CORDEL PARAÍBA

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Bem-vindos, peguem carona/Na cadência do cordel,/Cujo dono conhecemos:/Não pertence a coronel./É propriedade do povo:/rico, pobre, velho, novo/deliciam-se deste mel./Rico, pobre, velho, novo/Deliciam-se neste mel.

(Manoel Belisario)



quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Um homem com a vida dedicada à literatura de cordel–Campo Maior–PI

Cordelista desde jovem, o senhor João Vicente conta com muito orgulho os prazeres e até mesmo as dificuldades e perseguições que passou na vida de fazer e vender os livretos de cordel, também conhecidos como “romances”.

          O senhor João Vicente da Silva nasceu no dia 09 de julho do ano de 1926 na cidade de Guarabira, na Paraíba. Conforme ele mesmo conta, ingressou na vida do cordelismo quando ainda era muito jovem, por volta do ano de 1944. O seu primeiro contato com o cordel se deu na feira de Guarabira quando encontrou um senhor vendendo os livretos e resolveu cantar algumas estrofes. Daí em diante seguiu sua vida escrevendo e vendendo cordel.
          No ano de 1949 João Vicente escreveu sua primeira obra. O livreto titulado “O bárbaro crime da Rua Apodi” foi baseado em fato real acontecido naquela época. Conforme descreve o autor, sua obra relatou um crime ocorrido em Natal, Rio Grande do Norte, onde um homem foi assassinado a mando de sua esposa. O crime foi encomendado pela mulher tendo como intermediário um sargento da Polícia Militar daquele estado. O motivo teria uma separação do casal não aceita pela mulher.
           João Vicente relata que a vida de cordelista até parece uma vida de fantasias, mas também já teve seu tempo “negro”. Tempo de perseguição onde muitos desistiram da profissão. “A gente era muito perseguido pela polícia. Aonde a gente chegava a polícia estava perseguindo pedindo dinheiro, se a gente não tinha eles não deixavam a gente trabalhar, se persistisse ia até preso”, lamenta seu João informando que foi uma das vítimas dessa perseguição por muitas vezes e que no ano de 1957 foi preso em Fortaleza, Ceará, porque estava vendendo os livretos e quando a polícia chegou ele não tinha faturado dinheiro para dá aos policiais.
           “Quem trabalhava com “romance” era muito perseguido. Só a partir de 1978, quando houve um encontro em Brasília – DF, que o cordelista passou a ser visto de outra forma”, informou.
Mesmo sem conseguir lembrar quanto folhetos escreveu, João Vicente não esquece de quais foram as sua principais obras. “Pra gente que faz todas elas são importantes. Toda tem o mesmo valor. Mas eu destaco os romances O povo nas trevas, O exemplo da moça que virou cobra, As profecias de Padre Cícero e os sermões de Frei Damião, O sacrifício do povo, mas existe muitas outras também de grande valia para a literatura de cordel”, afirma João Vicente.
             João Vicente chegou à cidade de Campo Maior no ano de 1952 onde se instalou e constituiu família, onde reside até o hoje.
“Quero que você escreva aí:
Só peço aos meus amigo
Que depois que eu morrer
Escrevam sobre o meu túmulo
Para todo mundo ler
João Vicente da Silva
Cantou para vencer, vencer!”

Fonte: Jornal Destak





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