CORDEL PARAÍBA (DESDE 2010): ESPAÇO DESTINADO À PUBLICAÇÃO DE POEMAS, NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES DIVERSAS RELACIONADAS À LITERATURA DE CORDEL (Via celular, acesse o conteúdo completo clicando em "visualizar versão para a web" no final da página.)
CORDEL PARAÍBA
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Bem-vindos, peguem carona/Na cadência do cordel,/Cujo dono conhecemos:/Não pertence a coronel./É propriedade do povo:/rico, pobre, velho, novo/deliciam-se deste mel./Rico, pobre, velho, novo/Deliciam-se neste mel.
A comunidade da Vila Juerana, em Aritaguá,
participa esta semana de uma oficina de literatura de cordel, patrocinada pelo
edital Cultura Livre, da Prefeitura de Ilhéus, por meio da Secretaria Municipal
de Cultura (Secult). A atividade acontece até a próxima sexta-feira (31), na
escola municipal local, entre 9 horas e 11h30.
As aulas são ministradas por Gilton Thomaz e
Franklin Costa, cordelistas de reconhecida produção literária e poetas. A
proposta da oficina é incentivar a criação literária em cordel na região e
apresentar o universo desta linguagem enquanto manifestação artística dotada de
técnicas específicas.
O conteúdo inclui técnicas utilizadas na produção
literária de cordel, estrutura de rimas, métrica, contexto histórico e
possíveis ramificações desta linguagem. “A valorização da cultura popular,
através da divulgação das técnicas da literatura de cordel, também é o foco
deste projeto que conta com o apoio da escola do local”, explica Pedro.
O coordenador da oficina, Pedro Albuquerque, informa que a comunidade
de Vila Juerana foi escolhida por ser um espaço situado numa região com a
confluência de muitos jovens em idade escolar. “Como boa parte das áreas
distantes do centro urbano, poucas referências culturais são ofertadas a esses
jovens. Esta é uma forma de incentivar a leitura e escrita de novos autores
dentro desta cultura popular”, ressaltou.
A Exposição “Literatura de Cordel” já pode ser visitada pelo público das 7h às 16h, de segunda-feira a sexta-feira, no Palácio Primavera, em Serra Negra. A mostra fica aberta até o dia 4 de setembro (terça-feira) e mostra elementos da cultura nordestina através dos chamados varais de cordel. A entrada é gratuita.
A exposição é o resultado do trabalho feito pelos alunos da escola municipal Maestro Fiovarante Lugli e tem apoio da secretaria de Educação e divisão de Cultura da estância hidromineral do Circuito das Águas Paulista.
O visitante tem a chance de ver a criatividade das crianças apresentadas em pequenos folhetos literários pendurados em um cordel, um varal de barbante.
Serviço
Evento – Exposição “Literatura de Cordel” Local – Palácio Primavera Endereço – Avenida 23 de Setembro, 234-398, Núcleo Cecap, Serra Negra-SP Dias – De segunda a sexta-feira até 4 de setembro (terça-feira) Horário – Das 7h às 16h Entrada – Gratuita
Coleção faz uma viagem ao mundo dos cordéis, especialmente ao universo explorado no Conto da Maré, e também as obras do artista e cordelista J. Borges
O conceito criado para a nova temporada foi trazer aos desenhos as texturas produzidas pelas goivas - ferramenta de seção côncavo-convexa utilizada por artesãos - na xilogravura e estabelecer uma interpretação orgânica do cordel.
Em busca de um resultado coeso, foram utilizadas formas de pétalas das flores, elemento levado pela maré, que se estendeu para outras ilustrações, como o barco e a sereia.
Acetatos, seda, jeans e crepes foram os tecidos escolhidos para representar esse universo.
Tecidos naturais são encontrados em peso na temporada, além de peças com shapes oversized, como saia rodada e blusa cropped. Na cartela de cores predominam as combinações de verde com azul, coral e amarelo em diversas tonalidades.
As estampas trazem imagens que vão do floral ao geométrico. A grande aposta é a elegância do comprimento mídi e o acabamento a fio, que permite que as peças fiquem ainda mais leves e casuais.
Peças atemporais com lavagem média e pouco marcadas são as principais técnicas aplicadas na linha de jeanswear.
Nos shapes, opções para todos os gostos e silhuetas - flare, skinny, cigarrete, reta, boot cut e pantacourt. Além dessas bases clássicas, opções mais elaboradas com patches, aplicações e bordados personalizados complementam o mix de produtos da linha.
Para os pés, tênis bordados e as clássicas e desejadas sandálias Iódice vistas em camurça nas cores dourado, jeans, cereja, nude e pérola e cintos complementam as produções.
(Imagem: http://online.fliphtml5.com [não faz parte do texto original])
Descrição do evento
EMENTA
A oficina
se propõe a desenvolver o fazer criativo das crianças com uso de ferramentas
didáticas e lúdicas a partir das conceituações básicas de Movimento Cartonero e
Literatura de Cordel, de modo a estimular as práticas do(a) poeta(isa) e do(a)
editor(a) que há em cada participante.
OBJETIVOS
Apresentar ao público
infantil o Movimento Cartonero e formas de produção de livros e cordéis
neste formato
Despertar nas crianças o
interesse pela leitura e escrita de cordéis
Despertar capacidades
criativas das crianças com práticas literárias e editoriais
Estimular a consciência
ambiental e o reaproveitamento de matérias primas
Estimular o fazer
independente e o consumo consciente
PÚBLICO
ALVO
Crianças
de 7 a 12 anos
CONTEÚDO
Elementos do cordel / Rima,
métrica e oração
Leitura de cordéis seguida
de exercício de identificação das obras: título, au
tor, ilustrador e resumo
(exposição oral)
SOBRE O
FACILITADOR
Alexandre
Morais (Afogados da Ingazeira/PE) é poeta, editor e produtor cultural. Integra
o coletivo Pajeú Cartonero.
