CORDEL PARAÍBA

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Bem-vindos, peguem carona/Na cadência do cordel,/Cujo dono conhecemos:/Não pertence a coronel./É propriedade do povo:/rico, pobre, velho, novo/deliciam-se deste mel./Rico, pobre, velho, novo/Deliciam-se neste mel.

(Manoel Belisario)



quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Salgueiro define o samba-enredo para 2012

O Salgueiro é a terceira escola do Grupo Especial a definir o samba-enredo para 2012. Depois da maratona que começou na noite de terça-feira só terminou por volta das 5h de ontem, a Vermelha e Branca escolheu a parceria assinada por Marcelo Motta, Tico do Gato, Ribeirinho, Dílson Marimba, Domingos PS e Diego Tavares. O enredo Cordel Branco e Encarnado, dos carnavalescos Renato e Marcia Lage, vai falar do Nordeste a partir da literatura de cordel.

Linda num vestido vermelho, a Rainha Viviane Araújo brilhou à frente dos ritmistas. Apesar de ter recebido a maioria esmagadora dos votos, o samba vencedor não era o preferido da presidente da escola da Tijuca, Regina Celi, nem do mestre da bateria, Marcão, que escolheram a composição de Xande de Pilares, cantor do grupo de pagode Revelação.

O compositor Ribeirinho participou do concurso na escola pela primeira vez, depois de passar oito anos da Beija-Flor, onde faturou a disputa duas vezes. "Essa vitória foi uma surpresa muito grande. Não esperava chegar tão bem assim no Salgueiro. Meu jeito de fazer samba era diferente, porque na Beija-Flor o modo de compor é outro", afirmou ele, que listou as principais qualidades do hino campeão. "É um samba como há muito tempo não se via no Salgueiro. A melodia é linda e os refrões são fortíssimos".

Há nove anos no Salgueiro, Renato Lage exaltou a força do enredo: "É um tema de grande apelo popular. Vamos exaltar a cultura nordestina e a literatura de cordel, que está muito presente na vida das pessoas. O objetivo é fazer uma louvação aos poetas cordelistas com muita poesia".
Amanhã, Portela, São Clemente e Porto da Pedra escolhem seus sambas para o próximo ano.

APRENDA A LETRA

"Sou cabra da peste
Ô, minha ‘fia',
Eu vim de longe pro Salgueiro
Em trovas, errante, guardei
Rainhas e reis e até
Heroico bandoleiro
Na feira vi o meu reinado
Que surgia qual folhetim,
Mais um ‘cadim', vixe maria!
Os 12 do imperador
Que conquistou
O romanceiro popular
Viagem na barca,
A ave encantada
Amor que vence na lenda
Mistério pairando no ar
Cabra macho justiceiro
Virgulino é Lampião!
Salve, Antônio Conselheiro,
O profeta do Sertão
Vá de retro, sai assombração
Volta pra ilusão do Além
No repente do verso
O ‘bicho' perverso
Não pega ninguém
Ô, meu ‘padinho',
Venha me abençoar
Meu santo é forte,
Desse ‘cão' vai me apartar
Quero chegar ao céu
Num sonho divinal...
É carnaval! É carnaval!
Salgueiro, teus trovadores
São poetas da canção
Traz sua Côrte,
É dia de coroação
Não se ‘avexe', não
Salgueiro é amor
Que mora no peito
Com todo respeito,
O rei da folia
Eu sou o cordel
Branco e encarnado
‘Danado' pra versar
Na Academia"

Fontes: one.meiahora.com e www.salgueiro.com.br

2 comentários:

  1. Olá Belizário,
    Muito bacana a divulgação do samba-enredo do Salgueiro. Vamos, que vamos. Deixo aqui uns versos que fiz sobre a temática :

    VOA!!! PAVÃO, VOA!!!!

    O cordel tem dado mostras
    De sua versatilidade
    Navega na internet
    Com a maior tranqüilidade
    Escreve em verso o jornal
    Cultura imaterial
    É tema da atualidade.

    Chegando à modernidade,
    O cordel virou “global”
    Vem de muitos idos tempos,
    Na TV é cabedal.
    Está presente na tela:
    Acompanhe a novela.
    Lá tem papel virtual.

    Ouvimos muito falar
    De um pavão encantado
    De um pássaro formoso,
    Em um reino afastado
    Repleto de peripécia
    “Que levantou vôo da Grécia”
    De amor acalantado

    Foi num antigo reinado
    Nos tempos da oralidade
    Onde havia uma princesa
    Menina de pouca idade
    O seu pai muito grosseiro
    Trancou-a em cativeiro
    Num reino de falsidade

    Essa história tem versões
    De poeta afamado
    José Camelo de Melo
    É o mais reivindicado
    Pela autoria dos versos
    Por motivos adversos
    Foi por outro aclamado.

    Esse outro poeta foi
    O Melquíades Ferreira
    Que vendeu muito folheto.
    João Camelo, na carreira
    Desgostoso e bem zangado
    Rasgou os versos guardados,
    Que não venderam na feira

    Tá chegando o Carnaval:
    A temática é cordel.
    O Salgueiro homenageia
    Nosso vate menestrel
    O poeta bem atento,
    Acompanha o seguimento
    Observando o plantel

    Agora vem o Salgueiro
    Com o Pavão Misterioso
    Trazendo no seu desfile
    Também Boi Misterioso
    Tem zabumba, tem pandeiro
    E tem velho mandingueiro:
    Carnaval ambicioso

    Pavão Misterioso chega
    Na avenida, vem voando
    Soltando as suas plumas
    A arquibancada gritando:
    Voa, voa meu Pavão
    Hoje é dia do povão
    O Pavão está abafando
    (Rosário Pinto)
    *
    Abra o link e leia mais de 10 edições distintas e, realize suas pesquisas em:
    *
    Disponível em:
    http://www.docvirt.no-ip.com/asp/folclore.asp?bib=cordel&pasta=C0848

    SILVA, João Melquíades Ferreira da. História do pavao misterioso. Ed. Especial. Campina Grande: [s.n.], 1955. 32 p.
    Observe a nota ao final do folheto:
    Esta edição trás uma nota do poeta Abraão Batista acerca da autoria. "Segundo Expedito Sebastião da Silva, poeta gráfico da antiga Editora de José Bernardo. João Melquíades plagiou o Pavão Misterioso, o "original" de José Camelo de Melo. O plágio vendeu melhor do que o original. A gráfica José Bernardo seguiu o gosto popular. José Camelo, desgostoso rasgou o seu original que perdera a concorrência".
    Viste ainda:
    www.ablc.com.b
    www.cnfcp.gov.br
    http://rosarioecordel.blogspot.com
    http://cantinhodadalinha.blogspot.com

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  2. como carioca e apaixonada pelo carnaval do Rio, fiquei feliz em saber desta notícia sobre a escolha do enredo do Salgueiro. Talvez um pouco oportuna, mas não considero este oportunismo uma coisa ruim...
    porém, ao ler o samba-enredo do Salgueiro 2012, não teve como não vir à mente o samba-enredo que foi campeão em 2002 com a minha Mangueira:
    "Vou invadir o Nordeste,
    seu cabra da peste
    sou Mangueira..."
    Sim, os enredos volta e meia se repetem, não em sua totalidade, mas em partes, como no caso Da Mangueira 2002 e o Salgueiro 2012.
    Mas gostarei muitíssimo de ver o cordel e o Nordeste retratados no meu querido Salgueiro! Estarei na Sapucaí em 2012 para conferir mais uma vez!
    Abs!

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