CORDEL PARAÍBA

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Bem-vindos, peguem carona/Na cadência do cordel,/Cujo dono conhecemos:/Não pertence a coronel./É propriedade do povo:/rico, pobre, velho, novo/deliciam-se deste mel./Rico, pobre, velho, novo/Deliciam-se neste mel.

(Manoel Belisario)



domingo, 2 de setembro de 2018

Gracindo Mota e a Literatura de Cordel em Manhuaçu e Reduto (MG)




Nos anos 1970 e início da década de 1980, era comum encontrar nas mãos de cidadãos de Manhuaçu, e em suas residências, livros do Escritor Gracindo Mota. Durante vários anos, foram diversas publicações sobre fatos, histórias populares, lendas e crendices, contadas através da chamada Literatura de Cordel, em publicações com formato similar ao dos livros de bolso.
 Natural do Rio de Janeiro, Gracindo Mota trabalhou inicialmente na Companhia Luz e Força do Rio de Janeiro, exercendo a função de “Auxiliar de Chaveiro”, em 1944. De acordo com os registros em documentos, o escritor residiu também nas cidades de São Fidélis e de Campos.
              Assim que chegou à região, Gracindo estabeleceu-se primeiramente na Comunidade do Barreiro, zona rural de Manhuaçu. Em seguida, o escritor mudou-se para Reduto, onde se casou e permaneceu a vida inteira. O Livro “Manhuaçu, Minha Terra Adotiva”, de autoria do Professor e Advogado Dr. Núbio Argentino Batista faz menção ao escritor.  “Gracindo Mota era casado com D. Maria de Araújo Mota. Não tinha filhos. Era uma pessoa bastante simples, pacata, de poucos recursos e humilde. […] Gostava de escrever histórias em versos. Autêntico poeta da “Literatura de Cordel”, escreveu várias histórias narrando problemas da região […] Gracindo é poeta, porque conta coisas simples, de gente simples”, relata Dr. Núbio em seu livro.


 
Gracindo Mota (foto cedida pela família)

              A Literatura de Cordel é assim chamada por causa da referência às feiras do Nordeste brasileiro, onde cantadores atraem o público narrando versos ao som da viola. Estas histórias “cantadas” eram também impressas em folhetos e colocadas à venda, penduradas em um cordel.
              Em 1977, por ocasião da publicação da Revista “Tribuna do Leste” comemorativa ao Centenário de Manhuaçu, o Jornalista Sebastião Fernandes destacou a criatividade de Gracindo Mota, com artigo intitulado: “Gracindo Mota, Nosso Fertilíssimo Versejador de Cordel”.
               Durante o período em que viveu na região, Gracindo Mota escreveu pequenos livros relatando histórias populares e acontecimentos marcantes para a população como as fortes chuvas no ano de 1979. A vida de Jesus Cristo também foi narrada em versos pelo autor.  
               O estilo próprio de escrever, com simplicidade e de forma bem humorada, garantiu uma rápida propagação de seus livros. Acredita-se que mais de trinta obras tenham sido publicadas pelo autor, na região. Entre os livros, destacam-se:



* José, o Namorador;

* Vicente e Eunice;

* Jesus e o Milagre do Milho;

* O Afilhado de Nossa Senhora;

* Os Sanfoneiros do Diabo;

* O Boiadeiro Ladrão de Moças;

* A Vida de Um Mestre;

* O Assassino de Noivos;

* A Cachaça e seus Parentes;

* Chuvas Desoladoras;

* Centenário de Manhuaçu;

* Leonor, Sebastião e o Outro;

* Uma Briga de Fogueira;

* O Paraíso e a Morte;

* O Xingão e o Rezador;

* O Rei e os Tamancos;

* O Trabalhador que não Fazia Nada;

* Três Cangaceiros no Céu;

* A Degoladora de Crianças;

* A Cobra que Matou Três;

* Os Vivos Correndo dos Mortos;

* A Vinda do Papa e a Violência;

* Joana, a Escrava Santa.     

Fonte: http://www.cidadesdocafe.com
                                           

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