Em comemoração ao Dia do
Folclore, a Biblioteca Municipal Clodomir Silva, unidade vinculada à Fundação
Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju), em parceria com o Colégio Estadual
Atheneu Sergipense, promoveu nesta quarta-feira, 22, o Projeto Hora do Cordel.
Nesta edição, o programa foi intitulado ‘Terra Ardente’ e seguiu com o intuito
de estimular os estudantes a se interessarem mais sobre a literatura de cordel.
De acordo com a coordenadora da
biblioteca, Fabiana Bispo, a realização de mais uma edição do programa Hora do
Cordel mostrou, mais uma vez, o fortalecimento com a cultura popular de
Sergipe. “Esta iniciativa buscou valorizar a literatura de cordel em nossa
cidade e também no Estado, e mostrar esse gênero textual como uma fonte de
aprendizado e lazer. Além de ser uma contribuição cultural para a população”.
Durante o evento, a presidente da
Academia Sergipana de Cordel, Izabel Nascimento, deixou uma mensagem reflexiva
sobre a origem e a importância do cordel para a juventude. “Falar para
estudantes é uma das ações que a academia preza, devido o incentivo pela
perpetuação dessa arte que depende de pessoas que se interessam em pesquisar e
produzir. Por isso que é muito importante essa experiência, tanto para os
alunos e como também para os escritores”.
O cordelista de 15 anos, Everton
Silva, que fez a mediação da palestra, contou que a sua paixão por essa
literatura chegou desde cedo. “Eu descobri o cordel desde os 11 anos de idade e
hoje eu tento mostrar para os jovens a importância dessa literatura em
nossas vidas. O cordel que eu mais amo é o ‘Na cabeça que não pensa, tem
racismo todo dia’ - Diga-me quantos zumbis ainda precisaremos e das
dandaras que tempo para lutar neste país, diga-me quais dos brasis a nossa cor
é maioria, o brasil que a gente cria, o brasil da imprensa, da cabeça que não
pensa, tem racismo todo dia”, declamou.
Zézé de Boquim, um dos
cordelistas mais conhecido de Sergipe, parabenizou a iniciativa da realização
do evento e comentou sobre as dificuldades no seu tempo escolar para declamar
um poema popular. “Naquela época não tinha transporte, andávamos cerca de 10 Km
a pé, e hoje tem tudo mais fácil, principalmente os livros. E esses encontros
são importantes para incentivar os estudantes", afirmou.
Cordelteca
A Biblioteca Municipal Clodomir
Silva possui a primeira Cordelteca Municipal do Brasil. Atualmente, seu acervo
é composto de cerca de mil exemplares de livretos para leitura e pesquisa. Além
de folhetos, antologias de Literatura de Cordel, livros teóricos, teses e dissertações
sobre este estilo literário, a ‘Cordelteca João Firmino' dispõe de uma galeria
com informações biográficas de 36 poetas cordelistas sergipanos. Outras
informações sobre a Cordelteca e o Projeto Hora do Cordel podem ser obtidas
pelo telefone: (79) 3179-3742 ou na sede da Biblioteca, localizada na rua Santa
Catarina, n° 314, bairro Siqueira Campos.
O CORDEL EM SALA DE AULA É DESENVOLVIDO HÁ 12 ANOS NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE ENSINO PÚBLICO DE PARNAMIRIM
Neste Dia do Folclore (22), os alunos da Escola Municipal Prof. Edmo Pinheiro Pinto, em Cajupiranga, estão celebrando o encerramento do projeto “Cordel em Sala de Aula”, conduzido pelo membro e sócio-fundador da Academia Norte-riograndense de Literatura de Cordel, professor José Acaci.
Para Ana Lúcia Maciel, titular da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SEMEC), a literatura de cordel é uma expressão muito forte da cultura nordestina, mas seu alcance é ilimitado. “O cordel exalta vivências do cotidiano com um ritmo e uma beleza muito próprios, dentro da diversidade da arte e da literatura brasileira, atraindo alunos para uma experiência literária muito próxima de suas realidades”, disse.
O cordelista José Acaci afirma que, de fato, por meio do projeto “Cordel em Sala de Aula”, os alunos passam a ler, apreciar e produzir cordéis que aproximam a música nordestina e a cultura popular da realidade de cada um deles. “Seu principal objetivo é incentivar o prazer no hábito da leitura”, destacou.
Quando o “Cordel em Sala de Aula” toma o espaço escolar, se amplia a voz, o movimento e os sons nordestinos, seja no violão ou nas rimas, em torno do aprendizado dos alunos. “Eu descobri o cordel, passei a entender melhor o que ele significa e até escrevi o meu próprio”, disse, todo feliz, o aluno João Gabriel, 10 anos, do 5º Ano A.
De fato, as paredes do pátio da Escola Edmo Pinheiro tomaram mais vida com a exposição dos cordéis que os alunos produziram, além da exposição do resultado das oficinas de xilogravura.
“O que fica deste projeto é o aprendizado sobre o universo literário, que alcança não somente os alunos, como aos professores, inclusive a mim, que sou apreciadora da literatura de cordel”, disse a professora Ilberlânia Alves.
O gestor Luciano Leite, da Escola Edmo Pinheiro, parabenizou os alunos pelo envolvimento com o “Cordel na Sala de Aula”. “Hoje ficamos especialmente felizes em ver a produção literária que é fruto desse investimento ao longo do semestre”, disse o gestor.
Para Ailde Carneiro, coordenadora pedagógica da Escola Edmo Pinheiro, o projeto “Cordel em Sala de Aula” impactou positivamente a produção textual, a imaginação e o vocabulário dos alunos participantes. “Tudo isso a partir da beleza trazida pelo universo do cordel”, disse a coordenadora.
