceu
Hoje me orgulho por ver
O caminho que escolheu.

Veio outra fase  difícil
Pro nosso amigo Luiz
Mas agora ele já estava
Disposto a ser feliz
Por isto o caminho bom
Foi a vereda que quis.

De  tudo o que nós vivemos
Eu fui maior aprendiz
Quanta coisa me ensinaram
Os outros e também Luiz
Agradeço a Deus por tudo
E isto me faz feliz.

Parabéns meu grande amigo
Por mais um ano vivido
De muitos que ainda virão.
Para dar maior sentido
A vida de seus amigos
E de seus entes queridos.

Manoel Messias Belizario Neto

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

OS MISTÉRIOS DA ARTE CORDEL INSCRITA NA HUMANIDADE

 

A arte produz história
A história produz arte
O cordel produz cultura
Como Pedro Malasartes.

O que somos? Aonde vamos
Ora, somos um cordel.
Nossa imagem é a capa,
Nosso corpo é o papel,
Nossa alma são as letras
Q serão lidas no céu...

E a vida do ser humano
É um romance popular
Tem mistérios tão difíceis
De o cabra decifrar
Longe como o infinito
E as profundezas do mar.

O poeta popular
Bebe das águas sertãs
Nas cacimbas resistentes
Cheias de gias e rãs.
Segue o rastro das lambus
E o canto das jaçanãs.

O gado é uma orquestra
Com um instrumento só
Os chocalhos badalando
Ré, mi, fá, lá, sol, si, dó
E as maestrinas veredas
Regendo com um cipó.

Autor: Manoel Messias Belizario Neto

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