CORDEL PARAÍBA

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Bem-vindos, peguem carona/Na cadência do cordel,/Cujo dono conhecemos:/Não pertence a coronel./É propriedade do povo:/rico, pobre, velho, novo/deliciam-se deste mel./Rico, pobre, velho, novo/Deliciam-se neste mel.

(Manoel Belisario)



segunda-feira, 25 de julho de 2011

Literatura de Cordel: Por que não tornar obrigatória em todos os níveis de Ensino?

Fonte: pt-br.paperblog.com

Por Marciano Dantas

Literatura de Cordel: Por que não tornar obrigatória em todos os níveis de Ensino? - Por Marciano Dantas

A novela da Rede Globo Cordel Encantado, está tentando resgatar uma das mais belas e melhores partes da Literatura, que é a Literatura de Cordel.
A Literatura de Cordel é um tipo de poema popular, originalmente oral, e depois impressa em folhetos rústicos ou outra qualidade de papel, expostos para a venda pendurados em corda ou cordéis. Surgiu em Portugal e foi introduzida no Brasil logo após a chegada dos primeiros portugueses.
Os poemas da Literatura de Cordel são escritos em forma rimada e alguns são ilustrados com xilogravuras. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola.
Antigamente, quando não se tinha, ou mesmo quando a televisão não era um meio de comunicação tão popular, os poemas da Literatura de Cordel eram bastante lidos, pois os mesmos davam mais emoção que as novelas atuais. Sem contar que esse tipo de poema, mostra um pouco da vida das pessoas.
Infelizmente, a televisão, a Internet, dentre outros, estão fazendo com que a Literatura de Cordel seja esquecida, onde se você perguntar a um jovem se ele sabe o nome de algum cordelista, dificilmente responderá, mas se perguntar o que os personagens das novelas fizeram no capitulo anterior, ou tudo o que aconteceu no último Big Brother, com certeza saberá de cor e salteado.
Se a Literatura de Cordel viesse a ser obrigatória em todos os níveis do ensino escolar, incentivaria os nossos alunos a comprarem os poemas populares, além de valorizar muitos desses poetas que são esquecidos pelo Brasil afora.
O poeta de Carnaúba dos Dantas, Francisco Rafael Dantas – França (1935/2011), escreveu o poema “QUEM SOU”, que retrata um pouco do mundo de hoje e diz o seguinte:

Eu sou um certo volume,
Que a natureza gerou,
Perambulando no mundo,
Sem saber pra onde vou,
Sou andante peregrino,
Cumpro as ordens do destino,
Fazendo o que ele ordenou!

Eu sou a destruição,
Das coisas do criador,
Estou poluindo o mundo,
Sem ouvir superior,
Odeio meu semelhante,
Sou educado, ignorante,
Sou amigo e traidor!

Comigo veio o amor,
A vingança e a maldade,
Semeei a ambição,
O orgulho e a vaidade...
Quando cheguei no poder,
Fiz de tudo sem fazer,
Longe da dignidade!

Sou leal sem lealdade,
Sei amar sem ter amor,
Sou justiça sem justiça,
Sou justo e enganador,
Sabido sem consciência,
Sou a paz com violência,
Sou critério sem pudor!

Sou o vírus da desgraça,
Sou orgulho, sou bondade,
Sou aquele pregador,
Que fala em felicidade,
Em amor e união,
Mas dentro do coração,
Só tem ódio e crueldade!

Sou quem contamino o mundo,
Sou matéria enfraquecida,
Sou bonança, sou miséria,
Sou vida matando vida...
Sou puro sem ter pureza,
Sou um nobre sem nobreza,
Sou limpeza poluída!

Sou aquele desalmado,
Que mata pelo prazer,
Sou aquele poderoso,
Brigando pelo poder...
Sou promessa sem cumprir,
Sou alegre sem sorrir,
Faço tudo sem fazer!

Sou marginal assaltante,
Estuprador, desordeiro,
Sou rico sem ter riqueza,
Sou sincero e traiçoeiro.
Sou amável sem amar,
Sou devedor sem pagar,
Só acredito em dinheiro!

Só vejo quem vai na frente,
Não olho quem vem atrás...
Sou gente odiando gente,
Dou pouco e recebo mais;
Bato palma pra quem erra,
Sou um amante da guerra,
E o inimigo da paz!

Sou covarde e traidor,
Sou corrupto e sou ladrão,
Sou criminoso assaltante,
Sem alma e sem coração,
Sou safado e orgulhoso,
Sou bandido e mentiroso,
Sou o rei da criação!

Francisco Rafael Dantas. Carnaúba dos Dantas – RN, 09 de março de 2006.

Infelizmente, o que disse o poeta Francisco Rafael Dantas nesse poema, é a pura realidade do que vemos nos dias de hoje.

Por Professor Marciano Dantas
Natal/RN

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