E a celebração do “Cordel em Sala de Aula” se fez em versos cheios de ludicidade e força. Teve música? Sempre tem, é um festival de alegria. Teve rima? Ora, se teve! Tudo improvisado, na hora. Os alunos de um lado, o cordelista do outro, contruindo versos espontaneamente. Foi uma animação só.
E teve cordel? Ora, não poderia faltar, a grande estrela. Como nos versos de Maria Clara, do 5º Ano, que encerram o registro dessa celebração: “Vou falar sobre uma arte/ conhecida por cordel/ É cultura nordestina/ É estrofe no papel / Que faz o povo cantar / E o poeta é menestrel!
PROJETO FEZ A LITERATURA DE CORDEL SE TORNAR TRADIÇÃO NAS ESCOLAS DE PARNAMIRIM
“O Professor Acaci /cumpre bem o seu papel / tocando seu violão/ é um grande menestrel/ ele é meu professor/ que me ensina o cordel” (Letícia Gomes, 5º A – Esc. Edmo Pinheiro)
O Cordel em Sala de Aula é desenvolvido há 12 anos nas escolas municipais de ensino público de Parnamirim, sendo conduzido semestralmente pelo professor José Acaci. Devido à grande aceitação da ideia na escola pública, seu criador já foi convidado para apresentá-lo em outros estados do Brasil, onde foi igualmente festejado e reconhecido.
No encerramento do projeto hoje (22), na Escola Edmo Pinheiro, os alunos que tiveram maior destaque foram premiados com o livro “Conselhos para a Juventude”, do professor Acaci. E toda a comunidade escolar ganhou a produção coletiva dos alunos, resultado do projeto na escola.
Cantor e compositor apresenta as novas faixas em duas datas, no Sesc Ginástico
Baiano de Ituaçu,
Moraes Moreira foi buscar nas memórias de infância as melodias e a poesia dos
autofalantes de praça, dos contadores de feira e dos repentistas do interior a
inspiração para seu novo álbum, “Ser Tão”, que o cantor e compositor lança,
quarta e quinta (22 e 23/8), no Sesc Ginástico.
—
Há um tempo fiz esse mergulho no cordel, estudei a métrica, a rima, a contagem
de sílabas. É necessário obedecer tudo, há muita complexidade. Era um estilo
que já existia em minha música, mas era livre. Agora, entrei de cabeça nas
regras, e isso fez evoluir minha poesia. É um retorno à raiz — conta Moraes
Através de sua
literatura de cordel, o artista revisita o Recôncavo , o samba de roda e outras
sonoridades que remetem a suas origens.
—
Esse disco fala até do nascimento do cordel, que tem duas vertentes. Depois de
ser tão livre, quis me prender um pouco às regras do gênero — explica.
Através de sua
literatura de cordel, o artista revisita o Recôncavo , o samba de roda e outras
sonoridades que remetem a suas origens.
—
Esse disco fala até do nascimento do cordel, que tem duas vertentes. Depois de
ser tão livre, quis me prender um pouco às regras do gênero — explica.
Reinvenção é
palavra de ordem no vocabulário dos Novos Baianos. Sempre foi. Desde a década
de 1960 - quando se deu o pontapé inicial nos trabalhos - até o recente retorno
aos palcos, em 2015, que a trupe sacoleja as estruturas artísticas e busca
promover uma abordagem diferente de vida e obra. A aposta, embora complexa, é
também certeira. Não à toa, o grupo deixou um legado até hoje é celebrado por
uma legião de admiradores, dentro e fora do Brasil.
Visando jogar luz
sobre os passos dos integrantes no primeiro período em que estiveram juntos na
banda - uma forma de também documentar as travessias do sexteto formado por
Pepeu Gomes, Baby do Brasil, Dadi Carvalho, Paulinho Boca de Cantor, Luiz
Galvão e Moraes Moreira - foi que este último lançou "A História dos Novos
Baianos e outros versos", publicado pela Editora Língua Geral, do Rio de
Janeiro, em 2007.
Esgotada a primeira
edição, Moraes debruçou-se novamente sobre os escritos que tinha desenvolvido,
porém com outra pegada: no lugar do conteúdo da antiga publicação, uma
narrativa mais fluida e com inovações em cordel.
"Quando se faz
uma sextilha, as rimas são no segundo, quarto e sexto versos. Na minha versão,
eu fiz rimas do primeiro com o quarto, do segundo com o quinto e do terceiro
com o sexto", detalha. "Só pode fazer isso quem conhece como é de verdade
o cordel, porque é uma nova forma de escrita do gênero. Entrei no segmento,
então, não apenas para seguir as regras, mas também para contribuir com alguma
novidade. Esse é meu lema".
Dito e feito:
"A História dos Novos Baianos", em novo volume, atesta a originalidade
de Moraes ao equiparar a inquietude do grupo musical com a singularidade da
criação poética, resultando em um livro leve e que, ao mesmo tempo, revela as
facetas dos caminhos traçados pela turma em ambientes severos de repressão e
censura, demarcados - à época do início da carreira - pela ditadura militar
brasileira.
A obra foi lançada
na última Bienal Internacional do Livro de São Paulo, no estande Cordel e
Repente, idealizado e organizado pela Editora Imeph, a mesma que publica o
livro. Na ocasião, Moraes Moreira, além de autografar os exemplares, realizou
um pocket show com sucessos da banda e de sua carreira solo.
