CORDEL PARAÍBA

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Bem-vindos, peguem carona/Na cadência do cordel,/Cujo dono conhecemos:/Não pertence a coronel./É propriedade do povo:/rico, pobre, velho, novo/deliciam-se deste mel./Rico, pobre, velho, novo/Deliciam-se neste mel.

(Manoel Belisario)



domingo, 18 de abril de 2010

CORDEL; TRIBUTO AO ÍNDIO


Antes de nossa chegada
Como o índio era feliz!
Tinha a mãe natureza
Como suprema matriz
Da qual extraía a seiva
Necessária ao seu matiz.

A mãe natureza era
Ao extremo respeitada
Porque o índio entendia
Que sem ela ele era nada.
Neste tempo, Pindorama,
Realmente foste amada!

Não tinha poluição,
Queimadas, desmatamento.
Não havia inseticida.
Era puro, o alimento.
O globo sorria alegre
Livre do aquecimento.

O índio só extraía,
da natureza, a essência
A qual fosse necessária
À sua sobrevivência.
Tinha então com o meio
Perfeitíssima convivência.

Não tinha capitalismo
Selvagem ou domesticado.
Com união e respeito,
Todo mundo era tratado.
Cada índio tinha o seu
Espaço igual reservado.

Então chega o europeu
Com o "verdadeiro ideal"
De vida e se escandaliza
Diante do Natural.
Fareja a terra do índio
Como alvo principal.

O índio então vai cedendo
Iludido ou obrigado.
Entrega suas riquezas
Entre elas o legado
Cultural que invadido
Se torna fragilizado.

Quando o índio percebe
Deus! Já é tarde demais...
Os que se diziam amigos
Eram inimigos fatais.
Tomariam suas terras
Com covardia voraz.

Um minuto de silêncio,
Peço ao amigo leitor
Pelo massacre expedido
Que causara grito e dor.
Chamamos dizimação,
Esses atos de horror.

Sinto-me envergonhado,
Caro índio, nesse dia.
Sei que nenhuma desculpa
Vai curar a tirania
Praticada contra ti.
Teu sangue não silencia.

Mesmo assim peço perdão
Por todo o mal que te fiz.
Não é certo massacrar.
Dar vazão à cicatriz
Incurável em função
Da construção de um país.

Se for possível perdoe
Esta vã humanidade
Que se destrói dia-a-dia.
Para ela, na verdade,
O dinheiro e não a vida
Tem maior prioridade.

Percorro quinhentos anos
E ao povo índio contemplo
Na certeza de que ele é
 O mais elevado exemplo
De vida a ser perseguido
Pelo mundo em qualquer tempo.
 
Autor: Manoel Messias Belizario Neto
 
Imagem: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/Indio2.jpg

5 comentários:

  1. Minha mãe canta um cordel muito antigo, e eu gostaria de saber se alguém conhece.
    Trata o cordel de tribos que não se deixavam escravizar,ai os colonizadores prenderam os guerreiros mais fortes.(homens e mulheres)
    e o restante da tribo se revoltou e anoite o massacre foi grande
    e o cordel fala mais ou menos assim:


    PRENDERAM OS MAIS VALENTE,COMO BEM FOCE JUPI,
    A GABATÃ IRMÃO DELE E A FORMOSA NANCI
    AS LÁGRIMAS DE MAIS TERNURAS TRAGO NESSE PEITO AQUI...
    NO OUTRO DIA AMANHECEU UMA DESGRAÇA NA PRAÇA....

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  2. Eu gostaria de adquirir o cordel, "aperta misteriosa e os ladraoes de Bagdá" alguém sabe me informar onde comprar?

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