CORDEL PARAÍBA

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Bem-vindos, peguem carona/Na cadência do cordel,/Cujo dono conhecemos:/Não pertence a coronel./É propriedade do povo:/rico, pobre, velho, novo/deliciam-se deste mel./Rico, pobre, velho, novo/Deliciam-se neste mel.

(Manoel Belisario)



domingo, 3 de junho de 2012

Entrevista de Francisco Diniz sobre literatura de cordel para Ana Gomes.

Fonte: www.projetocordel.com.br

 

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Ana Gomes, estudante da UFAL(Universidade Federal de Alagoas), curso de Ciências Sociais.
Pesquisa sobre a importância do Cordel na cultura nordestina e o processo de criação dos autores.
e-mail: ana-lu-gomes@hotmail.com
Respostas de Francisco Diniz
João Pessoa, 27 de maio de 2012.


1. Em um mundo globalizado, em que a tecnologia é a cultura dominante, qual a importância da literatura de cordel?
O folheto de feira, a história em versos, o romance ou simplesmente o versinho, como o cordel era conhecido no Nordeste brasileiro da época de Leandro Gomes de Barros(a partir de 1893) até o tempo em que a universidade começou a usá-lo como elemento de suas pesquisas (a partir da década de 1970) com Mark Curran, Joseph M. Luyten, Ariano Suassuna, Átila Almeida, José Alves Sobrinho, Neuma Fechine, dentre outros tantos, o cordel era a própria tecnologia, a tecnologia que levava informação, entretenimento e saber ao povo, que não tinha acesso ao jornal, rádio ou tv. Hoje o cordel se exibe através de vários meios, como a música, o livro, o vídeo documentário, o jornal, a tv, o rádio e a internet para lembrar as pessoas em geral das coisas do povo simples, que precisa se expressar e mostrar um potencial valiosíssimo, que só precisa da percepção de gestores inteligentes e comprometidos com a causa para que ganhemos todas as escolas, teatros, cinemas, a grande mídia... e o gosto das pessoas. Enquanto esse tempo não chega percebemos que há um movimento considerável de autores e professores no Brasil inteiro para mostrar às novas gerações como a literatura de cordel pode ser importante no estímulo à leitura, na facilitação da aprendizagem de determinados conteúdos e até como instrumento de lazer, pois muitos de seus textos, além de narrativos são também motivo de distração.

 
2. Existe incentivo à literatura de Cordel?
Existem leis de incentivo à cultura em muitos municípios e estados do Brasil que abrem espaço também para o cordel, no entanto ainda é muito pouco, tendo em vista a demanda de autores e principalmente considerando-se a importância histórica da poesia popular. Fora isso os autores de cordel se submetem a fazer projetos e enviar a instituições culturais e a pedantes gestores que muitas vezes desconhecem ou não dão importância ao nosso folheto. Por outro lado os cordelistas escrevem seus textos, as vezes editam por conta própria e saem nas feiras, escolas, universidades, rádios, tvs, - e hoje também na internet -, eventos culturais e apresentam a amigos na tentativa de comecializar os seus trabalhos, e assim, contribuem para preservar este nosso patrimônio.
3. Quando começou a escrever?
Em 2000.


4. De onde surge a inspiração?
De várias fontes, a partir de um momento de alegria, de tristeza, de revolta, ao vivenciarmos ou vermos alguma injustiça, mas também na necessidade de atender a um pedido de trabalho num determinado prazo. Mas é imprescindível termos a vontade momentânea de escrever. Quando não sinto vontade, nem sento na bancada.
Francisco Diniz

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