Influência
O motivo do cantor
e compositor se debruçar sobre a linguagem do cordel na obra tem justificativa
familiar. O irmão, Zé Walter, é cordelista e há tempos influencia no modus
operandi artístico de Moraes. "Ele foi meu mestre no cordel. Nas minhas
músicas, já tinha alguns traços, um pouco dessa arte - os versos contados, a
tríplice (métrica, rima e oração) -, mas não tinha um rigor. Depois, comecei
realmente a estudar a temática, aprendendo como era a questão das sílabas
contadas e as rimas no lugar certo, por exemplo, o que me permitiu fazer as
inovações", conta.
Ainda que se apoie
nesses novos parâmetros, o livro não deixa de herdar alguns aspectos do
anterior, como as ilustrações, o que estabelece uma interessante
correspondência entre os dois. Os desenhos são assinados pelo ilustrador e
artista plástico paraibano Romero Cavalcanti, reconhecido internacionalmente,
com trabalhos expostos em bienais na Polônia e Finlândia, por exemplo.
As imagens evocam
uma das artes mais típicas do Nordeste, a xilogravura, de uma forma moderna e
criativa, ora retratando todo o grupo reunido se apresentando em diferentes
cidades - no palco ou na estrada -, ora priorizando o recorte específico de
Moraes - caso da capa, onde o cantor aparece sentado tocando violão. A extensão
do instrumento é uma folha com um lápis, atestando o ofício do artista.
São detalhes assim
que enriquecem o material, aguçando, no leitor mais atento, uma imersão dupla:
tanto no conteúdo dos versos quanto no que expressam as gravuras. Ao mesmo
tempo - retornando ao desenho da capa - fica explícita a intenção de revelar
que é o olhar de Moraes Moreira a prevalecer na obra, ou seja, são suas
percepções sobre o grupo e a forma como vivenciou as experiências que ditam o
rumo da história.
Interesse
Moraes comenta que
o interesse em trazer ao público a trajetória dos Novos Baianos é antiga e
dialoga com um princípio curioso do grupo. "Queria muito trazer essa
história porque a gente vivia contando causos sobre nós mesmos. A meninada, a
juventude, se interessou muito pela vida dos Novos Baianos porque não éramos só
um grupo que cantava. Tínhamos uma filosofia de vida, que dizia o seguinte:
'Quem é Novos Baianos tem que tocar, cantar e morar junto'".
Foi a partir dessa
máxima que o sexteto criou uma espécie de comunidade no Rio de Janeiro, logo
após sair de Salvador para empreender novos rumos de trabalho. Primeiro em um
apartamento, depois no lendário Sítio do Vovô, zona rural do Estado fluminense.
De acordo com o artista, "lá a gente tinha um campinho de futebol, vivia a
nossa vida num tempo em que a ditadura estava em um período muito forte.
Cabeludo, para existir, era preciso saber viver, saber as horas de correr da
Polícia", esmiuça.
"Então, no
Sítio do Vovô, a gente pôde expandir nossa comunidade. Foi quando começaram a
nascer nossos filhos e nós os criamos desse jeito, fazendo música, jogando
bola, fazendo poesia, nesse movimento que nasceu depois do Tropicalismo. A
gente se inspirou muito nesse movimento, embora com a particularidade de viver
ali não só enquanto amigos que tocavam juntos, mas que moravam no mesmo
ambiente também", completa.
Fôlego
Cada um desses
acontecimentos tão emblemáticos na estrada dos "meninos da Bahia"
ganha novo fôlego por meio de 161 estrofes, chanceladas pelo comentário de
Crispiniano Neto - membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel -,
cujas impressões estão presentes nas orelhas do livro; e as palavras do
escritor e poeta José Walter Pires, que assina o texto de apresentação.
Além dos causos da
turma, sobra espaço ainda para a demarcação temporal dos lançamentos dos discos
- com especial atenção para o álbum de estreia, "É ferro na boneca"
(RGE, 1970), ao qual Moraes Moreira dedica uma boa quantidade de estrofes,
dimensionando a produção e recepção do material -; a menção de nomes como João
Gilberto, cujo apoio ao grupo foi definidor do que viria pela frente; e trechos
repletos de nostalgia, como quando o autor brada, em tom de confissão: "Se
Deus me desse, meu povo/A chance do recomeço/Seria esse meu plano:/Faria tudo
de novo./Me vejo, me reconheço/Pra sempre um Novo Baiano".
Nesse movimento,
Moraes Moreira finaliza a conversa em tom animado: "Não pretendo parar de
escrever. Estou em fase de relançamento do livro 'O ABC de Jorge Amado', na
Flipelô (Festa Literária Internacional do Pelourinho) e com mais outros
projetos. Agora, tô nessa atividade: fazendo a minha passagem de cantor para
cantador", brinca.
Os artistas escolhidos para o
Nação Forrozeira e Artistas Nordestinos têm uma forte ligação com Ceilândia e
são bem conhecidos em Samambaia. (Divulgação)
Idealizado pelo forrozeiro Nilson
Freire, o Nação Forrozeira e Artistas Nordestinos leva a distintos públicos de
Ceilândia e Samambaia, as artes do Mamulengo, com Chico Simões, do Repente, com
João Santana e Chico de Assis, da Literatura de Cordel, na autoria de Donzílio
Luiz, da Poesia Matuta, nas vozes de Lilia Diniz, Donzílio Luiz e Valdenor de
Almeida, e da MPB Nordestina, no som do grupo Nordestinos Candangos e do Trio
de Forró do sanfoneiro Marcos Farias, filho de Marinês, a Rainha do Xaxado, e
afilhado de Gonzagão, o Rei do Baião.
A itinerância do projeto passa
pela Casa do Cantador, Praça do Cidadão, Centro de Educação de Jovens e Adultos
e Feira Permanente Central, em Ceilândia, já em Samambaia o Nação Forrozeira e
Artistas Nordestinos chega ao Espaço Imaginário e à Feira Permanente da 202.
