15 de Fevereiro de 2013 - 19h24
Escritores, xilógrafos e cantadores encerraram em Brasília, nesta sexta-feira (15) o 2º Encontro Nordestino de Cordel. Os principais objetivos do evento foram o reconhecimento da literatura popular, criar um sindicato para os poetas populares e discutir a realização da primeira bienal sobre o tema.
Para o cordelista e criador do projeto cordel em sala de aula, Arievaldo Viana Lima, a ideia é dar andamento a vários projetos discutidos no primeiro encontro, como a criação do sindicato. “O que nós queremos é reconhecimento do cordel como uma vertente literária e não como uma peça folclórica”.
Lima destacou ainda a contribuição cultural do cordel na Região Nordeste. “Oitenta por cento da população nordestina é considerada analfabeta, entretanto, se produziam 100 mil exemplares de folhetos [de cordel] e eles se esgotavam em seis meses. Como uma população tida como analfabeta consumia 100 mil exemplares de uma obra? A população buscava uma forma de se informar, de se autoalfabetizar”.
Antônio Francisco Teixeira de Melo, de 64 anos, escreve e recita versos há 19 anos. Aprendeu a ler com o cordel que o pai sempre comprava. Escreveu seu primeiro cordel por brincadeira e desde então não parou, já publicou seis contos. “Eu escrevo para fazer um mundo menos ruim”. Para ele, o cordel “é escrever e meditar". "O cordel é ver as coisas que a gente não consegue vê com os olhos, ele é como uma luneta. É também a identidade do nordestino”.
O xilógrafo e presidente da Associação dos Gravadores do Cariri no Ceará, José Lourenço Gonzaga, trabalha com a xilogravura de cordel há 30 anos. Ele conta que a técnica chegou ao estado por meio de um dos maiores incentivadores do cordel no Ceará, José Bernardo. “O processo dessa técnica requer a arte de esboço do desenho, de retalhamento e de impressão da gravura".
Gonzaga conta que não existem cursos específicos que ensinam a técnica em oficinas. “Tivemos uma oficina na Bienal do Livro aqui em Brasília no ano passado e já fomos convidados para ministrar oficinas de xilogravura na próxima Bienal do Livro, que ocorrerá aqui em 2014".
Formado em Artes Plásticas pela Universidade de Brasília (UnB), Valdério Costa trabalha há 20 anos com a xilogravura, técnica que aprendeu na infância. Em sala de aula, Costa ensina a técnica com foco no resgate da cultura popular brasileira. “Talvez a cultura popular não seja tão veiculada na mídia, mas é uma coisa que representa a tradição do nosso Nordeste. E quando se tem uma formação acadêmica, é imprescindível mantê-la".
Fonte: Portal Vermelho
Observação de Arievaldo Viana Via Facebook:
A repórter que redigiu essa matéria distorceu completamente o sentido das minhas palavras. Eu me referia a dados divulgados pelo IBGE em 1940, quando cerca de oitenta por cento da população nordestina era considerada analfabeta e no entanto o cordel estava no auge... Clássicos como o PAVÃO MISTERIOSO vendiam até 100 mil exemplares em menos de um ano, conforme declarava o editor João Martins de Athayde.
O cordel devia ser um método de alfabetização para o Brasil. Precisa tão somente que as autoridade políticas e segmentos pedagógicos levem a sério, pois esse veículo de comunicação tem demonstrado resultados positivos, não podemos quantificar o número de pessoas que aprenderam a ler com ocordel e se tornaram cordelistas, particularmente conheço muitos amigos que admitem hoje saber ler e escrever graças aos folhetos que tiveram acesso na infancia. O encontro de cordelistas em Brasília deve também reinvidicar esse espaço para o cordel, acredito que entrar na grade curricular no ensino fundamental seria um bom começo para se trabalharmos deficiências no processo ensino-aprendizagem explorando essa vertente da cultura popular. O cordel é um instrumento de construção do conhecimento ao mesmo tempo que explora nossos instrumentos arquitetônicos, a saber nossa mundivivência. Parabéns aos organizadores desse evento.
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