CORDEL PARAÍBA

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Bem-vindos, peguem carona/Na cadência do cordel,/Cujo dono conhecemos:/Não pertence a coronel./É propriedade do povo:/rico, pobre, velho, novo/deliciam-se deste mel./Rico, pobre, velho, novo/Deliciam-se neste mel.

(Manoel Belisario)



terça-feira, 23 de agosto de 2011

CORDEL: SOBRE O ASSASSINATO DA JUÍZA PATRÍCIA ACIOLI

“A JUÍZA QUE FOI ASSASSINADA POR OMISSÃO DA JUSTIÇA BRASILEIRA”

Autor: Manoel Messias Belizario Neto

Peço a justiça divina
Para vir me abençoar,
Trazendo-me inspiração
No que me ponho narrar
Já que a justiça da terra
Estou ciente não há.

Porque, leitor meu, enquanto
Existir corrupção,
Má vontade, indiferença,
Falsidade, omissão
Será o fundo do poço
O futuro da nação.

Leitor amigo confesso
Que estou indignado
Vendo esta situação
A qual chegou nosso Estado
A morte dessa juíza
Deixa o Brasil revoltado.

Patrícia Acioli era
Magistrada destemida.
Honrava o cargo que tinha
Tendo o certo por medida.
Nem que pra isso pusesse
Em risco a própria vida.

Atuava em São Gonçalo
Lá no Rio de Janeiro.
Os bandidos a temiam
Por seu trabalho certeiro
Gente honesta como ela
Atrapalhava o “vespeiro”.

Ali ela magistrava
Contra o crime organizado
Que envolvia a milícia
Crescente à sombra do Estado
Que é corrompido por quem
Devia ser respeitado.

Por agir corretamente
De forma determinada
Para erradicar o crime
Sem se intimidar com nada
A magistrada começa
A se ver ameaçada.

Por isso a juíza envia
À instância competente
Um documento pedindo
Segurança urgentemente,
A mesma foi atendida,
Mas depois foi diferente

Porque em 2007
O injusto tribunal
De justiça suspendeu
A segurança total
Tratando a situação
Como um caso banal.

O injusto tribunal
De justiça só podia
Fingir não saber daquilo
Que todo mundo sabia:
A execução de Patrícia
Logo, logo ocorreria.

Porque as tais ameaças
Todo o mundo conhecia
As notícias pelos sites
Ressoando sinfonia
De uma morte iminente,
Só o tribunal não via?

Porém a prova cabal
(De que o órgão (in)competente)
De que o injusto tribunal
De justiça era ciente
Foram dezenas de ofícios
Entregues anteriormente.

Nos ofícios a juíza
Parecia implorar
Por proteção, mas porém
Mais parecia falar
Sozinha e o tribunal
Fingindo não escutar.

A juíza então andava
De forma desprotegida
Esperando que um dia
Pudesse ser atendida
Pelo injusto tribunal
Que não lhe dava saída.

Até que num certo dia
Ocorreu o esperado
Patricia ao chegar em casa
Teve o carro rodeado
Por um grupo de bandidos
Muito bem municiados.

Foi então covardemente
Que ela foi assassinada
Por omissão da justiça
Que mesmo sendo avisada
Botou a venda no rosto
E preferiu fazer nada.

Isto é um absurdo
Para o nosso país
Como é que pode ser
Bandido matar juiz?
É, ninguém está seguro,
Nesta nação infeliz.

Se até juiz é morto
Como fica o cidadão
Comum que só tem a sorte
E Deus como proteção.
É, ninguém está seguro,
Nesta infeliz nação.

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