Serão seis eventos, no total, com apresentação do cantor Nilson Freire, que
convida ao palco três participações especiais em cada local. A expectativa de
público presente, no geral, é de quatro mil pessoas e o projeto conta com
recursos do Fundo de Apoio à Cultura do DF, para sua realização.
Além das apresentações, o projeto
promove ainda oficina de “Técnicas de Acordeom”, ministrada pelo mestre
sanfoneiro Carlinho do Acordeom na ASFORRÓ, com sede na Feira da Guariroba em
Ceilândia. Oficina de “Poesia Popular Nordestina” para estudantes do EJA do CEF
Boa Esperança na Zona Rural de Ceilândia, com Donzílio Luiz, Chico de Assis e
João Santana. Além de imprimir e distribuir mil exemplares de Livreto de Cordel
sobre “o Forró e o Rei do Baião”, escrito por Donzílio Luiz.
Os artistas escolhidos para o
Nação Forrozeira e Artistas Nordestinos têm uma forte ligação com Ceilândia e
são bem conhecidos em Samambaia. Chico de Assis e João Santana, pratas da Casa
do Cantador, farão shows-aula de Repente, ou seja, passeios através das dezenas
de estilos dessa arte. Os Nordestinos Candangos, com agenda de shows constante
em Ceilândia, mostrarão a força do Nordeste em composições autorais de
musicalidade refinada. Chico Simões, com o Mamulengo Presepada, com sede em
Taguatinga, fará um espetáculo cheio do bom humor nordestino.
Marcos Farias, sanfoneiro filho
de Marinês e afilhado de Luiz Gonzaga, acompanhado da cantora Sabrina Vaz, fará
um show com os sucessos da fase de consolidação do Forró por todo o Brasil.
Marcos Farias viajava com os pais desde os cinco anos. “A gente encarou um
Brasil que não tinha nem estrada asfaltada, levando música para onde o povo
estava. E eu construí minha carreira em cima disso, tanto que minha formação é
também como produtor”, diz Marcos, que já produziu artistas como Zé Ramalho e
Sandra de Sá.
Os poetas Donzílio Luiz, Valdenor
de Almeida e Lilia Diniz se encarregarão de encher de poesia matuta cada
evento. O livreto de Literatura de Cordel sobre a trajetória de Luiz Gonzaga e
o surgimento do Forró, de autoria do mestre Donzílio Luiz, busca popularizar em
fácil e prazerosa leitura este conhecimento histórico tão significativo.
Curador e idealizador do projeto,
Nilson Freire marcou a cena musical brasiliense à frente do programa Forró
Mania, da Rádio Atlântica. Em parceria com Frank Aguiar compôs o tema da novela
Amor e Ódio, do SBT, e tem composições suas gravadas por Cuscuz com Leite e
Asas do Forró.
Segunda-feira, 20 de agosto, a partir das 20h, no Centro de Ensino
Fundamental Boa Esperança, localizado na DF 190, Zona Rural de Ceilândia
Chico de Assis e João Santana; e
Nilson Freire
Apresentação: Lilia Diniz
Sábado, 02 de setembro, a partir das 11h40, na Feira Central de
Ceilândia
Chico de Assis e João Santana;
Sabrina Vaz e Marcos Farias; e Nilson Freire
Apresentação: Valdenor de Almeida
Sábado, 14 de setembro, a partir das 20h, na Casa do Cantador, na QNN
32, Área Especial, Ceilândia
Chico de Assis e João Santana;
Nordestinos Candangos; e Nilson Freire
Apresentação: Valdenor de Almeida
Sábado, 15 de setembro, a partir das 18h, na Praça do Cidadão de
Ceilândia, Localizada na Entre Quadra 18/20 da Ceilândia Norte
Em comemoração ao Dia do Folclore, celebrado em 22 de agosto, a Biblioteca Pública e o Museu Municipal de Varginha realizam a exposição “O Imaginário do Cordel”. A mostra começa na terça (21/08) e prossegue até sexta-feira (24/08) com dezenas de obras da Literatura de Cordel. A curadoria é da professora de Artes, Eliana Coimbra. Além da mostra, acontecerão na quarta-feira (22/08), duas apresentações voltadas para alunos de escolas públicas. Elas serão executadas por professores do Conservatório de Música de Varginha, uma às 8h30 e a outra às 13h30.
O nome “Cordel” foi dado por causa da forma que os livros (ou folhetos) eram comercializados antigamente – pendurados em cordas ou barbantes. É uma linguagem literária caracterizada por narrar uma história em forma de poesia e de rimas. O Cordel tornou-se uma vertente popular muito forte no nordeste do Brasil, onde as histórias e lendas do sertão foram imortalizadas, junto com os costumes e a cultura da região.
A exposição marca também as celebrações pelos 100 anos de falecimento do poeta Leandro Gomes de Barros, considerado um dos patronos da literatura de cordel, tendo escrito, aproximadamente, 240 obras. O Cordel está em processo de registro como Patrimônio Imaterial Brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
A Biblioteca Pública está instalada no mesmo prédio onde funciona o Museu Municipal, na Praça Governador Benedito Valadares, 141 - Centro (logo abaixo da Igreja Matriz).
A literatura de cordel pode tornar-se
parte do currículo obrigatório das escolas públicas brasileiras. O pleito, que
tem apoio do Ministério da Cultura (MinC), foi apresentado pela Academia
Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC) ao Ministério da Educação (MEC) nesta
quinta-feira (16).
No encontro, na sede do MEC, em
Brasília, a secretária-executiva do MinC, Claudia Pedrozo, manifestou o apoio
do órgão para que o gênero literário seja apresentado e debatido nas salas de
aula de todo o país. A secretária também anunciou que o MinC fará investimentos
da ordem de R$ 100 mil para digitalização do acervo da ABLC, no Rio de Janeiro,
que tem mais de 15 mil cordéis.
