CORDEL PARAÍBA

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Bem-vindos, peguem carona/Na cadência do cordel,/Cujo dono conhecemos:/Não pertence a coronel./É propriedade do povo:/rico, pobre, velho, novo/deliciam-se deste mel./Rico, pobre, velho, novo/Deliciam-se neste mel.

(Manoel Belisario)



domingo, 4 de dezembro de 2011

Poeta do Cordel leva as emoções de Vasco x Fla para a tradicional literatura nordestina

POR MARCIA VIEIRA

Rio - O clássico entre Vasco e Flamengo atravessou as quatro linhas e chegou à literatura de cordel. A pedido do MARCA BRASIL , o cordelista Gonçalo Ferreira da Silva engoliu em seco a antipatia pelo Flamengo e datilografou em uma antiga máquina de escrever os versos do cordel para o duelo Vasco x Flamengo, sobre a campanha dos rivais até o jogo de hoje.

Versos que o fizeram lembrar as suas fortes raízes vascaínas. Cearense de Ipu, Gonçalo herdou do pai o amor pela Cruz de Malta. Paixão que começou em uma inusitada transmissão de rádio nos anos 40.

“Meu pai conseguiu um rádio velho, que demorava 30 segundos para começar a falar. A primeira frase do locutor foi: ‘O Olaria arrasou o Vasco da Gama por...’. Antes que ele desse o placar, meu pai desligou o rádio. Ele não teve estrutura emocional para ouvir o resultado. Eu tinha 7 anos e nunca me esqueci da paixão dele pelo Vasco”, relembra o poeta, que só ficou sabendo do resultado muito tempo depois. “Vi em uma revista que o placar foi 3 a 1, mas isso só 10 anos depois”, recorda o atual presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel.

Nas estantes da biblioteca da Academia, em Santa Teresa, o que não faltam são cordéis sobre futebol. “Tenho um do Garrincha, outro do Pelé. E tem até cordel de humor sobre a discussão entre o Pelé e o Maradona. Temos várias coleções sobre futebol”, avisa o cordelista aos interessados.

Com a mesma alegria que fala sobre a poesia popular nordestina, Gonçalo revela muita confiança na conquista do título. “Vai ser 2 a 0, com gols do Bernardo. Gosto da cara dele de garoto danado”, comenta, soltando uma gargalhada longa.

Quando é questionado sobre a zoação dos rivais sobre a fama de vice do Vasco, o cordelista desconversa. “Eu digo que nesta questão de bacalhau e urubu sempre dá bacalhau”, diz, exibindo com orgulho a camisa cruzmaltina e provocando ainda mais. “Eu só tenho duas alegrias na vida: uma quando o Vasco ganha e a outra quando o Flamengo perde”.

CORDEL DO FLAMENGO

No Ninho do Urubu
há uma antiga crendice,
que pode até ser verdade
ou simplesmente tolice,
que o Vasco é predestinado
ao título de apenas vice.

O Flamengo com contrato
de dois reforços de luxo
parecia ter de fato
muita bala no cartucho,
mas jogou todas as fichas
em Ronaldinho Gaúcho.

Com Ronaldinho e Thiago
Neves era natural
que Vanderlei Luxemburgo,
o treinador genial,
levasse o Mengo à conquista
do título nacional .

O Flamengo começou
a atual temporada
por muitos jogos invicto,
até que numa rodada
desandou deixando a sua
torcida desesperada.

Por ter um time mesclado
de excelentes valores,
alcançou bons resultados
deixando seus torcedores
certos de que chegará
à Copa Libertadores.

Autor: Gonçalo Ferreira

CORDEL DO VASCO

O ano de 2011
começou mal para o Vasco,
porque cada adversário
transformava-se em carrasco,
prometendo um ano como
um verdadeiro fiasco.

Sucediam-se as derrotas
logo no Cariocão,
e o Gigante da Colina,
sem força de reação,
parecia um candidato
à Segunda Divisão.

Porém na Copa do Brasil
o Gigante despertou,
e já com o apelido
de trem-bala que ganhou,
agigantou-se e o torneio
cobiçado conquistou.

Foi exatamente contra
seu mais terrível rival
que o técnico Ricardo Gomes
teve o AVC e ficou mal,
e os cruz-maltinos sem
seu treinador principal.

Cristóvão assumiu o cargo
com tamanha eficiência 
parecendo que os atletas
redobraram a resistência
aliando a energia
à soberba competência .

Autor: Gonçalo Ferreira

Reproduzido de www.dia.ig.com.br

Imagem: supervasco.com

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