"A literatura lúdica é uma
atividade que vai além da educação. Nós acreditamos que, dentro da sala de aula
ou em atividades fora dela, o ensino do cordel é um reforço importante da
identidade brasileira e de nossa matriz cultural", declara Cláudia
Pedrozo.
Na reunião no Ministério da Educação, a
ABLC formalizou o pedido de inclusão do cordel na grade de ensino aos
secretários executivo, Henrique Sartori Prado, e de Educação Básica do , Kátia
Cristina Stocco. Prado e Stocco reagiram positivamente e informaram que
providenciarão um levantamento sobre a atual presença da literatura de cordel
nas escolas do ensino básico.
Da esquerda para a direita,
Francisco das Chagas, Marcelo Fraga, Maria Félix Fontele,
secretária Cláudia
Pedrozo e Gustavo Dourado (Foto: Ronaldo Caldas/Ascom MinC)
Patrimônio
O pedido da academia acontece em um ano
especial para a literatura de cordel no Brasil. Em 2018, ano em que é lembrado
o centenário da morte de Leandro Gomes de Barros, pai da literatura de cordel e
autor de mil títulos do gênero, o estilo pode se tornar Patrimônio Imaterial do
Brasil.
A intenção da ABLC, que vive a
expectativa de o bem cultural ser registrado pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no próximo mês, é que a inserção do
estilo nas escolas não apenas o divulgue em todo o Brasil, mas também o
preserve como bem protegido.
Também estiveram presentes à reunião desta quinta-feira o diretor da Casa do
Cantador do Distrito Federal, Francisco das Chagas, o pesquisador da ABLC e
presidente da Academia Taguatinguense de Letras, Gustavo Dourado, o repentista
e cordelista da Associação dos Cantadores, Repentistas e Escritores Populares
do Distrito Federal e Entorno (Acrespo), Joel Santana, e a jornalista e
escritora Maria Fontele.
História
As origens do cordel remontam aos
trovadores medievais, cujo estilo foi trazido pelos portugueses ao Brasil na
segunda metade do século XIX. Os folhetos, vendidos nas feiras, tornaram-se a
principal fonte de divertimento e informação para a população. O marco inicial
do gênero é a obra do Leandro Gomes de Barros (1865-1918), homenageado do
Prêmio Culturas Populares 2017, lançado pelo MinC em junho do ano passado.
Em 1893, o paraibano de Pombal publicou
os seus primeiros poemas. Elevado a patrono da Literatura Popular em Verso,
Leandro foi o primeiro a publicar, editar e vender seus poemas – embora não
haja registros da totalidade desse volume, seu legado é de aproximadamente mil
folhetos escritos.
No Brasil, o cordel surgiu na segunda metade do século XIX e expandiu-se da Bahia ao Pará, antes de alcançar outros Estados. Os folhetos, vendidos nas feiras, tornaram-se a principal fonte de divertimento e informação para a população, que via neles o jornal e a enciclopédia, de maneira quase simultânea.
Os temas eram os mais variados: as aventuras de cavalaria, as narrativas de amor e sofrimento, as histórias de animais, as peripécias e diabruras de heróis, os contos maravilhosos e uma infinidade de outros, que nos chegaram pela Literatura oral da Península Ibérica e que a memória popular encarregou-se de preservar e transmitir.
Além disso, o poeta nordestino foi incorporando a esse romanceiro, fatos mais próximos do público, ocorridos em seu ambiente social: façanhas de cangaceiros, acontecimentos políticos, catástrofes, milagres e até mesmo a propaganda, com fins religiosos e comerciais.
As xilogravuras e desenhos que ilustram as capas dos folhetos são uma manifestação da criatividade do artista popular, com suas soluções plásticas sintéticas, em que se destaca o traço forte, de rude e bela expressividade.
O cordel é valorizado como expressão poética de alta significação por escritores do porte de Ariano Suassuna, Carlos Drummond de Andrade, Jorge Amado, Guimarães Rosa, Mario de Andrade, João Cabral de Melo Neto, motivando (e continua a motivar) estudos e pesquisas nas áreas de Antropologia, Folclore, Lingüística, Literatura, História, entre outras.
O Acervo de Literatura Popular em Versos da Fundação Casa de Rui Barbosa, o maior da América Latina, atualmente com mais de 9.000 folhetos de cordel foi formado a partir da década de 1960 e, dessa iniciativa resultou uma extensa bibliografia, composta de catálogos, antologias e estudos especializados. O acervo está disponível para consulta online por meio de suas referências catalográficas, que podem ser consultadas por índices, como o de autor, título, assunto, local de publicação, editora/tipografia, data, gênero literatura de cordel, na base de dados da Biblioteca.
Desse conjunto, cerca de 2.340 folhetos dos autores relacionados em poetas e cantadores estão disponíveis em versão digital, com suas versões originais e variantes. São consideradas “variantes” as edições que trazem alguma alteração do original, sejam pequenas modificações de conteúdo, na capa e contracapa ou outra autoria da mesma história e, portanto, o acróstico na última estrofe diferente.
Os poetas biografados se encontram classificados em dois grupos: poetas pioneiros e poetas da segunda geração. Do primeiro constam os poetas nascidos na segunda metade do século XIX e cujo ingresso na atividade do cordel ocorreu entre 1893 (ano em que se inicia a produção em série de folhetos) e 1930. Ao segundo grupo pertencem os poetas que nasceram no início do século XX e entraram para o universo da literatura de cordel em uma época em que a maior parte dos representantes da primeira geração já havia morrido e a rede de produção e distribuição de folhetos já estava estabelecida.
POETAS PIONEIROS (1900 – 1920/30)
Aos poetas da primeira geração, além da constituição do público e do estabelecimento das formas de produção e distribuição da literatura de cordel, coube também o papel de definir as regras do gênero criando os estilos e temas que a distinguiriam da literatura tradicional oral da qual, por sua vez, a poesia popular impressa teria tomado de empréstimo vários elementos, entre os quais a sua própria forma de transmissão cuja base oral se traduz, principalmente, na estrutura metrificada e rimada que lhe é característica. Foi essa condição de oralidade, de uma literatura feita mais para ser memorizada, cantada e fruída coletivamente do que para ser lida individualmente, que permitiu ao cordel alcançar um público cada vez mais amplo, formado, em sua maioria, por analfabetos e semi-analfabetos.
A geração que começa a ingressar no mundo da produção do cordel a partir da década de 1930 é formada por poetas que cresceram ouvindo as histórias narradas nos folhetos e decidiram reescrevê-las, inserindo-as nos seus próprios contextos. Nesse processo, que pode ser considerado de transição, antigos personagens reaparecem em novas histórias ao mesmo tempo em que inúmeros novos personagens passam a integrar a galeria de tipos da literatura de cordel. Entre esses novos personagens o de maior destaque é Getúlio Vargas que, pelo vasto número de folhetos escritos em torno de sua figura, passou a constituir, no plano da classificação da literatura de cordel, um dos seus ciclos temáticos.
Gênero da literatura que remonta ao século XVI, o cordel insere-se, sobretudo, na cultura popular, como uma extensão natural da oralidade. Elaborado sob o formato de rimas, cada qual com suas inúmeras particulares, o gênero impresso nos folhetos tornou-se, à época, a única forma oficial de comunicação. No Nordeste brasileiro, especialmente, a literatura de cordel sempre teve a sua importância e, apesar das crescentes e visíveis inovações tecnológicas, ainda mantém-se firme. Exemplo recente foi o Espaço Cordel e Repente, que integrou a programação da 25ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, encerrada no último domingo, 12, no Anhembi.
"O espaço é uma cria da Praça do Cordel, da Bienal Internacional do Livro do Ceará, que tem sido, ao longo de várias bienais, um grande sucesso de público e crítica", resume o escritor, editor, cordelista, quadrinista e ilustrador Klévisson Viana. "O público sempre valorizou muito a literatura popular, e as escolas estão redescobrindo esse tesouro cada dia mais. O meio acadêmico e a mídia também têm percebido o valor dessa manifestação literária e, por essa razão, editoras de várias partes do País têm procurado editar textos de literatura de cordel. É importante dizer que milhares de brasileiros aprenderam a ler através dessa literatura", contextualiza.
Natural de Quixeramobim, no Sertão Central cearense, Klévisson é o responsável pela curadoria da Feira do Cordel Brasileiro, que, em sua terceira edição, acontece de hoje a domingo, na Caixa Cultural (Praia de Iracema). Iniciativa da Associação de Escritores, Trovadores e Folheteiros do Estado do Ceará (Aestrofe), o evento irá homenagear as figuras do Rei do Baião Luiz Gonzaga e do paraibano Leandro Gomes de Barros, além de reunir, ao longo dos quatro dias, uma programação de palestras, shows de repentistas e violeiros, recitais e lançamentos literários. O público poderá visitar ainda uma exposição com obras raras e, de quebra, adquirir camisetas e CDs alusivos ao evento.
"Leandro Gomes de Barros é paraibano e autor de inúmeros clássicos dessa literatura. Se fizéssemos uma eleição dos 20 maiores clássicos de todos os tempos, teria de constar nessa lista, no mínimo, cinco obras de Leandro", exalta Klévisson. O autor viveu na segunda metade do século XIX e início do século XX, deixando um legado de quase mil obras publicadas. "Basta lembrar que Macunaíma (de Mário de Andrade) e O Auto da Compadecida (de Ariano Suassuna) foram inspirados na obra de Leandro Gomes de Barros. Esse ano está completando 100 anos de sua morte", explica o curador.
Na parte de palestras, o destaque será o paraibano Bráulio Tavares, que irá discorrer sobre o tema Imagens da Ficção Científica no Cordel. "Bráulio é um dos maiores pensadores da cultura de nosso tempo, um gênio no trato com a palavra", define Klévisson, contando que, além de cordelista e compositor, o convidado é roteirista de cinema e televisão com nome que consta na antologia dos 100 maiores poetas brasileiros de todos os tempos. "É autor - com o repentista Ivanildo Vila Nova - da música de protesto Nordeste Independente e, para acabar de completar, é especialista em cordel e ficção científica", ressalta o curador, que ainda cita o músico Gereba Barreto e o mestre Bule-Bule, este lançando seu livro Orixás em Cordel, como presenças confirmadas.
O mercado consumidor da literatura de cordel, segundo Klévisson, segue confiante. "Muito embora o país esteja passando por uma época politicamente muito delicada e economicamente incerta, o interesse pela cultura não foi interrompido", avalia. Segundo ele, há muita coisa boa sendo publicada, e o número de leitores aumenta a cada ano. "Uma das coisas boas dessa geração de cordelistas da qual faço parte é que nós estamos, cada vez mais, nos capacitando para ministrar palestras, oficinas, recitais, e isto tem ampliado muito nosso mercado de trabalho. Sem contar que nenhum evento cultural atualmente se considera completo, a exemplo do Festival Vida & Arte, se a linguagem do cordel não estiver contemplada", concluiu.
Confira a programação completa:
Quinta-feira, 16
Teatro
14 horas – Solenidade de abertura com mestres do cordel e da cantoria | Apresentação “A Saga de um vaqueiro” - Escola José Antão de Alencar Neto (Pio IX/PI)
15 horas – Aula-espetáculo “Imagens da Ficção Científica no Cordel” com o escritor, compositor e estudioso Braulio Tavares (Rio de Janeiro/RJ)
Café Luiz Gonzaga
16h40min – Lançamento do livro no “Tempo que os bichos estudavam” de Paulo de Tarso, o poeta de Tauá (Fortaleza/CE)
Palco Leandro Gomes de Barros
17 horas – Recital com Raul Poeta (Juazeiro do Norte/CE), Rafael Brito (Fortaleza/CE), Pedro Paulo Paulino (Canindé/CE) e Jota Batista (Canindé/CE)
18 horas – Show interativo de voz e violão “Cante lá que eu toco cá” com o Mestre Gereba Barreto (Salvador/BA)
19 horas – Cantoria com o Mestre Geraldo Amâncio Pereira (Fortaleza/CE) e Guilherme Nobre (Fortaleza/CE).
19h50min – Recital com o mestre Chico Pedrosa (Olinda/PE)
20h20min – Show com o rabequeiro e cordelista Beto Brito e Banda (João Pessoa /PB)
Sexta-feira, 17
Sala de Ensaio
14 horas – Oficina de xilogravura com João Pedro de Juazeiro (Fortaleza/CE) e Francorli (Juazeiro do Norte/CE)
Teatro
15 horas – Mesa “Literatura Popular, na escola, tem lugar” com o pesquisador Arievaldo Viana (Caucaia/CE) e os professores Stélio Torquato (Fortaleza/CE), Paiva Neves (Fortaleza/CE) e Ione Severo (Pombal/PB) – Mediação: Professor Carlos Dantas(Fortaleza/CE)
Café Luiz Gonzaga
16h20min – Lançamento dos livros “Rapunzel em Cordel” e “A onça com o bode” de Sergio Magalhães e Kátia Castelo Branco (CE)
Palco Leandro Gomes de Barros
17 horas – Recital com os poetas Evaristo Geraldo da Silva (Alto Santo/CE), Julie Oliveira (Fortaleza/CE), Lucarocas (Fortaleza/CE), Antônio Marcos Bandeira (Fortaleza/CE) e Ivonete Morais (Fortaleza/CE)
Café Luiz Gonzaga/ Palco Leandro Gomes de Barros
18 horas – Lançamento do livro em cordel “Andei por Aí - Narrativas de uma Médica em Busca da Medicina (2ª edição - revista e ampliada)”, de Paola Tôrres (Fortaleza/CE)
18h20min – Apresentação musical de Paola Tôrres (Fortaleza/CE)
19 horas – Recital com o mestre Chico Pedrosa (Olinda/PE) e Rafael Brito (Fortaleza/CE),
Café Luiz Gonzaga/ Palco Leandro Gomes de Barros
19h30min – Lançamento do livro “Orixás em Cordel”, do Mestre Bule-Bule (Camaçari/BA) e de Klévisson Viana (Fortaleza/CE)
20 horas – “Chulas, Sambas e Licutixos” com o mestre Bule-Bule (Camaçari/BA)
20h30min - Forró com Cutuca a Burra (Fortaleza/CE)
Sábado, 18
Sala de Ensaio
14 horas – Oficina de cordel com Rouxinol do Rinaré (Fortaleza/CE)
Teatro
15 horas – Mesa “Cordel – Memória e Contemporaneidade” com a pesquisadora do IPHAN Rosilene Melo (São Paulo/SP), o cineasta Rosemberg Cariry (Fortaleza/CE), o jornalista Alberto Perdigão (Fortaleza/CE) e o advogado, documentarista e cordelista Valdecy Alves (Senador Pompeu/CE). Mediação: Cordelista Eduardo Macedo (Fortaleza/CE)
Palco Leandro Gomes de Barros
16h40min – Declamação com o ator Aldanísio Paiva
Café Luiz Gonzaga
17 horas – Lançamento do livro “No Tempo da Lamparina” de Arievaldo Viana (Caucaia/CE) com participação especial do multiartista mestre Bule-Bule (Camaçari/BA)
Palco Leandro Gomes de Barros
17h40min – Recital com o garotinho Moisés Marinho (Mossoró – RN)
18 horas – Show e lançamento do CD “Marcus Lucenna, na Corte do Rei Luiz” com Marcus Lucenna (Rio de Janeiro/RJ) – Participação especial de Tarcísio Sardinha (Fortaleza/CE)
Café Luiz Gonzaga/ Palco Leandro Gomes de Barros
19 horas – Lançamento do livro “Poesia em gotas diárias” de autoria de Padre Tula (Edições Karuá)
19h30min – Declamação com o mestre Chico Pedrosa (Olinda/PE)
20 horas – Cantoria com Zé Maria de Fortaleza e Tião Simpatia.
20h40min – Apresentação com o Mestre Bule-Bule e convidados.Domingo, 19
Teatro
14 horas – Mesa “Cordel Brasil-Portugal: o fio que nos conecta” com os pesquisadores Marco Haurélio (São Paulo/SP), Maria Alice Amorim (Recife/PE) e António de Abreu Freire (Portugal). Mediação: Professor Oswald Barroso (Fortaleza/CE)
Café Luiz Gonzaga
16 horas – Lançamento dos cordéis “As histórias das plantas”, “Padagogia do oprimido” de Francisco Paiva Neves (Fortaleza/CE) e do “Amor no tempo de chumbo” por Nando Poeta (Natal/RN)
Palco Leandro Gomes de Barros
16h20min – Canções com Edilson Barros (Fortaleza/ CE)
16h50min – Recital da despedida com Raul Poeta, Evaristo Geraldo da Silva, Rivani Nasário, Leila Freitas, Bule-Bule, Lucarocas e Chico Pedrosa
17h50min – Canções de viola com o mestre Zé Viola (Teresina/ PI)